50 são os Novos 30 e a difícil tarefa de voltar a morar com os pais
50 São os Novos 30 (Marie Francine, 2017) é uma divertida comédia francesa sobre a história de Marie Francine, uma mulher que beirando os cinquenta anos é abandonada pelo marido (o mesmo acaba revelando nos momentos iniciais do filme que tem uma amante) – além de mergulhar em diversos problemas financeiros, como, por exemplo, perder o emprego e não possuir crédito imobiliário. Sem perspectiva alguma para a solução dos problemas que surgem, Marie decide voltar a viver na casa dos pais e abrir uma loja para vender cigarros eletrônicos (após muita insistência, principalmente, do pai).
E é em torno desse argumento que a história ganha vida. Dirigido pela também atriz e protagonista do longa, Valérie Lemercier, o filme permeia a maneira como a personagem e todos as pessoas ao seu redor reagem em relação à difícil decisão de voltar a viver na casa dos pais depois do cinquenta anos – uma vez já conquistada a independência e a liberdade de seus progenitores.
Não bastasse tudo isso, Marie é tratada de forma infantil pelos pais. Aqui, o casal simpático de velhinhos representam não só a paternalidade da protagonista como também a antítese social da mesma. Vivem cada momento como se fosse o último e levam a vida como se tivessem trinta anos. Na trama, símbolos acabam por representar a situação – como dormirem em camas separadas ou comprar pela internet um bronzeador artificial pessoal, por exemplo.
Já Marie representa o temperamento social e características de uma mulher completamente mais velha, ao contrário da vida jovial que levam os seus pais. Não gosta de música alta e vive criticando o estilo de vida dos pais – basicamente, uma mulher “rabugenta” e transtornada por diversos fatores. Temos que pontuar que Marie foi deixada pelo marido por uma mulher mais jovem, o que nos ajuda a entender o porquê de seu desânimo e seus problemas com relacionamentos românticos. A direção de arte nesse ponto é importantíssima: Marie é sempre representada com roupas velhas, surradas e com cores envelhecidas.
É interessante notar que, aos poucos, a personagem é construída: atributos são acrescentados e o espírito da juventude consome pouco a pouco a protagonista. A situação começa a mudar e energia positiva a pulsar, trazendo elementos otimistas para a trama; como quando Marie conhece o cozinheiro Miguel (Patrick Timsit) a quem nutre um carinho especial.
Uma comédia romântica simples, mas funcional, 50 São os Novos 30 peca apenas por traçar um desfecho completamente óbvio – um problema sério do gênero, o que desarticula qualquer possibilidade de pensar sobre possíveis vertentes e desenvolvimento da trama, como também um leque de resoluções possíveis ao espectador. Contudo, o filme proporciona momentos hilários (através principalmente dos pais de Marie) e a diversão é garantida.