O vencedor do Prêmio do Grande Júri e Audiência do Festival de cinema de Sundance (a mais importante premiação americana de cinema independente) no ano passado, chega agora às telonas dos cinemas brasileiros com razoável atraso.
A história, baseada em fatos reais, conta sobre um incidente que ocorreu na estação de metrô americana Fruitvale no Reveillón de 2009. Acompanhamos inicialmente o último dia de 2008, em São Francisco, através de Oscar, o personagem principal. Jovem, negro, ex-presidiário, usuário e traficante de drogas, tem bom relacionamento com mãe, esposa e filha, mas não esconde o temperamento difícil. Entre erros e acertos na vida, Oscar tenta se endireitar, mas os problemas o procuram.
Em primeiro lugar, partimos do princípio de que a história já tem o rótulo de “baseado em fatos reais”. Inconscientemente ou conscientemente isso já pesa e pode espantar boa parte do público que prefere entretenimento leve. Ao mesmo tempo, os mais exigentes ou desconfiados já visualizam o melodrama hollywoodiano básico, com aquele bom e velho envolvimento sentimental exagerado, mas, felizmente, o longa de estreia do diretor Ryan Coogler não vai por este caminho.
Por mais que o racismo e abuso de poder possam ser os pontos principais em questão, e tem sim o formato de denúncia, o diretor não entrega o culpado tão facilmente. Brancos, negros, policiais e civis, ninguém é santo na verdade. Oscar, por exemplo, está longe de ser uma vítima da sociedade, pois algumas de suas atitudes são questionáveis. Ou seja, o filme não é tão parcial como aparenta ser.
Estilo quase documental de ponta a ponta, Coogler utiliza em todos os momentos a câmera de mão e movimentação constante, o que não é novidade para filmes independentes ou baseados em fatos verídicos. Porém, para a história suburbana em que o filme se dirige, é um acerto em cheio. Tudo bem próximo do real, incluindo a atuação do ator principal Michael B. Jordan (Poder sem Limites), outro quase novato na produção. Poucos “medalhões” de Hollywood fariam melhor.
Se você está interado no que resultou este acontecimento e em como termina a história, não tem vantagem ou desvantagem para aquele que não sabe. O diretor, desde o início, não esconde o local e o que irá acontecer no clímax. Não é preciso quebrar a cabeça para entender que a importância do filme está no durante.
Segue o trailer abaixo legendado para quem prefere ver antes como o assunto será abordado, mas faço um alerta. O trailer explica demais.
Sabendo o que esperar do filme, a recomendação é válida e, provavelmente, você sairá com uma ligeira sensação de revolta. Não pela qualidade do filme, é claro.