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Meu Malvado Favorito 3 – Nada de novo no front!

Meu Malvado Favorito 3 é simpático, mas não evita a repetição 

Em 2010, o novo estúdio de animação Illumination lança seu primeiro longa metragem, o simpático Meu Malvado Favorito. A história do então vilão Gru (Steve Carell) com seus ajudantes – os famosos minions – cuidando de três órfãs conquistou boa parte do público e crítica. Pois bem, parece que o próprio estúdio não entendeu direito esse sucesso e perdeu o controle sobre o seu produto. Chegou ao ponto dos minions, cuja graça era pontual, terem um longa só para eles. Agora, Meu Malvado Favorito 3 (Despicable Me 3) continua a “saga” do ex-vilão. O resultado final não chega a ser ruim, mas é um filme que se esquece pouco tempo depois de assisti-lo.

(Curte animação? Leia também as críticas de O Poderoso Chefinho e Minha Vida de Abobrinha)

Crítica de Meu Malvado Favorito 3

Meu Malvado Favorito 3

Casado com Lucia (Kristen Wiig), Gru trabalha com a esposa em uma agência para prender vilões, mas ambos são demitidos por deixarem o supervilão Balthazar Bratt (Trey Parker) roubar uma preciosa joia. Ao chegarem em casa, são notificados que o pai de Gru morreu e que ele tem um irmão gêmeo chamado Dru (também dublado por Carell). Ambos decidem conhecer o parente e descobrir o legado da família.

O que me chama a atenção nos filmes dessa franquia – não vi o segundo por falta de interesse – é que os personagens não evoluem. Não há um desenvolvimento do A para o B e do B para o C, ficando na mesma nestes dois filmes. Exemplo: o protagonista tem o mesmo conflito em ambos: tem um coração bom, mas gosta de fazer coisas de vilões e tenta se descobrir como responsável. As três órfãs então são âncoras que ficam no mesmo tom o tempo inteiro: a mais velha é a mais madura e quer ser tratada como adulta, a do meio é a traquinas e a mais nova é a inocente, que continua dizendo como unicórnios são fofinhos. Ou seja, só temos piadas repetidas.

Crítica de Meu Malvado Favorito 3

Os novos personagens – já que o filme não se interessa em desenvolver os antigos – funcionam, principalmente Brett. Mesmo tendo um núcleo sem criatividade (Uma antiga celebridade frustrada com Hollywood… Original, não?), o vilão tem as melhores piadas do filme. Como seu visual é todo baseado na década de 1980, faz boas referências à época. Seu primeiro assalto é ao som de Bad de Michael Jackson e como a sua arma é um teclado, as notas que saem dele pertencem ao refrão de Jump do Van Halen. É um personagem que, apesar de raso, tem seus momentos. Já o gêmeo Dru fica no meio termo. Algumas piadas funcionam por conta de ser desastrado, mas as que dependem de seu jeito muito afetado são caricatas. Ele é um elemento que agrega muito pouco ao filme, junto com o seu mordomo, cujo único propósito é ser vítima da menina travessa da família.

Foco: uma coisa de cada vez!

Além desses sérios problemas de desenvolvimento, Meu Malvado Favorito 3 sofre com seus excessivos núcleos durante sua projeção. No total, são seis que tentam desenvolver-se: como prender Brett; o relacionamento entre Lúcia e Gru; o amor fraternal e o legado da família; Lucia se aproximando de Margô, a mais velha; Agnes, a mais nova, crescendo e descobrindo sobre os unicórnios; e, por último, como os minions estão tristes sem o seu amo. Todos eles se seguem ao mesmo tempo e as suas conclusões são rasas, obvias ou apenas bobas. No fim, parece que foi um roteiro escrito às pressas.

Se em conteúdo o longa falha pela artificialidade, na forma ele é interessante. O ritmo é bom e ágil, passando bem rápido, a trilha sonora é muito boa e a direção de arte é excelente. Todos os designs, tanto de cenários quanto de personagens, são muito bem cuidados e criativos. Vão desde as armas e naves utilizadas por Gru à mansão em que Dru mora. A animação é até atrativa, apesar de momentos onde a ação se mostra um pouco limitada.

Crítica de Meu Malvado Favorito 3

Como a cópia mostrada para a imprensa foi dublada, não sabemos como foi o resultado do trabalho do elenco original. O que posso falar é que a brasileira não está ruim. Os comediantes Leandro Hassum e Maria Clara Gueiros continuam respectivamente como Gru e Lúcia, ambos mostrando bom timing cômico. Se Carell fez Dru na versão original, Hassum também interpreta o gêmeo. O resultado final é satisfatório. Mas nesse casting nacional, a escalação de Evandro Mesquita como Brett é questionável. Não é por falta de timing ou carisma, mas por simplesmente não bater com um personagem caracterizado como alguém da década de 80, além de seu sotaque carioca pesadíssimo. É o único ponto fraco da versão em português, mas acredito que seja mais culpa de quem o contratou do que do próprio Mesquita.

Isso é tudo que dá para falar de Meu Malvado Favorito 3. É uma boa diversão para a criançada, mas parece que já perdeu todo o material que tinha no original. Agora é esperar que a Illumination saiba administrar melhor o seu produto.

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