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Continuando o arco do Deus do Trovão por Jason Aaron e Esad Ribic, chega ao fim a lamentação sobre a decepção que O Carniceiro dos Deuses provocou. Se você já havia lido aquela resenha ou clicou agora em seu link, sabe que estou falando apenas do fato do encadernado não trazer a resolução da saga, finalizada agora com Bomba Divina (Godbomb). Felizmente, conforme já indicado, a história manteve o pique e sua segunda metade também merece a nota máxima com louvor.
Após os eventos da edição anterior, duas revelações abrem essa continuação. Uma delas é o destino de alguns dos deuses desaparecidos e seu papel dentro da construção do artefato do título, evidentemente prometendo a aniquilação geral de todo ser divino de qualquer panteão. A outra é a história por trás do Carniceiro, no único segmento desenhado pelo não menos competente Butch Guice, porém com estilo bem diferente de Ribic.
Conhecendo a origem de Gorr, muito dela já intuída ao longo da edição anterior, é inevitável não compreender as motivações sólidas deste vilão trágico. Dependendo de suas convicções e crenças, talvez seja possível até mesmo torcer por ele em algum momento, ignorando um pouco uma regra básica das HQ’s de super-heróis, sempre trazendo de volta o planeta (ou a galáxia, universo, multiverso, continuum espaço-tempo…) ao status quo. Tranquilamente, todo esse arco poderia ser usado em uma aula de filosofia, com discussões sobre Schopenhauer e, claro, Nietzsche, o que nos lembra que ainda existe vigor criativo nos quadrinhos das grandes editoras, felizmente.
A “vilania” é explicada e bem fundamentada. O que já era realmente ameaçador para o(s) protagonista(s) se mostra bem pior. Em Bomba Divina, é possível perceber que a divisão dos capítulos foi muito bem pensada no sentido de elevar a tensão e o elemento dramático, pois agora temos o encontro das três versões de Thor, lutando lado a lado para evitar o genocídio mitológico. Se a palavra usada para definir a edição anterior foi “épico”, precisamos agora procurar um superlativo neologístico para descrever as cenas que se desenrolam aqui. Se a ação é bem mais que satisfatória, fazendo o leitor viajar imaginando os sons desta batalha, ela seria vazia se faltasse conteúdo. Bem, se o antagonismo está bem representado, conforme já comentado, o lado do(s) herói(s) não fica atrás.
Thor, com suas versões mais jovem e mais velha, forma um trio muito interessante. Jason Aaron conseguiu trabalhar a construção dos três de uma forma que o leitor percebe diferenças fundamentais entre eles, porém, sem acharmos estranho que eles sejam a mesma pessoa. As atitudes marcantes de cada um são reconhecíveis, indo da impetuosidade arrogante da juventude até a cautela de alguém já viveu muito, mas mantém seu apetite por uma boa briga e uma morte gloriosa. No meio disso, o Thor do nosso presente continua exibindo suas características mais vikings, por assim dizer, muitas vezes deixadas de lado na continuidade regular.
Comentários sobre a beleza da arte e narrativa visual do ilustrador croata são desnecessários, novamente acompanhando pela ótima cor de Ive Svorcina, pois estão na resenha da edição anterior. Vale o que foi dito ali e qualquer outra consideração é redundante. Se o nome de Esad Ribic já está associado ao filho de Odin, Jason Aaron não fica atrás, mostrando um talento insuspeito nas caracterizações e na construção de uma trama que não tem pretensão de reinventar a roda com malabarismos dramáticos. Em Bomba Divina você não encontrará nada absurdamente complexo em termos de história. Nem mesmo grandes reviravoltas, apesar da premissa de três linhas temporais parecer complicada. Ainda assim, a cadência dos acontecimentos é muito bem estruturada, cativando o leitor desde a primeira página. É uma das grandes aventuras do personagem, misturando os elementos mitológicos com algo de cósmico, de ficção científica, que – de fato – não é novidade faz muito tempo, mas foi absolutamente bem feito aqui com uma assinatura própria.
Um momento memorável para um dos personagens mais famosos da Marvel, Thor, O Deus do Trovão: Bomba Divina é imperdível, junto com seu volume anterior. Mesmo que você não goste muito de super-heróis, o clima é bem diferente e existem pouquíssimas menções ao restante do universo compartilhado. O único problema verdadeiro nem é culpa dos autores, mas uma leve melancolia é inevitável quando lembramos que tais histórias são fases passageiras entre as décadas passadas e as que virão.