O Horror é sem dúvida o gênero mais injustiçado do cinema. Com poucos lançamentos de qualidade durante um ano, ainda sobrevive como um dos segmentos mais amados do cinema, graças à criatividade de seus novos cineastas, que se esforçam trabalhando com orçamentos cada vez menores para não deixa-lo cair no esquecimento.
A vertente do “found-footage”, ou “filmagem em primeira pessoa” usada com evidente êxito pela primeira vez pelo diretor Eduardo Sánchez em A BRUXA DE BLAIR (THE BLAIR WITCH PROJECT) lançado em 1999, ajuda até hoje a manter o Horror em evidência. Até porque o estilo virou uma tendência, que domina 70% das produções do gênero lançadas hoje em dia. Atualmente, este tipo de cinema está em expansão. Uma nova leva de cineastas oriundos do gênero, criativos, ousados e talentosos, são os responsáveis por este novo estouro, que para os fãs tanto do gênero como do bom cinema, é muito bem-vindo.
Nomes como Adam Wingard (VOCÊ É O PRÓXIMO), Ti West (A CASA DO DIABO, THE SACRAMENT), Ben Wheatley (KILL LIST, A FIELD IN ENGLAND), Jen e Sylvia Soska (AMERICAN MARY), Alexandre Bustillo e Julien Maury (A INVASORA) e o espanhol Nacho Vigalondo (PERSEGUIÇÃO VIRTUAL) são apenas alguns dos cineastas que estão surgindo com força total no gênero, reforçando a idéia do Horror como um celeiro de geniais diretores.
Mas por que “reforçando”?
Porque o Horror já lançou no cinema mundial diversos nomes que hoje figuram como expoentes de qualquer gênero cinematográfico, e dentre todos eles, resolvi falar um pouco da carreira de três nomes em especial, que hoje são respeitados, admirados e premiados (um deles até com o Oscar de Melhor Diretor).Estou falando do americano Sam Raimi, do mexicano Guillermo Del Toro, e do neo-zeolandês Peter Jackson.
Vamos falar um pouco de Raimi primeiro? Então lá vai…
Samuel Marshall Raimi nasceu no ano de 1959, em Michigan, USA. Depois de rodar alguns curtas no final da década de 70, Raimi mesmerizou os fãs do gênero Horror e as platéias em geral em 1981, quando lançou seu primeiro e inacreditável longa-metragem- de baixíssimo orçamento – EVIL DEAD: A MORTE DO DEMÔNIO. O filme hoje é considerado um clássico, e quem o assiste nem imagina a luta que foi para Raimi conseguir rodar o filme, que só aconteceu graças à ajuda de amigos, entre eles, os próprios atores do filme, Hal Delrich e Bruce Campbell. Campbell até hoje participa dos filmes de Raimi, nem que seja fazendo uma ponta.
Seis anos depois, em 1987, e com um orçamento um pouco mais inchado, Raimi lançou a sequência/remake de EVIL DEAD, o frenético e amalucado UMA NOITE ALUCINANTE (EVIL DEAD II). O filme foi um sucesso de bilheteria, que abriu definitivamente as portas de Hollywood para Raimi, que em 1990 lançou o excelente DARKMAN: VINGANÇA SEM ROSTO, uma mistura de Ficção-Científica com filme de super-herói que perdura até hoje como um dos filmes mais originais do gênero, e que de quebra ainda revelou Liam Neeson para o mundo.
Em 1992, Raimi fechou sua trilogia de Horror iniciada em 1981 em grande estilo, desta vez assumindo de vez o lado cômico, com UMA NOITE ALUCINANTE 3 (ARMY OF DARKNESS). O resultado positivo do filme faz com que até hoje os fãs da franquia esperem por uma sequência, especialmente se for estrelada por Bruce Campbell, e é claro, dirigida por Raimi. Nada contra o remake de EVIL DEAD, lançado no ano passado e dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez.
De 1995 à 2000, Raimi dirigiu mais quatro filmes: O Faroeste RÁPIDA E MORTAL (THE QUICK AND THE DEAD), que trazia Sharon Stone em seu auge, e ninguém mais ninguém menos que Russell Crowe e Leonardo Di Caprio em início de carreira, acompanhados ainda da presença de Gene Hackman; o excelente suspense UM PLANO SIMPLES (A SIMPLE PLAN), que talvez seja seu melhor filme; o apenas correto POR AMOR (FOR LOVE OF THE GAME), com Kevin Costner; e o ótimo suspense O DOM DA PREMONIÇÃO (THE GIFT), com Cate Blanchett, Keanu Reeves e Hilary Swank.
Foi então que em 2002 Raimi lançou o arrasa-quarteirão HOMEM-ARANHA (SPIDER-MAN), que enriqueceu até os tubos os cofres da Sony e que rendeu duas sequências, uma excelente em 2004, e uma fraca em 2007. Os boatos que correm é que Raimi e os executivos da Sony se desentenderam várias vezes durante as filmagens de HOMEM-ARANHA 3, o que pode ter causado o irregular resultado do filme, que mesmo assim, fez mais bilheteria do que os dois filmes anteriores.
Desde então, Raimi tem se mantido mais distante das telonas. Em 2009, ele voltou às origens do Horror (e do “Terrir”) com o divertido ARRASTE-ME PARA O INFERNO (DRAG ME TO HELL), e em 2013 ele tentou uma mudança de gênero e lançou o mediano OZ: MÁGICO E PODEROSO (OZ: THE GREAT AND POWERFUL), com James Franco no papel principal. Este último obteve um resultado tímido tanto junto da crítica como nas bilheterias.
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