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Tudo Que Quero – Jornada ao mundo do autismo!

A superação de limites dá o tom em Tudo Que Quero

O novo filme de Ben Lewin (de As Sessões), Tudo Que Quero (Please Stand By), é um gracioso retrato sobre relações familiares (precisamente uma relação entre irmãs) e o transtorno do espectro autista. A protagonista Wendy, vivida aqui pela atriz Dakota Fanning, está sob os cuidados de uma psicóloga chamada Scottie (Toni Collette, de xXx: Reativado), que nutre um carinho maternal pela garota.

Crítica de Tudo Que Quero

Wendy é inteligente e independente até certo ponto, pois ainda depende da cuidadora ou de terceiros para ações triviais, como, por exemplo, atravessar uma rua. Devido ao transtorno, tem uma vida regrada e organizada. Sabe exatamente os afazeres que deve desenvolver ao longo do dia, escovar os dentes, vestir o traje apropriado (a personagem tem cores definidas para usar durante os sete dias da semana), ir ao trabalho, voltar para casa, jantar, escrever histórias de fantasia e assistir ao seu programa de TV favorito, a série clássica de Star Trek.

É exatamente essa paixão por Star Trek que faz Wendy mudar completamente o seu destino. Ao tomar conhecimento de uma competição de escrita promovida pelos estúdios Paramount, ela decide participar, terminando assim um precioso roteiro que havia sido desenvolvido ao longo do tempo. Desencorajada por Scottie, que hesita levá-la à Los Angeles para a entrega do texto, Wendy decide fugir para assim realizar o seu sonho. Com poucos dólares e o cachorro de estimação nos braços, a personagem parte para a aventura.

É interessante notar como Tudo Que Quero pode-se integrar ao subgênero road movie, o famoso filme de estrada, onde personagens empreendem uma viagem literal, simbolizando uma trajetória interna. Wendy se transforma ao longo da jornada, enfrenta desafios e rompe barreiras de seu transtorno (atravessar a rua, por exemplo, é uma das grandes conquistas da personagem). Contudo, não é só a protagonista que se transforma durante o desenrolar da história. Scottie também descobre um pouco mais sobre o autismo. No entanto, é a irmã de Wendy, Audrey (Alice Eve), quem mais aprende ao compreender, acreditar e confiar na irmã autista.

Crítica de Tudo Que Quero

Não evita os clichês, mas o conjunto funciona

A longa jornada para a entrega do roteiro é apenas a base para a construção de uma história sobre duas irmãs e a luta para superar o transtorno autista, como também reatar o amor e a confiança que uma tem pela outra. Infelizmente a história é tomada por diversos clichês deste tipo de trama e a narrativa torna-se, em um muitos momentos, preguiçosa e previsível. Mesmo com esses problemas, a elegante história de Wendy não é tão prejudicada como se pode imaginar.

O elenco primordialmente feminino é a salvação para os problemas encontrados na trama de Tudo Que Quero. Dakota Fanning cria uma frágil e, ao mesmo tempo, imponente e determinada Wendy. Mesmo quando o mundo desaba e os obstáculos aparecem, não se abala pelos imprevistos e os enfrenta, rompendo as barreiras de sua limitação. Collete e Eve, respectivamente, desenvolvem uma tutora-mãe e uma irmã que, aos poucos, aprendem a entender Wendy e acreditar na superação do transtorno autista.

O universo de Star Trek em Tudo Que Quero não é apenas o motor que impulsiona a narrativa, mas o ambiente ficcional escolhido pela protagonista para fugir da realidade e interação social. É onde Wendy se refugia. Planos, em sua maioria fechados, reforçam essa atmosfera e fortalecem a ideia do transtorno autista da personagem. Em suma, o filme é uma elegante aventura que, mesmo com os problemas narrativos, nos sensibiliza diante de uma história de auto-descoberta e do mundo ao redor.

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