Pixels foi comentado no Formiga na Cabine!
Em uma época como a nossa, quando já ficou repetitivo reclamar sobre a avalanche de remakes, reboots e continuações ocupando o espaço de ideias originais no cinema, um filme de grande orçamento que foge desta classificação já ganha alguns pontos. Tudo bem que Pixels se propõe a criar um apelo similar, mas a forma como o faz não deixa de ser um elemento de destaque nesta temporada hollywoodiana. Falando em pontuação, a jogada aqui é atrair uma geração que vibrou com arcades e Ataris em meados da década de 1980, brincando com o visual “quadriculado” que os gráficos daquela época tinham, em uma comédia que pretende dialogar também com uma geração mais nova, através de um ambiente super colorido, cheio de ação e comédia.
Dirigido por Chris Columbus, de Esqueceram de Mim 1 e 2 e os dois primeiros Harry Potter, a partir de um roteiro de Tim Herlihy, roteirista de vários filmes de Adam Sandler, e Timothy Dowling, de Guerra é Guerra, o filme surgiu de um curta de 2010 com o mesmo nome, dirigido por Patrick Jean. Como sua duração é de apenas dois minutos e meio, confira abaixo:
No longa, o vídeo de um campeonato de arcades em 1982 é enviado ao espaço, onde acaba interpretado como declaração de guerra por uma raça alienígena, que manda à Terra construtos que simulam jogos como Pac Man e cia. Cabe aos terráqueos vencer os desafios ou o planeta é destruído, obrigando o presidente dos EUA (Kevin James) a recrutar seu amigo de infância, Sam Brenner (Adam Sandler), segundo lugar no mesmo torneio de 82, para coordenar a estratégia das Forças Armadas. Juntam-se à operação mais um amigo dos dois, o nerd paranoico Ludlow (Josh Gad), e o jogador que venceu Brenner há mais de três décadas, Eddie Plant (Peter Dinklage, mais conhecido por Game of Thrones).
Pixels não tenta fazer algo diferente do que se esperaria de um filme com Adam Sandler, o que não seria necessariamente ruim, não fosse seu texto tão preguiçoso nos momentos em que deveria ser engraçado. Sim, no momento em que Michelle Monaghan entra em cena, já sabemos exatamente qual sua função na trama e como ela terminará, mas o problema não é exatamente a narrativa ser previsível em vários sentidos, mas as tiradas de humor um tanto telegrafadas e fáceis de intuir, acabando com a graça da situação. Vindo de Chris Columbus, já era claro que qualquer ideia irônica seria sacrificada por uma visão mais inocente, mas isso acaba tirando o diferencial que o filme poderia ter.
Mesmo assim, ainda existem coisas que dão certo e proporcionam alguma diversão. Os efeitos especiais funcionam muito bem, com o 3D bem feito dando uma força. As cenas dos ataques dos alienígenas são a razão de ser do filme, criando a ação e rendendo bons momentos que evitam que o espectador se entedie. Ainda que esses trechos valham a pena e que a ideia geral do filme seja realmente interessante, algo se perde pela obviedade apontada no parágrafo anterior. Isso sem contar o fator “trailer”, que também mostrou demais, mantendo o costume inconveniente da indústria.
Se uma tela de cinema ressalta aquilo que Pixels tem de melhor, no final das contas, talvez ele seja mesmo aquele tipo de filme para se ver em casa, onde o conforto e determinada circunstância diminuem o grau de exigência. A não ser, é claro, que a vontade de rever Adam Sandler em uma comédia seja realmente irresistível.