Não é de hoje que games de sucesso encontram seu caminho para as telonas. Com adaptações precárias e ofensivas, o maquinário milionário da indústria do cinema talvez esteja aprendendo com seus fracassos… (claro, claro). Filmes derivados de games costumam mirar em um público geral, sem olhar para os fãs de determinada franquia, sendo este o seu principal erro. Em meio a um histórico tão vexaminoso, chega aos cinemas Hitman: Agente 47, novo filme da aclamada franquia já vitimada pelo cinema há alguns anos. Será que finalmente esta mídia está sendo tratada com o respeito merecido? Vamos descobrir.
Na trama acompanhamos a misteriosa Katya Van Dees (Hannah Ware) na busca incessante pelo paradeiro de seu pai, o responsável pela criação dos chamados Agentes; assassinos geneticamente modificados. Em seu caminho, Katya se depara com o matador número 47 (Rupert Friend) e com John Smith (Zachary Quinto). A garota então tem que decidir em quem confiar, e rápido, para permanecer viva e assim desvendar os mistérios de seu passado. Simples, porém densa a princípio, a trama pega emprestado elementos da própria franquia Hitman, alguns vindos direto de Hitman: Absolution (2012) e os mescla com elementos descarados de O Exterminador do Futuro, no melhor estilo “Come with me if you want to live”.
Dirigido por Aleksander Bach, o filme – como já dito antes – tenta dar peso à sua história deixando a dúvida se o personagem título é herói ou vilão, mas não se engane. O novo Hitman cai na mesma armadilha que o seu predecessor, estrelado por Timothy Olyphant. Skip Woods, roteirista da versão cinematográfica de 2007 é o mesmo a assinar a trama deste filme. Porém, ao invés de estudar seus próprios erros e acertos e se esforçar em melhorar, acaba entregando mais do mesmo. Woods deixa a peteca cair ao transformar o protagonista em um personagem muito expressivo, falante e em alguns momentos até canastrão. Para quem é fã da série sabe que 47 é de falar pouco e seu olhar é sempre frio, já que em teoria ele não possui sentimentos pelo próximo. O homem sem nome da Trilogia dos Dólares de Sergio Leone e Mad Max são excelentes exemplos de protagonistas caladões e pouco expressivos, que sabem levar uma trama muito melhor que as versões tagarelas de 47.
Com medo de ousar e – talvez – se aprofundar devidamente no material original, ou até mesmo criar algo novo, Hitman: Agente 47 acaba mediado por cenas de ação fatiadas e mais digitais que o necessário. Não seria pecado tomar emprestado alguns elementos vindos direto de Matrix e das obras de Quentin Tarantino que, se abraçados devidamente, poderiam tornar o filme algo muito mais estilizado e interessante, mas não é o que acontece. O diretor segura as rédeas, assim os planos de câmeras promissores e a música no estilo dos games da série voltam ao básico, com câmera lenta e o tema pesado composto por Marco Beltrami.
Mesmo tão esquecível quanto o filme de 2007, este Hitman não abandonará sua mente tão rapidamente. Não, não pretendo exaltar algo incrível ou único que tenha sido mostrado em tela. O filme deixa o público gamer ainda mais cético em algum dia ver uma adaptação decente de seus jogos favoritos na telona. Não é preciso citar os nomes de péssimos filmes baseados em videogames aqui. Mas e quanto aos que estão por vir? Bom, se os projetos de Metal Gear Solid, Uncharted e o novo Tomb Raider se concretizarem, virando filmes tão desonestos quanto tem sido toda e qualquer adaptação de um videogame para o cinema, não fique chateado. Você sempre pode voltar às raízes! Afinal, quem não curte uma boa e velha jogatina depois de um filme ruim?