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John Wick: Um Novo Dia para Matar – Ação besta que todos adoramos!

Deu certo na primeira, então temos John Wick 2

Pois bem, Keanu Reeves finalmente abraçou sua idade madura e decidiu começar a formar o seu currículo para participar da próxima reunião de heróis de ação do Stallone, em Os Mercenários (cuja terceira aventura teve crítica publicada). Com John Wick: Um Novo Dia para Matar (John Wick: Chapter 2), ou simplesmente John Wick 2, o ator retorna ao personagem do sucesso comercial de 2014, que saiu por aqui com o título genérico De Volta ao Jogo. Surpreendentemente, o filme não é uma tranqueira generalizada como o primeiro – ao contrário, parece que o diretor Chad Stahelski – mais seguro na direção – decidiu abraçar de vez a cafonice do personagem e da história, tornando tudo mais divertido.

(Aliás, John Wick anda tão na moda que até já foi para os quadrinhos e o filme novo ganhou um pôster assinado por Denys Cowan e Bill Sienkiewicz)

John Wick 2 - Um Novo Dia Para Matar

John Wick: Um Novo Dia Para Matar

Porque, afinal de contas, não dá para levar muito a sério a história de um sujeito em busca de vingança por conta de um carro e um filhote de cachorro (embora esse colunista tenha que admitir que, se alguém fizesse mal aos seus bebês peludos, iria até os portões do inferno para se vingar). O fato é que o primeiro filme tinha um problema de idiossincrasia que, no geral, o prejudicava bastante – era um filme que não era para ser levado a sério, mas se levava a sério demais.

John Wick 2 não sofre desse problema. No início do filme, nós temos uma sequência que falsamente nos desperta a sensação de que veremos mais do mesmo – com direito a usar um ator incrível como Peter Stomare apenas para encher linguiça. Esses primeiros 15 minutos reforçam um pouco do tique cafona do primeiro filme – ficar repetindo o nome do protagonista inúmeras vezes, em um diálogo que só existe para reforçar o quanto o sujeito é implacável, sangue frio, etc.

John Wick 2 - Um Novo Dia Para Matar

Felizmente, essa introdução torna-se apenas uma ponte entre o primeiro filme e o segundo. Uma decisão prudente, se levarmos em conta que, apesar de ter sido um sucesso comercial, o primeiro filme não teve uma grande abrangência, e passou despercebido para muitos. Dessa forma, encerrada a ponte e a introdução, nós temos o desenvolvimento da nova trama. E a escalada é rápida. Muito rápida.

Em pouco tempo, nós temos Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio), batendo na porta de Wick para cobrar uma velha dívida. Wick recusa, dizendo que quer curtir a aposentadoria e a fossa pós-morte da esposa. E daí para frente, não precisa ser muito esperto para saber o que vai acontecer: duas horas do mais puro creme de desgraça, sanguinolência e coreografias de mortes.

É claro que ninguém se importa com o fato de um filme desses ser absolutamente previsível. Quem disser que quer se surpreender, ou é ingênuo, ou já foi assistir o filme de má-fé. John Wick 2, é um filme única e exclusivamente de gênero – ele promete ação, ele entrega ação. O roteiro de de Derek Kolstad é raso, e muitas vezes não faz o menor sentido. E isso não importa nem um pouco.

John Wick 2 - Um Novo Dia Para Matar

O barato aqui, como em todos os filmes de heróis de ação clássicos – que parecem, aos poucos, reencontrar seu espaço na tela – o barato é ver alguém – que até parece com você – fazer coisas que você e sua pança de Fandangos jamais conseguiriam. Não bastasse as habilidades absurdas – na acepção pura da palavra – do personagem, ele ainda conta com um arsenal ridiculamente útil de armas e utensílios – que incluem um belíssimo terno italiano à prova de balas. Não se pode fugir das máfias do mundo vestido como um plebeu, certo?

Aí temos o que faz valer a pena pagar o ingresso – a ação em si. Tudo é muito bem coreografado e, apesar de ser tudo absolutamente impossível de acontecer na prática, as lutas encontram um equilíbrio interessante ao ancorar a ficção na realidade, usando técnicas de luta claramente reconhecíveis, como jiu-jitsu, judô e karatê, como todo o absurdo das armas e das centenas de inimigos concomitantes. Não importa que Wick leve um tiro no fígado e continue de pé como se ele tivesse torcido o tornozelo – o importante é ele de fato continuar de pé, para bater mais.

Visual e ação bacanas

Afora isso, o visual também é muito bonito. Stahelski segue um dos princípios básicos das continuações preguiçosas – agora que a primeira aventura nos EUA acabou, vamos levar a história à Europa para, você sabe, dar um toque de classe. E os visuais são muito bem aproveitados – os takes na Cidade Eterna são todos visualmente muito bonitos, com cenários internos condizendo com a estética dos personagens envolvidos. Já de volta em NY, a sequência de encerramento aproveita maravilhosamente bem os ambientes cosmopolitas para valorizar a estética da ação que ocorre ali. Muito melhor que a do primeiro, diga-se de passagem.

John Wick 2 - Um Novo Dia Para Matar

Como nota antes de encerrar, Laurence Fishburne reencontra Keanu Reeves após quase 20 anos de Matrix. O personagem dele até tem sua relevância – e a extravagância dele até valem um riso. Mas o grande barato é o diálogo entre ambos no momento do reencontro – uma certa ambivalência que nos leva que vale outro riso; ou, no caso de fãs babões, talvez até certas teorias que liguem um filme ao outro (por favor, não façam isso).

Dessa forma, John Wick 2 é aquela ação besta para quando nós precisamos de ação besta. E nós precisamos. Nem todo filme é feito para provocar grandes reflexões. Às vezes, é só entretenimento, e John Wick é muito bom como um representante dessa categoria e vai muito bem com um baldão de pipoca atolado de manteiga.

E não precisa se preocupar com a manteiga toda, amigo leitor. Não é como se um dia você fosse conseguir fazer o que ele faz. Do jeito que estamos, nunca vamos nem vestir um terno italiano…

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