Mestre da captura de movimento, Andy Serkis veio ao Brasil
Ontem (01/08), por ocasião da estreia de Planeta Dos Macacos: A Guerra, filme que encerra a nova trilogia inspirada no livro de Pierre Boulle, Andy Serkis, o intérprete de César e de tantos outros personagens icônicos como Gollum, King Kong e Capitão Haddock, concedeu uma entrevista para uma sala de cinema repleta de jornalistas, fotógrafos e críticos. O Formiga Elétrica esteve presente tanto na exibição de imprensa do longa (já leu a crítica?) quanto na coletiva de imprensa e disponibilizamos aqui parte do conteúdo dito nessa ótima conversa.
A primeira pergunta foi sobre como Serkis, um mestre consolidado na arte da captura de movimentos, pôde auxiliar os atores de primeira jornada, como Steve Zahn (do recente Capitão Fantástico), que interpreta o alívio cômico da história. “Não há nada muito diferente quando você atua através da captura de movimentos. No fundo, é uma atuação como qualquer outra”. Esse foi um ponto que ele fez questão de frisar em outros momentos da coletiva. Sempre que possível, ele chamava a atenção para a questão. Talvez, isso seja justificado pelo aparente preconceito que parece existir por parte das premiações em relação a essa tecnologia.
Assim que a palavra “Oscar” surgiu, ele perdeu brevemente a compostura e reafirmou que é uma besteira quando os membros da acadêmia não levam em consideração o tipo de performance que costuma fazer. Na sua opinião, isso se deve a uma certa ignorância, já que muitas pessoas acham que toda a atuação é construída através de computadores e efeitos digitais e que não há um ator por trás de cada fala, gesto e movimento. Em certo momento, disse algo como “basta ver algumas fotos ou acompanhar os bastidores para ver como as coisas são feitas.”
Outras perguntas que giraram sobre a sua pessoa tiveram a ver com a função de diretor que passou a exercer nos filmes Breathe e Jungle Book. O primeiro é um drama protagonizado por Andrew Garfield (de Até O Último Homem e Silêncio) e o segundo é uma adaptação de Mogli mais fiel ao livro de Rudyard Kipling. Para a surpresa de muitos, afirmou que o seu desejo sempre foi ser diretor e que, agora, esse sonho está se realizando. Também disse que Peter Jackson é um dos seus maiores mentores (os dois trabalharam juntos nas trilogias O Senhor Dos Anéis e O Hobbit) e que viveu experiências muitos diferentes por trás das câmeras.
E os macacos?
Quando as perguntas foram relacionadas a Planeta Dos Macacos: A Guerra, ele encheu o filme de elogios, afirmou ter sido um prazer participar da franquia e que o motivo para a metáfora criada por Boulle permanecer relevante é o seu poder de empatia. “Ela diz muito sobre a condição humana e os perigos que podem nascer quando deixamos de nos colocar na pele do outro, de ouvir o que as pessoas têm a dizer e aceitar culturas diferentes da nossa”. Sobre o diretor Matt Reeves, elogiou a sua capacidade de entender o processo dos atores e conceber a lógica visual de acordo do filme de acordo com as atuações.
O melhor momento da coletiva foi quando teve de falar sobre os avanços tecnológicos da captura de movimentos e deu uma pequena aula das facilidades que foram surgindo com o passar dos anos. No restante do tempo, revelou um pouco mais sobre como teve de observar macacos para construir César e que o envelhecimento do personagem precisou ser acompanhado por gestos e uma maneira de falar mais humanos.