Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica tem sessões hoje, dia 10/10, às 20:00. Ainda tem ingresso! Acesse o site do Cinemark!
Os fãs de um Batman mais sério e casca-grossa não devem ter apreciado esta iniciativa, mas aí está. Celebrando o aniversário de cinquenta anos da icônica (e cômica) série do Homem-Morcego e o Menino Prodígio, um novo episódio em longa metragem no formato de animação, contando com as vozes de ninguém menos que os próprios protagonistas originais, Adam West e Burt Ward, além de Julie Newmar como Mulher-Gato. Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica (Batman: Return of The Caped Crusaders), com lançamento em home video no Brasil previsto para novembro, tem direção de Rick Morales, cujos poucos créditos como diretor de longas animados são da série Lego, trabalhando em cima do roteiro de Michael Jelenic e James Tucker, mais acostumados às séries de animação da DC.
De cara, talvez o maior problema aqui nem seja causado pela inexperiência dos roteiristas, já que é uma tarefa inglória criar uma trama de mais de uma hora para algo cujo formato original televisivo consistia em metade disso, menos os comerciais. Alguém pode argumentar que sempre eram divididos em dois capítulos, mas lembre-se de que o povo da época era obrigado a esperar uma semana para ver o próximo. De qualquer forma, eles não conseguiram evitar a sensação de que a piada acabou, porém o filme continua. O diretor fica sem ter para onde correr, preso em um terreno onde a razão de ser é a nostalgia pelas referências ao próprio seriado, mais uma ou outra citação aqui e ali sobre outras encarnações do personagem.
Aí entra o enorme X da questão. Se você conhece bem e ainda hoje consegue se divertir com a tiração de sarro deste Batman, é muito provável que assistir ao longa seja uma experiência, no mínimo, satisfatória. Temos aqui Bruce Wayne e seu jovem protegido, Dick Grayson, às voltas com uma aliança entre Coringa, Pinguim, Charada e Mulher-Gato, que roubam um raio duplicador. A Mulher-Gato, no entanto, tem planos adicionais para transformar Batman em um cara mau através de uma fórmula, algo que acaba não funcionando da forma esperada, mas cria uma confusão enorme em Gotham City. Até para o espaço essa trama se desloca, então nem é preciso falar mais, certo?
A vinheta de abertura é um deleite saudosista, com aquele tema que já deve estar ecoando em sua mente – isso se você já não estiver cantarolando sem perceber. A partir disso, espere por tiradas absurdamente auto-referenciais, que riem do próprio ridículo inerente à série, como a presença da Tia Harriet na Mansão Wayne, personagem que chega a insinuar que Bruce e Dick tem uma relação à la Brokeback Mountain.
Infelizmente, por volta de sua metade, entre os bat-acessórios mais absurdos, as onomatopeias e os diálogos burlescos, a animação chega ao ponto citado no segundo parágrafo, perdendo fôlego por esticar demais algo simples, procurando compensar isso através de um exagero em cima do que já era exagerado na série. Em determinados momentos, é como se a intenção fosse parodiar o que já era uma paródia em essência, mas deixando esse raciocínio de lado, um bom corte na duração já faria um grande bem ao longa.
Na parte visual, há um problema que já aparecia na animação lançada anteriormente, A Piada Mortal. Os personagens tem uma movimentação travada, longe do dinamismo, sem trocadilho, que caracterizou as animações da casa por tanto tempo. Ainda que os outros elementos de cena sejam bacanas e mantenham um certo padrão, é inexplicável o retrocesso, ainda mais agora que esses longas são, finalmente, exibidos nos cinemas.
Não é preciso comentar sobre as vozes de Batman, Robin e Mulher-Gato, já que temos os próprios de volta. O restante do elenco, substituindo os falecidos intérpretes dos vilões, faz um bom trabalho recriando os maneirismos vocais de Cesar Romero (Coringa), Frank Gorshin (Charada) e Pinguim (Burgess Meredith), deixando tudo bem reconhecível para quem conhece as vozes originais.
No meio da nostalgia em torno deste Batman sessentista, também presente nos quadrinhos desde 2013, é legal que West e Ward ainda tenham disposição para reviver seus papeis mais famosos, trazendo Julie Newmar como bônus. Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica nada mais é que uma homenagem a um momento específico do personagem, mas a iniciativa audiovisual envolvendo esse universo deve ficar por isso mesmo. Não só pela idade dos envolvidos, mas também porque esticar ainda mais essa piada seria bem chato.