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“Síndrome de Ikki” – Os mal-humorados que amamos!

 Ikki, Piccolo, Hiei… Todos amamos esses ranzinas dos animes

Marrentos, bad boys para sempre, arruaceiros – chamem eles como quiser. Há um charme narrativo nos anti-heróis e suas trajetórias, isso é inegável. O flerte entre o bem e o mal nem é tanto o ponto chave desse atrativo, mas sim o uso do mal; ou melhor, de más atitudes a serviço do bem. Eis o ponto que gostaria de tocar e se o leitor me permitir, fazer uma viagem para um passado recente.

ikki

Cara de mau, coração de herói!

Houve uma apreciação muito liberal dessas figuras controversas, e gostaria de divagar brevemente sobre isso antes de lhes entregar uma lista dos que acho mais notáveis. Nós podemos nos situar entre as décadas de 80 e 90, e dizer que as TVs do Brasil que quisessem passar o melhor conteúdo de entretenimento infantil, necessariamente acabavam importando – entre outras atrações – os desenhos americanos e os animes.

A cultura midiática da Terra do Sol Nascente foi muito absorvida aqui pelas televisões brazucas, principalmente nos anos 90. Haviam algumas histórias com vilões interessantes, mas poucos deles tinham uma personalidade realmente mais desenvolvida que fugisse das risadas esticadas e do famoso “preciso matar o fulano”, ou o piegas “quero dominar o mundo”.

Mas, às vezes, eles “pulavam a cerca”. O que dizer quando eles passavam para o lado dos heróis?

Os animes parecem ter um certo prazer em explorar a figura desses ex-vilões, mas não podemos negar que a redenção, a solidão e a culpa rendem arcos narrativos muito interessantes. Há aqui algum tipo de ode aos ancestrais ronin, que vagavam sem mestres e com o único objetivo de sobreviver ao mundo. O importante é que esses turrões mal-humorados tiveram um grande momento quando os animes quebraram com o padrão asséptico de violência norte-americano. Bons tempos…

Agora, como prometi antes, vou citar alguns desses caras que minha geração cresceu assistindo. E que, quando os outros protagonistas ficavam chorões demais, botavam ordem na bagaça.

Kojiro Hyuga – Super Campeões e Captain Tsubasa

Dono de um chute canhão, muita marra e pouca paciência. Se você quer saber mais sobre a série Super Campeões, temos um artigo especial nesse link. O que você precisa saber mesmo, é que em um anime de futebol, os goleiros pegam impulso com os pés nas traves, os jogadores conseguem pular 15 metros, os chutes dão efeitos impossíveis na bola, os carrinhos rasgam a grama, e por aí vai.

Nesse cenário, Hyuga surge como um atacante com sangue nos olhos, determinado a jogar um futebol de ataque enfurecido, atropelando literalmente quem quer que se coloque em seu caminho. Ao longo do primeiro campeonato no anime, no crescente de sua rivalidade com o protagonista Oliver Tsubasa e com o goleiro Wakabayashi, é revelado que sua personalidade forte vem do fato de ser o irmão mais velho de uma família sem pai e que depende dele para ser sustentada.

A oportunidade de ingressar na escola Toho e receber uma bolsa até a faculdade é o ápice de sua primeira fase de antagonista na história. Com o fim dos campeonatos nacionais de juniores, chega a hora de Kojiro juntar seu chute potente e sua força com a técnica de Tsubasa, para servirem a seleção japonesa de juniores, em uma das fases mais legais do anime. Ainda assim, ele nunca leva desaforo pra casa e ainda tem seus momentos de brigas e provocações.

Hiei – Yu Yu Hakusho

Yusuke, protagonista e detetive espiritual, certa vez é convocado para investigar o roubo de tesouros sagrados do mundo espiritual por um grupo de yokai, a classe de monstros antagonistas da série. Os objetos subtraídos são artefatos místicos de grande poder e importância. Entre os ladrões estão Hiei e Kurama, dois yokai com aparência humana.

Hiei é derrotado por Yusuke e condenado pelo crime. Tempos depois, o mundo espiritual concede a ele uma condicional e o baixinho invocado parte para resgatar sua irmã sequestrada, juntamente com Yusuke, Kuwabara e o também redimido Kurama. Essa é o primeiro ponto de virada que transforma ele em um aliado importante do time principal de protagonistas. Hiei sempre permanece distante, reclamão, cara fechada, mas aos poucos percebe-se que essa é uma fachada para não mostrar que se importa com o grupo.

