Depois de Mirror Mirror, na primeira temporada, Universo Espelho é cenário recorrente em Star Trek
No encerramento da primeira metade da primeira temporada de Star Trek: Discovery, o Capitão Lorca (Jason Isaacs) começou um movimento ousado para derrotar os klingons com o seu agora famoso “motor de cogumelo”. A manobra ajudou a encerrar a guerra com os klingons, mas também mandou a nave titular para os confins do universo. Ou será que não? Porque algumas especulações de fãs dão conta de que a Discovery não foi para outro canto da galáxia mas, de fato, para um universo paralelo.
De fato, muitos fãs teorizam que a série pode estar se passando desde o início em um universo paralelo, diferente do universo e da linha temporal apresentados na série original – o que explicaria alguns problemas sérios, como o fato de Spock nunca ter mencionado uma irmã adotiva chamada Michael. Entretanto, devido a comentários recentes feitos em várias convenções por membros do elenco, a teoria mais popular no momento é de que a Discovery agora está presa no mirror universe – o Universo Espelho.
Universos paralelos e linhas temporais alternativas são objeto de roteiro de Star Trek desde o início – mais recentemente dando as caras na linha temporal Kelvin apresentada no reboot de J.J. Abrams. Mas a mais conhecida linha temporal alternativa do cânone da série é, com certeza, o Universo Espelho, introduzido na série original no episódio Mirror Mirror, em 6 de Outubro de 67.
Escrito por Jerome Bixby, Mirror Mirror apresentou aos espectadores da TV mainstream americana o conceito de universos paralelos alternativos, onde tudo era basicamente o oposto do universo que é conhecido. Neste episódio, o Capitão Kirk e seu grupo avançado são acidentalmente transportados para um universo alternativo, onde, no lugar da benévola Federação, um maligno Império Terrestre se estabeleceu.
Trazendo universos paralelos aos lares americanos
Histórias como essa já haviam aparecido em diversos livros e quadrinhos sci-fi – e muitos poderiam considerar Além da Imaginação como passado em diversos universos alternativos – mas esse episódio foi o que fez esse conceito entrar nas casas do cidadão médio americano… assim como a ideia de a sua contraparte maligna com certeza tem uma barbicha, e provavelmente usa um cinto de pano por algum motivo.
Apesar de o elenco original da Enterprise nunca ter revisitado o Universo Espelho em nenhum outro episódio, ele acabou, de toda forma, se tornando um favorito dos criadores para materiais de spin-offs não canônicos, principalmente em quadrinhos e livros através das décadas. Rumores persistiram de que seria a base para um filme com a tripulação original – mas, como sabemos, nunca aconteceu.
Mesmo assim, quando a DC adquiriu as licenças da marca Star Trek, eles lançaram diversas edições que se passavam no Universo Espelho revisitado. Houve também uma série de livros inteira toda dedicada àquele universo, e o próprio William Shatner escreveu uma trilogia inteira no final dos anos 90 se passando nesse cenário.
Infelizmente, o Universo Espelho também nunca conseguiu uma aparição canônica em Star Trek: A Nova Geração, apesar de muitos escritores terem cantado essa bola através das temporadas. A coisa mais próximas que os fãs já tiveram foi um livro não-canônico chamado Dark Mirror. Ainda assim, o fato de nunca termos visto um Picard Pirata e um Worf monge pacifista é lamentável.
De toda forma, o conceito de Universo Espelho finalmente reapareceu pra valer no episódio da segunda temporada de Deep Space Nine, Crossover, e a série acabou visitando regularmente esse universo em todas as temporadas subsequentes. Em meio a todos esses muitos episódios, nós aprendemos que os eventos ocorridos no episódio Mirror Mirror da série original alteraram para sempre os eventos do próprio Universo Espelho, levando a humanidade a ser conquistada pela aliança Klingon/Cardassiana.
O Universo Espelo pulou mais uma série trekker, já que não apareceu em Voyager, mas fez novamente uma aparição na última temporada da série-prelúdio Enterprise. Ali, nós aprendemos a verdadeira origem do Universo Espelho, assim como os derradeiros eventos nada divertidos que o ligam com os eventos do filme Star Trek: Primeiro Contato, quando a humanidade estabeleceu o primeiro contato formal com os Vulcanos em 2063. No lugar de instituir a paz, nessa realidade quântica os humanos mataram os Vulcanos e usaram a nova tecnologia roubada deles para, eventualmente, se tornarem o Império Terrestre.
Picard badass
Mais recentemente, a editora IDW Comics têm feito histórias no Universo Espelho, e os fãs estão finalmente podendo ver Picard e sua tripulação da Enterprise-D do lado escuro das barbichas, nessas versões alternativas dessa nova série em quadrinhos. É muito improvável que qualquer um desses quadrinhos tenha qualquer impacto no que quer que Discovery esteja planejando fazer com o Universo Espelho, mas existem evidências demais relacionadas a este amado cenário da história de Star Trek para se ignorar.
Será que a descoberta que Discovery (pegou o trocadilho?) irá fazer será um aprofundamento na exploração dessa realidade alternativa – ou, ainda melhor, vários universos diferentes? Nós saberemos (ou não) quando Discovery retornar em 2018, mas uma coisa parece certa: Star Trek ainda tem muita coisa para oferecer sobre esse canto escuro de sua mitologia, e nós agora só queremos saber mais sobre o assunto.
Qual é a sua opinião sobre essas teorias, amigo leitor? Não deixe comentar!
Este artigo foi publicado originalmente no site Nerdist!