É raro, atualmente, ver um filme nacional com grandes nomes no elenco que desperte um verdadeiro sentimento de carinho em quem o assiste. Bom, este é o caso de O Duelo. O filme é um agrado aos olhos e ouvidos, indo na direção contrária da maioria dos títulos brasileiros, que às vezes parecem ignorar que existem novos gêneros a explorar.
Baseando-se na obra Os Velhos Marinheiros, de Jorge Amado, atualmente conhecida como o Capitão de Longo Curso, publicada em 1961, a trama do longa acompanha Vasco Moscoso de Aragão, o capitão que dá título ao romance do escritor baiano, quando o personagem chega à cidadezinha litorânea de Periperi, na Bahia. Logo o homem do mar se torna famoso na cidade, contando para todos os seus feitos heroicos ao redor do mundo! Vasco passa a ser a grande atração do local, mas tudo pode mudar quando passa a ser antagonizado por Chico Pacheco, fiscal aposentado e até então cidadão mais ilustre daquelas bandas. Pacheco faz de tudo para desmentir o honroso passado de Vasco, dando início ao tal duelo!
Protagonizado pelo português Joaquim de Almeida e o já falecido José Wilker (este é seu último filme a ser lançado), O Duelo abraça o espectador com a mesma aura de romance e calmaria que as histórias do Capitão Vasco envolvem os moradores de Periperi. Para dar vida aos personagens que recheiam as passadas peripécias do Capitão de Longo-Curso, o elenco também conta com nomes como Marcio Garcia, Patricia Pillar, Tainá Müller e Claudia Raia.
Com roteiro e direção de Marcos Jorge, responsável pelo bem-sucedido Estômago, o cineasta adapta com calma a obra de Jorge Amado. Sempre pensando além, o roteiro torna cada diálogo de seus personagens mais e mais interessantes ao público, que se mantém preso às suas histórias. Por trás das câmeras também está Walkiria Barbosa, produtora do filme e que passou os últimos dez anos em negociações com a Warner para trazer os direitos de produção do filme de volta para terras verdes e amarelas. Co-produtora do filme, a Warner havia adquirido os direitos sobre o livro de Jorge Amado logo após sua publicação, mais de 50 anos atrás.
Ao todo, o filme é uma grande surpresa! Não apenas por ser baseado na obra de um dos maiores autores de nosso país, mas por ter sido tratado com respeito por seus idealizadores. A produção foge das costumeiras garras que infectam o cinema nacional, com comédias baratas e outros títulos de gosto duvidoso. Divertido e cativante, O Duelo é um filme onde a verdade, como este mesmo diz, é apenas um detalhe. E você, de que lado vai ficar?
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