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Moana: Um Mar de Aventuras – Disney fazendo o que faz de melhor!

Moana: Um Mar de Aventuras

Moana: Um Mar de Aventuras

A dupla de animadores John Musker e Ron Clements fez parte do grupo responsável pela segunda fase de ouro da Disney, iniciada em A Pequena Sereia, de 1989, segundo longa com eles na direção, precedido por As Peripécias de Um Ratinho Detetive. Musker e Clements também comandaram Alladin, Hércules, Planeta do Tesouro e A Princesa e o Sapo, todos evidenciando algumas habilidades da dupla, como falar com o público infantil sem subestimar a inteligência das crianças; criar universos e personagens muito interessantes; domínio narrativo; interesse por outras culturas e uma boa utilização da trilha sonora, com músicas que tem significado narrativo. Moana: Um Mar de Aventuras (Moana), primeiro filme da dupla em animação CGI, tem todas essas características e mostra que os veteranos ainda tem fôlego para a função.

O longa conta a história da personagem-título (voz original de Auli’i Carvalho), que vive em uma ilha no Sul do Pacífico e é filha do chefe da aldeia. Moana sempre ouviu histórias de sua avó sobre como um semideus chamado Maui (Dwayne Johnson) roubou o coração de uma deusa que criou o mundo, criando uma época de trevas. Quando essas trevas começam a chegar à ilha em que a protagonista vive, ela vai contra as ordens de seu pai e decide cruzar o oceano para encontrar Maui e salvar a sua aldeia.

Moana: Um Mar de Aventuras

A trama é bem simples de explicar, mas o roteiro de Jared Bush acerta no que move os personagens e no desenvolvimento desses. A começar pelas motivações, todas são verossímeis e compreensíveis. A protagonista precisa salvar a aldeia, mas também deve se provar capaz de seguir na aventura. Não são apenas motivos fáceis de compreender, mas a personagem é muito carismática e o espectador torce e admira Moana cada vez que ela mostra sua coragem e sua determinação para chegar ao seu objetivo. O mesmo pode-se dizer de Maui. Mesmo apresentado como egoísta, percebemos que é um personagem orgulhoso, mas tem pela frente uma trajetória como a da protagonista: uma jornada de afirmação, pois fica claro que ele é inseguro em alguns momentos. Além da ótima química entre os personagens, é uma relação fraternal muito bem desenvolvida.

A animação de Moana é impressionante. Os personagens não são apenas realistas em suas feições, mas os elementos com os quais interagem são muito bem feitos. Principalmente a água, uma das mais realistas que já foi vista em um desenho. Até os cabelos, detalhe complicado em qualquer animação, impressionam. Cada vez mais, a Disney se destaca no segmento, não apenas pelo investimento feito – esse filme teve o orçamento de US$ 150 milhões –, mas pelo capricho e dedicação exibidos. Aqui, é incrível o cuidado dos realizadores ao mostrar a cultura dos países do Sul do Pacífico, não apenas na direção de arte ou nos nomes dos personagens, mas – principalmente – na música que é cantada, em alguns momentos, na língua local.

Falando em música, chegamos ao ponto alto de Moana: a espetacular trilha sonora. Como já foi dito, os antigos trabalhos da dupla de animadores contavam com canções que faziam sentido narrativo e falavam sobre os personagens. A mesma regra se aplica aqui. A bela How Far I’ll Go mostra muito bem o desejo da protagonista em explorar o mundo afora e a divertida You’re Welcome demonstra o grande orgulho de Maui. Assinada por Mark Mancina, com letras de Lin-Manuel Miranda e Opetaia Foa’i, é uma das trilhas mais inspiradas dos últimos tempos. Ah, uma observação deve ser feita: a cópia dublada mostrada para a imprensa continha um erro na mixagem de som. O arranjo da música estava mais alto que o da voz dos cantores, ou seja, houve uma imensa dificuldade em entender as letras. Espero que tenha sido corrigido nas cópias em exibição normal.

Moana: Um Mar de Aventuras

Aliás, é bom falar que nem tudo em Moana são flores, pois o filme tem seus defeitos também. Ele tem alguns problemas de ritmo no meio da trama e, em certos momentos, as ações dos personagens são bem previsíveis quando deveriam nos surpreender. Diria que o ponto mais baixo está no número com o caranguejo gigante Tamatoa (Jemaine Cleament), mais longo que precisava e pouco acrescenta a história.

Moana: Um Mar de Aventuras (precisava mesmo desse subtítulo?) é um boa pedida para quem acompanha e é fã das animações da Disney. Ele entrega tudo que promete, tem uma ótima trilha sonora, personagens excelentes, o visual é muito bonito e a história é envolvente. É a Disney novamente fazendo o que faz de melhor, acertando de novo depois do divertido Zootopia.

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