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Os erros e acertos de John Constantine na TV! (Parte 2)

Finalizando uma análise profunda, episódio por episódio, da série Constantine!

PRIMEIRA PARTE!

The Saint of Last Resorts (Parte 1)- Vez por outra John esbarra em uma de suas ex-ficantes (que, com sorte, conseguiram escapar ilesas) ou ex-amigos que quase sempre odeiam reencontrá-lo.  Dessa vez é Annie Marie, que na série estava presente no evento de Astra e resolveu tornar-se freira desde então. Decidiu procurar John para solucionar o mistério de bebês desaparecidos no México, onde atualmente reside num convento. Nada a ver com a senhora Annie Marie, madre superiora morta pelo Invunche em Swamp Thing #46.

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O episódio começa com John interrompendo o insight de Zed, que desenha o Invunche. A cena é a tal que relatei ao comentar o segundo episódio e apareceu a primeira vez em Swamp Thing #37. Ambos são interrompidos pela aparição de Annie Marie, que, embora aparentemente presente, está ali apenas como uma projeção, fenômeno a que John chama de “Dupla Localização”.

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Ótimo gancho! Aparentemente original, não fosse saído de Hellblazer #92, onde o fantasma de uma madre superiora paira sobre uma reitoria em chamas.

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John descobre que os bebês estão sendo raptados por Lamashtu, um demônio sumério que sequestra crianças no momento do parto ou enquanto estão sendo amamentadas. Também saída da mesma estória (Critical Mass, Parte 1), mas não com o mesmo nome, Lamashtu não aparece como uma mulher idosa, mas como algo próximo ao Nosferatu, clássico de 1922, já que  possui dedos alongados e incisivos proeminentes no lugar dos tradicionais caninos vampirescos.

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Lamashtu age a mando da Brujeria, uma seita que aparece em Swamp Thing #48, e a traição de Annie Marie foi semelhante à de Judith, na mesma estória.

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O episódio termina com John e Annie Marie encarando Lamashtu no esgoto, como no encontro de John e Chantinelle em Hellbazer #59.

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The Saint of Last Resorts (Part 2)- Na segunda parte  do episódio, John se vê às voltas com o Invunche, que aparece sem mais nem menos após o mago ter banido Lamashtu invocando Pazuzu. Tradicionalmente, o Invunche (ou Inbunche) é um personagem do folclore da Ilha de Chiloé, no Chile. Seu nome significa “deformado” ou “pessoa pequena”, “anão”, e possui uma perna grudada nas costas.

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Nos quadrinhos a criatura aparece com uma mão costurada nas costas e o pescoço retorcido para trás, como se tivesse sido morto por ter o pescoço quebrado. Sua figura lembra algo próximo ao nosso Exu Mirim.

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Embora o CGI tenha sido muito bem feito, o que surge em cena é algo similar aos zumbis de Resident Evil.

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Para escapar da besta-fera, John convida Pazuzu para possuí-lo numa cena dantesca de tão engraçada, já que os olhos de John brilham como se tivesse tirado uma foto com flash.

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Expulsando o Invunche à base de porrada, John acaba cometendo assassinatos, mutilando pessoas e dando a impressão de que chegou a cometer canibalismo, o que remete ao arco Royal Blood (Hellblazer #52 a #55), de Garth Ennis.

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Vai parar na cadeia (Hard Time – Hellblazer #146 a #150, Brian Azzarello) e quase é apanhado de vez pela Serpente do Éden, que aparece numa caracterização muito displicente, beirando o ridículo, e tirada de Hellblazer #143 – Telling Tales, de Warren Ellis; também fonte de inspiração para o rapto de crianças por Lamashtu.

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Quid Pro Quo- A alma da filha de Chas, Geraldine, junto a de muitas outras crianças, foi tomada pelo mago negro Felix Faust. Essa temática já foi repetida várias vezes em outras obras como A Praga, de Clive Barker e a animação do Doutor Estranho, da concorrente Marvel..

Nada contra. Um bom tema pode ser repetido de várias formas. O ladrão de almas Felix Faust, por exemplo, é um antigo arqui-inimigo de Nommo (que aparece no quarto episódio, embora a série não faça relação entre os personagens), que foi inspirado no personagem Fausto, de Goethe. Mas há também a mistura deste personagem com o demônio Buer, também presente em Critical Mass, de Hellblazer #92.

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Para encontrar Geraldine, Constantine recorre a mais um ex-“amigo”, que, numa espécie de sessão espírita com a ajuda de Zed, consegue localizar a alma da menina, mas é interceptado por Felix Faust que, hackeando a sessão espírita, se apossa do corpo do médium e dá um ultimato ao mago.

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Por fim, incinera o corpo do hospedeiro, numa cena claramente inspirada na morte do pai de Zatanna, em Swamp Thing #50.

