Home > Cinema > Repleto de clichês adolescentes e humor sem-graça, 13º DISTRITO vale apenas para os fãs de parkour e Paul Walker

Repleto de clichês adolescentes e humor sem-graça, 13º DISTRITO vale apenas para os fãs de parkour e Paul Walker

Os fãs do ator norte-americano Paul Walker têm agora a última chance de assistir a um filme completo estrelado pelo ídolo. Com a estreia no Brasil de 13º Distrito (Camille Delamarre, 2013), remake americano do francês B13 – Banileue (Pierre Morel, 2004), o público brasileiro assiste ao astro da ação juvenil, precocemente falecido em novembro de 2013, fora do ambiente automotivo que o notabilizou, mas ainda assim em ritmo de perder o fôlego. Quem curtiu as franquias Velozes e Furiosos, Busca Implacável e Carga Explosiva, pode até considerar a produção como uma homenagem ao jovem ator, mas o episódio final de V&F , ao qual Walker, infelizmente, não pôde finalizar, deve cumprir esse papel com mais dignidade.

Paul Walker

Paul Walker

13º Distrito conta a história de um bairro da cidade americana de Detroit, acossado pela violência extrema, pelo poder paralelo do tráfico e pela total ausência de poder público. Ambientado em um futuro próximo, enquanto as regiões mais abastadas do munícipio gozam dos privilégios do desenvolvimento e da modernidade, os moradores de Brick Mansions são isolados por muralhas e abandonados a própria sorte na espera de quem os liberte da opressão, nem que seja por meio dos criminosos locais. Contra o poderio cada vez maior dos traficantes, o contraventor Lino (David Belle, que fazia o mesmo papel no original francês) compra briga com polícia e bandidos ao lutar contra as drogas na vizinhança em que nasceu, porém sem abrir mão de sua revolta contra “o sistema”. Ao mesmo tempo, o policial bom moço e superatleta Damiem Collier recebe a missão de associar a Lino para se infiltrar em Brick Mansions e procurar por uma perigosa bomba roubada pela mais poderosa gangue local.

No se engane com a sinopse. Em pouco tempo, a história se revela sem pé nem cabeça e o roteiro mais furado que as roupas das dezenas de figurantes baleados ao longo de 90 minutos. São requisitos básicos muita boa vontade e esforço mental até mesmo para quem é muito fã do estilo. Não tente entender os acontecimentos do filme, pois não se trata de uma produção feita para ser compreendida e digerida, mas sim uma obra sensorial, que busca impactar através de uma série sem fim de clichês adolescentes de todos os tipos. Em ritmo de videogame, cada detalhe vira motivo para pancadaria e fugas alucinantes, mas nenhuma surpresa. Tudo em 13º Distrito já foi visto muitas vezes anteriormente (músicas, personagens, enquadramentos, premissas, romances, sensualidades, porrada – muita porrada), algo às vezes até estratégico pra diretores que buscam cativar o público pelo reconhecimento estético e narrativo, mas que aqui cai na vala-comum da previsibilidade e ausência de senso criativo.

David Belle

David Belle

O longa é a estreia de Delamarre na direção, mas o roteiro conta com a assinatura de Luc Besson, responsável pela produção e roteiro da versão original francesa, dez anos atrás. Como diretor, Besson é famoso pela jovialidade que imprime a seus trabalhos, fazendo tramas densas ganharem ares até singelos, como no belo Joana D’Arc (1999) ou verdadeiramente divertidos, como na ficção-científica de ação O Quinto Elemento (1997). No entanto, Besson também é famoso pela grosseira instabilidade, que o leva a resultados tenebrosos – infelizmente, não raros. B13 também é fraco e previsível, mas traz seu famoso tom jovial e humor de forma muito mais convincente que o filhote norte-americano. O espectro visual, a trilha sonora e as cenas de ação também são muito mais eficientes na filmagem de 2004, que teve uma sequência em 2009.

A grande atração de ambos os filmes, no entanto, é David Belle, ator e esportista francês criador do Le Parkour, o esporte caracterizado pelos saltos e escalação dinâmica de obstáculos urbanos de todos os tamanhos. A técnica vem ganhando fama e adeptos no mundo inteiro, o que poder ser um trunfo importante para 13º Distrito. Belle é um mestre no assunto e seus momentos em cena são impressionantes. Walker, com certeza, suou muito a camisa e abusou dos efeitos especiais para acompanhar o parceiro.  Talvez, o incentivo à prática esportiva pode ser um dos poucos frutos positivos que esse filme pode oferecer a garotada.

Já leu essas?
Resenha de Olympia
Olympia – Como os bons e velhos filmes de ação!
Crítica do filme Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas – Desperdício estético e narrativo!
Segundo trailer de Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas tem seu segundo trailer!
Valerian
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas tem seu primeiro trailer!