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A Maldição da Casa Winchester – Munição gasta à toa!

A Maldição da Casa Winchester e as tentativas de se destacar em um gênero que anda perdido

Em A Maldição da Casa Winchester (Winchester) , dirigido pelos irmãos Michael e Peter Spierig, temos mais uma incursão no gênero de terror. Estrelado por Jason Clarke (O Exterminador do Futuro: Gênesis) e a oscarizada Helen Mirren (Beleza Oculta e Trumbo), o filme é baseado em eventos reais e conta a história de Eric Price (Clarke), um psiquiatra que precisa entrar na mansão da família Winchester, fabricantes de armas de fogo, para descobrir se Sarah Winchester (Mirren), a herdeira atormentada, tem condições psicológicas para se manter à frente da empresa.

Crítica de A Maldição da Casa Winchester

A Maldição da Casa Winchester

A premissa é muito boa, apesar de não ser inédita. Baseia-se na culpa gerada pela atividade da família que criou uma fortuna a partir da indústria de armas de fogo. Essa mesma ideia foi usada no filme Haunting of Winchester House, de 2009. A diferença está na época retratada. O filme atual se foca no início do século XX,quando a estranha mansão foi construída.

O roteiro – também assinado pelos diretores, com a participação de Tom Vaughan – é bem amarrado e tem um bom ritmo. É um tanto previsível, pois segue a fórmula padrão, mas ainda assim cumpre bem o papel. Uma casa mal assombrada, um herói relutante e amargurado, uma criança possuída, culpa, suspense e sustos. Os elementos do gênero estão todos ali.

É preciso dar certos “descontos” em filmes de gênero. Todos precisam apresentar esses elementos que o caracterizam, para se enquadrar nas expectativas do público que se identifica com filmes de terror. Muitas vezes, existe até uma certa liberdade para fazer menções artísticas (as chamadas “referências”) a clássicos, como O Exorcista.  Ou mesmo a marcos mais recentes, como O Sexto Sentido (falando nele, acesse depois nosso podcast sobre M. Night Shyamalan). O problema é quando a referência é apenas um artifício pobre e preguiçoso para resolver problemas. Ela soa como clichê. E o excesso faz com que o filme se torne mais do mesmo,  o que, infelizmente, prejudicou bastante o longa.

Outro problema está nas atuações medianas que puxaram o filme para baixo, inclusive a veterana Helen Mirren. Jason Clarke (que me lembra muito Mathew Perry, o Chandler Bing de Friends) não tem “punch”, seu personagem tem dificuldade em expressar em que estado emocional se encontra e parece sempre indiferente ou quase “zombando” da montanha russa que o roteiro cria. E não é por falta de motivação ou por uma escolha artística. O ator não imprime uma marca pessoal ao personagem. Diga-se de passagem, isso já havia acontecido no último Exterminador do Futuro.

Crítica de A Maldição da Casa Winchester

Parte técnica e saldo final

A direção dos irmãos é um tanto rígida demais, muito calcada no roteiro e a falta de um ator mais ousado, que desse personalidade ao protagonista, deixa as coisas muito mornas. A fotografia de Ben Nott (Jogos Mortais: Jigsaw) fez escolhas interessantes no início e deu um ar de anos 1960, com uma luz mais marcada. Lembra até filmes mais antigos, como E o Vento Levou. Conforme o longa avança, ela também evolui para os clássicos de terror dos anos 1980 e 90. É interessante, apesar de não ter uma função narrativa.

Não é um filme ruim, mas fica numa média que o torna dispensável. O gênero precisava ser ressuscitado e essas tentativas são boas, mas anda faltando criatividade para sair do “medíocre”.

A Maldição da Casa Winchester foi um bom tiro, mas passou longe do alvo.

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