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Quando finalmente encontram Felix Faust (muito bem interpretado por Mark Margolis, o matemático de Pi), este pede um favorzinho a Constantine: encontrar o espírito animal que está se apoderando das almas que arrecada e impedindo-o de concretizar seu intento.

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Para realizar tal feito – e encontrar o espírito, já que é invisível – Constantine se vale de um artefato mostrado no começo do episódio: um monóculo usado por Aleister Crowley, que enxerga o mundo espiritual. O episódio ainda conta como Chas adquiriu o poder de se tornar o Kenny (referência feita a South Park na primeira parte do artigo) da série, e ele é quem “salva a pátria”, prendendo o mago negro com o tendão do calcanhar de Aquiles(!), que funciona como uma pulseira bate-enrola. Pode?!

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A Whole World Out There- Um grupo de amigos universitários resolve fazer uma “brincadeira” no estilo Tábua de Ouija, brincadeira do copo, etc., sobre o túmulo de um tal Jacob Shaw para adentrar um mundo paralelo. Desnecessário dizer que eles têm êxito, embora fiquem reféns do ocultista supracitado, que os aprisiona em seu mundo paralelo particular para se “divertir” com seus corpos astrais. A universidade em questão é justo a mesma em que Ritchie Simpson leciona e Constantine mais uma vez recorre ao amigo para auxiliá-lo no resgate dos jovens bruxos.

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O episódio é uma versão da imersão de Ritchie no plano astral através da Deep Web, que nem existia na época, embora tivesse sido postulada em Hellblazer #07. Assim como o pai de Zatanna, Ritchie tem seu corpo incinerado após o longo período de imersão e tido como morto por Constantine que, desolado pela perda de mais um amigo, desliga os computadores. Só volta a aparecer em Hellblazer #12, quando ajuda Constantine a se livrar da perseguição de Nergal.

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No seriado, após derrotarem Jacob Shaw e devolverem os jovens ao plano físico, Ritchie fica tão fissurado com a ideia de customizar um novo mundo que quase fica lá por livre e espontânea vontade. E poderia ter ficado mesmo, pois sua participação na trama é irrelevante.

Angels and Ministers of Grace- Um cristal antediluviano em posse de algum desvairado em um hospital está acarretando  várias mortes. Se você acha que o termo em negrito remete ao RPG Storytelling, não me atrevo a concordar ou desmentir. Apenas convido o leitor a dar uma olhada naquele artigo citado no início da Parte 1. Além dessa semelhança, pessoas mortas pelo poder do cristal desenvolvem veias intumescidas de uma forma bem semelhante ao filme O Parque do Diabo (Devil’s Playground/2010).

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A despeito das hipóteses de plágio, diversas são as teorias “esquisotéricas” que levam a crer que partes do cérebro como a glândula pineal, quando adulterada, gera poderes psíquicos. Na visita ao hospital, Zed tem uma súbita convulsão e acaba sendo realmente internada, o que a leva a descobrir que tem um tumor cerebral e a duvidar de sua mediunidade. Some a isso um médico alcoólatra, e o anjo Manny preso ao plano terreno por uma insígnia gravada em seu peito por Constantine e temos a receita perfeita para o melodrama que se desenrola.

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Como nem só de drama vive uma série, o “anjo caído” desperta interesse em uma enfermeira, que o leva a um cômodo reservado e brinda com uma felação de tirar o fôlego, em contraste com o próprio episódio, que não faz nem cócegas.

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Waiting for the Man- Até que enfim um episódio à caráter! – Ou quase! Era de praxe da linha Vertigo lançar estórias ou ao menos capas com o nome de alguma música famosa. Tivemos Born to be Wild, de Steppenwolf, em Animal Man #29Lust for Life, de Iggy Pop, em 2020 Visions #1 a #3, e Waiting for The Man, de Velvet Underground, em Hellblazer #4. O episódio conservou não apenas o nome, mas o enredo.

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Um estranho homem vive em sua casa nada habitável com três meninas em idade próxima à puberdade. A ideia de pedofilia que permeia a trama já é em si medonha. Ainda mais quando as meninas estão, bem… basta de spoilers.

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O fato é que as três estão à procura de mais uma “noiva” para seu “tutor” e escolhem uma garota que se diverte sozinha em um balanço de brinquedo, já que brigara com seus pais e torce para que alguma coisa realmente aconteça com ela para que sua família se sinta culpada. Seu desejo está prestes a se tornar realidade; e não só o seu. Este é o episódio onde surge a Zed original dos quadrinhos, que o ajuda a resgatar a menina e por fim à maldição do pedófilo satânico.

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Rezam as boas línguas que o seriado não acabou. Apenas passa por um stand by para voltar, com uma segunda temporada, o que será decidido a partir de maio deste ano. Há boatos ainda de uma repaginação da série com o nome de Hellblazer, pelo canal SyFy. No caso da segunda opção, aguardamos esperançosos; no caso da primeira, bom… confira, se ainda não assistiu. Aliás, não assista! Alan Moore agradece.

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