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Resident Evil 6: O Capítulo Final – Que faça jus ao nome!

Resident Evil 6: O Capítulo Final vem para encerrar uma saga, mas alguém sentirá sua falta?

Quando Paul W. S. Anderson fez a primeiro filme baseado na franquia de games Resident Evil, em 2002, era uma produção simples com um orçamento generoso de US$ 35 milhões, mas fez um grande sucesso faturando o triplo. O problema é que a partir do terceiro filme da franquia, que não lembra em nada os jogos, a série se tornou qualquer coisa menos uma adaptação dos jogos da Capcom. Quando Anderson voltou à direção do quarto filme, o objetivo era claro: ação descerebrada, com o intuito de transformar Milla Jovovich em estrela de ação e o cineasta mostrar que sabia utilizar tecnologia 3D, mas jogando o roteiro para o espaço. Pois bem, agora a franquia chega ao fim com Resident Evil 6: O Capítulo Final (Resident Evil: The Final Chapter), que espero que realmente seja o último.

O longa mostra a heroína Alice (Milla Jovovich) em um mundo devastado pelo T-Vírus, que transformou todos os humanos em zumbis. A heroína é avisada pelo computador Red Queen (Eva Gabo Anderson) que a organização criadora do vírus, a maldosa Umbrella Corporation, criou um antivírus que pode acabar com a ameaça e que Alice tem menos de 72 horas para encontrá-lo antes que a humanidade seja extinta. Claro…

Resident Evil 6: O Capítulo Final - Tomara mesmo que seja o último.

Resident Evil 6: O Capítulo Final – Tomara mesmo que seja o último.

Como deu para perceber, a trama é idiota, na falta de uma palavra melhor para descrevê-la. Nenhum problema em filmes com tramas bobas, desde que saibam disso e assumam as deficiências do seu texto. Resident Evil 6: O Capítulo Final até assume isso nos dois primeiros atos. O que vale não é desenvolvimento de personagens, motivações e arcos dramáticos, mas a ação. É Alice mostrando que é a badass do momento e que consegue derrotar os zumbis em lutas corpo a corpo, sem medo de ser mordida.

O roteiro – que é assinado por Anderson – funciona mais como uma escaleta de eventos, principalmente quando os heróis invadem o complexo chamado de Colmeia. Nesses momentos, é quase como se fosse um videogame mesmo, pois há os capangas, os monstros medianos, os cachorros zumbis e os monstros terríveis feitos a partir de experiências genéticas. Nesse sentido, o “roteiro” até funciona. Mas quando chega no terceiro ato, o filme fica risível.

Não dá para entender o que o diretor quis fazer no terço final, pois parece que ele queria terminar a franquia dando plot twists – as viradas de roteiro – que eram geniais apenas em sua mente, mas são tão estúpidas e incoerentes que transformam o que estava uma boa diversão B em uma comédia involuntária. As situações e os diálogos, que já eram ruins, pioram ao final do filme. E são detalhes que não batem com a própria mitologia criada pelos filmes. O terceiro ato desse Resident Evil vale por ser uma das coisas mais engraçadas que vi em vida.

Resident Evil 6: O Capítulo Final - Tomara mesmo que seja o último.

Zumbis para tudo quanto é lado!

Péssimo como terror, divertido na ação e uma ótima comédia involuntária

Se Paul W. S. Anderson se mostra incapaz de criar uma história como roteirista, como diretor ele tenta fazer cenas fortes que misturam ação e terror. No primeiro quesito, há momentos de inspiração, porque as sequências de ação são inventivas. O problema é que – se nos filmes anteriores, o diretor fazia planos de luta longos e mais abertos, mostrando que sabe utilizar bem o 3D nesse sentido – neste novo exemplar ele enche essas cenas com cortes rápidos e acelerando os frames. Fica difícil entender o que está acontecendo em alguns momentos, mas, ao menos, sabe utilizar bem o espaço onde acontece a ação.

Já como diretor de terror, Anderson se mostra um bom diretor de ação. Se ocorrer algum susto é por conta do jump scare, porque Anderson não sabe preparar a atmosfera da cena e as coisas são muito previsíveis. Na tentativa de mostrar que o mundo é ameaçador, ele usa a mesma estratégia durante todo o filme: susto e cena de ação a cada vinte minutos. Em alguns momentos funciona, mas acaba cansando o espectador depois de um tempo.

Resident Evil 6: O Capítulo Final - Tomara mesmo que seja o último.

Milla badass!

O que o diretor continua mostrando que sabe utilizar é a tecnologia 3D. Não em função de linguagem, pois exigir isso de alguém tão limitado é ingenuidade, mas sabe aproveitar muito bem a profundidade de campo. A maioria das cenas se desenrola em planos abertos, aumentando a imersão do espectador no cenário, que é muito bem feito. E Anderson usa isso muito bem nas sequências em slow motion, que dão uma identidade ao filme, mas só isso.

Mas e as atuações? Bom, se o roteiro é inexistente, então para que personagens? Não há personagens aqui, há atores dizendo falas e todos são desinteressantes, principalmente Alice. O que carrega é a presença física e o carisma de Milla Jovovich, porque a heroína é chata e unidimensional. O resto do elenco só está ali para bater cartão e não merecem nem a menção, já que estão ali só para carregar armas.

O que mais pode se dizer de Resident Evil 6: O Capítulo Final? Simples: Nada. É um filme idiota de uma série cinematográfica que se alongou mais do que deveria, mostrando-se completamente diferente do material original e cuspindo personagens apenas para afirmar que é Resident Evil. Bom que acabou, já que é uma franquia que não deixará saudades, pelos menos essa versão de Paul W. S. Anderson.

De qualquer forma, nesta safra recente de filmes descartáveis, ainda conseguiu ser melhor que aquele com lobisomens e vampiros e aquele com o Neymar.

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