Seu momento de maior destaque é quando utiliza suas chamas negras para os combates no torneio das trevas. Yu Yu Hakusho é um anime muito intenso e permissivo no quesito da violência – um deleite para que se mostre a habilidade de Hiei com a espada, mutilando os vilões yokai.

Ikki de Fênix – Cavaleiros do Zodíaco

O preferido de muitos, por ser o menos piedoso. Esse sim é um exemplar perfeito do tipo de figura que estamos analisando nesse artigo. O cara ainda criança escolheu ir para um treinamento infernal no lugar do irmão, sobreviveu, viu seu amor de juventude morrer e por conta disso matou seu mestre.

O primeiro homem na história a vestir a armadura de Fênix, chegou à Guerra Galática, um torneio entre os cavaleiros, cheio de ódio e desejo de vingança. Como grande primeiro vilão do anime mais importante da TV brasileira, chegou botando banca, até vestiu a armadura de ouro antes de todos (forçado, sim, mas vestiu…).

Ikki se mantém distante do grupo na maioria das vezes, mas quando aparece, além de salvar o Shun, resolve a parada. Se não fosse sua ajuda para resolver certas situações, ia dar ruim. Foi quem enfrentou o Shaka, cavaleiro de Virgem, tido como o homem mais próximo de Deus, e sua frieza foi fundamental na saga de Poseidon para não se deixar enganar pelas transmutações de Kasa de Lymnades. CHEGA DE SENTIMENTALISMO!

Vegeta – Dragon Ball Z

O que seria da saga Z sem esse verme maldito? O príncipe dos saiyajins chegou na Terra para conquistá-la e roubar as esferas do dragão. Nessa fase foi talvez a única vez em que era, de fato, mais forte que o protagonista Goku. Derrotado e humilhado, viajou até Namekusei para roubar as esferas originais, e lá teve que se unir contra a vontade com Goku e os outros para enfrentar Freeza.

Morreu engolindo o orgulho e renasceu 5 minutos namekus depois (4 horas terrestres (Piada interna pra quem assistiu (Se assistiu, que coragem)))! Com Freeza morto e sabendo que Goku havia se tornado o super saiyajin antes dele, Vegeta passou a saga Cell com o único objetivo de provar sua força. E quando enfrentou os andróides 17 e 18, apanhou de novo. Superou seus limites e quando podia ter despedaçado o vilão Cell, deixou o bicho chegar à forma perfeita e… apanhou de novo.

Tanto orgulho ferido e o fato de ainda não alcançar a força de Goku fizeram seus sentimentos virem à tona na saga Boo. Nela, até se acreditava que Vegeta já estava 100% fechado com os guerreiros Z, mas ele surpreendentemente força uma luta contra Goku, e desabafa em um dos discursos mais emocionantes do personagem. Finaliza a saga cumprindo seu arco de redenção, ajudando Kakarotto a derrotar o vilão principal Majin Boo.

Menção honrosa – Piccolo – Dragon Ball e Dragon Ball Z

Seria um grande pecado se esse verdinho não tivesse seu espaço na lista. Derrotado e com a vida poupada por Goku no anime Dragon Ball, começa a fase Z se aliando ao saiyajin dos cabelos espetados para derrotar Raditz. Para tal feito, Goku se sacrifica e agarra Raditz para que Piccolo acerte os dois com o golpe makankosappo. Com o vilão e o protagonista morto, fica sabendo que Vegeta e Nappa chegariam em 1 ano para conquistar a Terra.

Percebendo a força de Gohan, filho de Goku, resolve treinar o pirralho chorão para enfrentar a ameaça vindoura. Esse processo é onde um dos maiores laços afetivos de Dragon Ball Z é criado e o coração do antigo rei do mal se rende ao pequeno saiyajin. Na batalha contra Nappa, Gohan seria atingido por uma rajada do brutamontes, mas Piccolo se joga na frente e morre em seu lugar, se despedindo do amigo em lágrimas (misteriosamente ninjas cortaram cebolas lá em casa nesse episódio).

A saga de Freeza o levou à Namekusei, seu planeta natal e sua força esteve equiparada aos dos saiyajins até o início da saga Cell, quando se fundiu com Kami Sama. Atualmente em Dragon Ball Super, infelizmente e injustamente, perdeu um pouco o destaque.

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