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Animação Brasileira: 100 Filmes Essenciais – Um país animado!

O melhor do nosso cinema de animação reunido no livro Animação Brasileira: 100 Filmes Essenciais

A Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) tem investido no lançamento de livros, reunindo os principais trabalhos da Sétima Arte realizados neste nosso país de dimensões continentais e múltiplos sotaques. Depois de 100 Melhores Filmes Brasileiros, que chegou às livrarias em 2016, e de Documentário Brasileiro: 100 Filmes Essenciais, a associação agora dedica uma publicação inteira para uma técnica que há tempos se faz presente no nosso cinema, mas está vivendo seu momento mais popular só agora. Animação Brasileira: 100 Filmes Essenciais, lançado pelo Grupo Editorial Letramento em parceria com o Canal Brasil, conta com artigos de integrantes da Abraccine e convidados sobre produções tão diversas quanto o nosso povo, tudo organizado pelos críticos Gabriel Carneiro e Paulo Henrique Silva.

Animação Brasileira

Óbvio que, como toda lista, as escolhas dos críticos podem gerar controvérsia. Mas mais que eleger as principais animações produzidas por aqui em várias épocas, o livro tem como principal função trazer o leitor para dentro desse universo mágico que é animar uma história. Além dos textos sobre cada um dos cem eleitos, Animação Brasileira: 100 Filmes Essenciais brinca de ser DVD e vem recheado de extras: textos sobre os filmes Frivolitá, dirigido por Luis Seel e considerado o segundo mais antigo filme de animação brasileiro, O Dragãozinho Manso: Jonjoca, do mestre Humberto Mauro, e Vinil Verde, incursão pelo universo infantil do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho.

E não para por aí! Tem ainda mais vinte textos que traçam um panorama do cinema de animação no país, suas vertentes e seus principais criadores. O gaúcho Otto Guerra, por exemplo, aparece três vezes na lista. Também pudera, já que o animador continua na ativa até hoje, sem perder o humor ácido e a crítica social certeira, como se pode comprovar no seu novo longa, Cidade dos Piratas, apresentado na última edição do Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul. E quem resiste a união de Guerra com o quadrinista Angeli, no divertido e já clássico Wood &Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’roll?

Do gato Virgulino à Turma do Limoeiro

Por falar em quadrinhos, foi um desenhista cearense o responsável por um dos primeiros exemplares da animação brasileira focado em atrair o público para os cinemas. Luiz Sá criou, no final dos anos 30, As Aventuras de Virgulino, um curta-metragem protagonizado por um gato de clara inspiração em outro felino, o Félix, criado pela dupla Otto Messmer e Pat Sullivan. Quase que as novas gerações não chegam a conhecê-lo, já que a maioria dos fotogramas se perdeu e só foi resgatado com o auxílio do documentário Luz Anima Ação, dirigido por Eduardo Calvet, em 2013.

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As Aventuras de Virgulino (1939)

Para quem pensava que a animação brasileira se resumia aos filmes da Turma da Mônica, o livro é uma verdadeira aventura, repleta de descobertas que vão fazer muitos leitores correrem atrás do prejuízo e buscarem outros traços do nosso cinema. Mas é claro que a dentuça mais amada do Brasil também está nas páginas, ricamente ilustradas, diga-se de passagem, de Animação Brasileira: 100 Filmes Essenciais. As Aventuras da Turma da Mônica, lançado em 1982, marca a estreia de Cebolinha, Cascão, Magali e toda a turma do bairro do Limoeiro na tela grande e ocupa a posição de número doze no livro. E ainda tem A Princesa e o Robô, um roteiro e tanto de Mauricio de Sousa, repleto de referências literárias e cinematográficas, é claro.

(Confira o Formiga na Tela sobre Chico Bento: Arvorada !)

Por questões de mercado, e até de cultura, os pequenos cidadãos brasileiros pouco se interessam por animações que falam a sua língua. Não que animação seja só coisa de criança, longe disso. Muitos temas tabus conseguem ser abordados de forma muito mais clara e inteligente no cinema de animação. Mas é de pequeno que se cria o hábito saudável de ver, pensar e apreciar o nosso cinema. Animação Brasileira: 100 Filmes Essenciais pode ser uma boa sugestão de presente de dia das crianças atrasado. Para pais e filhos. Animação em família é bem mais divertido.

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