Creio que você, lendo agora este texto, já deve ter assistido aos outros dois filmes da Trilogia O Hobbit. Também já deve ter visto a Saga O Senhor dos Anéis e ter conhecimento, ou pelo menos uma ideia, de toda a origem literária do universo criado pelo britânico J. R. R. Tolkien. Já adianto que sou grande fã do escritor, de tudo que ele criou e estava ansioso para assistir ao desfecho da nova Trilogia nos cinemas , mesmo desapontado com o segundo filme.
O que vi foi basicamente o que o título diz: Batalha! SIM, é grandiosa. SIM, temos milhares de cabeças sendo cortadas. SIM, temos exércitos numerosos. SIM, os combates são bem preparados e coreografados.O problema é que no meio de tanto SIM, infelizmente tem um NÃO que pesa muito, que é: NÃO tem ligação emocional.
Sei que às vezes parece ruim comparar longas em resenhas e críticas, mas nesse caso é impossível não o fazer. Na trilogia O Senhor dos Anéis, tínhamos batalhas pequenas e enormes, e a maioria delas trazia uma carga emocional muito forte. Ficamos tensos na pré-batalha, boquiabertos com o exército dos Uruk-Hai se aproximando do Abismo de Helm e lembro-me muito bem que vibrei quando vi o Rei Theoden gritar “MORTE” nos Campos de Pelennor. Em nenhum desses eventos tivemos a quantidade de guerreiros e efeitos especiais que esta última parte da Saga O Hobbit apresenta. Em A Batalha dos Cinco Exércitos (o mais justo seria “Quatro Exércitos” porque no caso, a quinta facção é simplesmente um outro front de Orcs e não Wargs como no livro) temos um filme com 70%, senão mais, de seu tempo em combates pelos quais você acaba não criando a ligação emocional necessária.
O filme não reproduz a catarse da Batalha, e tratando-se de um que tem basicamente só isso, não gerar o momento catártico é o pior erro. Além disso, os combates em sua maioria são filmados de maneira até genérica, e em determinado momento da ação nos damos conta que o exército dos Elfos simplesmente sumiu, a geografia do local não condiz com o avanço dos Exércitos e a progressão da Batalha não é feita de maneira crescente, sendo apenas uma sucessão de espadadas e machadadas com nenhuma grande pontuação ou ápice. Coisas como essas deixam claro o seguinte: a Batalha não foi pensada com o esmero que merecia. Ou isso, ou a sala de edição mandou o corte errado para a distribuidora.
É certo que, essa história poderia ter sido contada em dois filmes no máximo. Sem falar no próprio desenvolvimento dos personagens, que muitas vezes são levados a lugares e situações desnecessárias para a trama. Tem também a importante constatação que 60 anos mais tarde irão enfrentar efetivamente o problema do Anel. Mas espera! Essa trilogia O Hobbit deixa claro que Sauron não foi destruído, pra nós e para os personagens! Eles esqueceram desse “detalhe” por 60 anos?! Ficaram vivendo tranquilamente esse tempo todo, mesmo sabendo que um dos grandes inimigos da Terra Média estava recuperando suas forças? Realmente deixaram isso por conta de Saruman e nunca ninguém perguntou qual foi a resolução disso? Enfim, acho que poderiam deixar somente a citação ao Necromante. Não era preciso deixar claro, de uma maneira for dummies, que ele era o Sauron. Além disso, personagens são esquecidos no meio do longa, outros têm sua participação minimizada em prol das enormes sequências de ação e outros aparecem até demais sem precisar, como por exemplo Bard e Tauriel.
Passado tudo isso, pensei que o final – que obviamente faria uma ligação com O Senhor dos Anéis – iria me trazer aquele sorriso nostálgico. Infelizmente, ele é pouquíssimo inspirador e nada emocionante. O começo da primeira parte, Uma Jornada Inesperada, é muito mais tocante que o final deste último. Fizeram da maneira mais previsível e sem graça possível. Enquanto O Retorno do Rei têm muitos finais, esse teve apenas um e feito meio que às pressas, e isso depois de três filmes.
Antes que pensem que eu odiei o filme, esclareço que não. Mas como ele faz parte de um Universo que eu adoro, queria um pouco mais de substância. A obra tem sim suas qualidades. Uma delas é a figura do Thorin, que possui um arco muito interessante, que considerei até melhor que o descrito no livro, e uma finalização digna. Sem falar que o ator Richard Armitage dá um show de interpretação na pele do personagem. Também posso citar o maravilhoso trabalho de efeitos especiais realizado por Richard Taylor e sua companhia, a Weta Workshop. Temos novos trolls, novos orcs, novas armaduras, novas armas e tudo isso está lindo de se ver! Tão lindo que dá pena da carteira dos fanáticos por action figures!
O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos é uma conclusão básica, sem surpresas, que fechou a trilogia de maneira não muito memorável. Podemos até dizer que esse é um problema que vem desde o livro, que é muito menos denso que O Senhor dos Anéis, mas poderia ter sido encerrado com um pouco mais de carinho.
P.S.: Para os amantes de vídeo-game, Legolas faz coisas tão exageradas que são praticamente homenagens a Kratos (God of War) e Nathan Drake (Uncharted). Talvez até outros personagens dos games. Sacou mais alguma? Coloque aí nos comentários!
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