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Publicada originalmente em 2013, O Carniceiro dos Deuses (The God Butcher) é o primeiro trabalho do roteirista Jason Aaron com Thor, acompanhado pelo ilustrador croata Esad Ribic, famoso por outro trabalho ambientado neste mesmo universo – a minissérie Loki. Não é exagero dizer que o esforço de Aaron é capaz de animar aquele fã que andava afastado, um tanto cansado da mesmice mensal, mas também de qualquer pessoa minimamente interessada em uma boa história. O único problema da edição da Panini, com suas 132 páginas, reunindo as cinco primeiras edições da revista Thor: God of Thunder em capa dura, é não informar que se trata do Vol. 1, o que faz um desavisado achar que se trata de uma história fechada, mas é perdoável, já que eles apenas seguiram o projeto gráfico do encadernado original.
É uma premissa ambiciosa, colocando mais de uma linha temporal desenrolando-se simultaneamente, o que poderia facilmente complicar tudo em algum momento, mas os acontecimentos são dosados de forma a preservar o ritmo, bastante dinâmico, é bom lembrar. Basicamente, temos o Deus do Trovão em três momentos cronológicos. Como jovem, ainda sem portar o martelo Mjolnir, circulando na Terra entre seus vikings devotos, por volta do século IX. Nesta fase da vida, Thor se interessa apenas pela emoção das batalhas, hidromel e mulheres, mas o encontro com um ser capaz de assassinar deuses vai marca-lo por toda sua existência. Deslocando o foco narrativo para o presente, vemos o protagonista que todos conhecemos, salvando uma raça alienígena cujas divindades protetoras sumiram. Fazendo mais um salto para um futuro muito distante, uma versão envelhecida de Thor ocupa o trono de uma Asgard vazia, apenas aguardando, melancolicamente, seu destino já traçado há eras.
A ideia de um antagonista com tamanho poder não é novidade, além de que, hoje em dia, é bem difícil fazer o leitor sentir que esse tipo de personagem corre um perigo real. Pois bem, aqui esse objetivo foi atingido, e – não apenas isso – nos deixa intrigados com as motivações niilistas do Carniceiro dos Deuses. Além de Gorr ser uma ameaça crível dentro deste universo divino, nos fazendo acreditar que um deus poderia realmente teme-lo, ele não é uma besta irracional que é pura força bruta e só rende cenas de pancadaria (se você lembrou-se de uma história famosa da editora concorrente, onde um herói muito famoso “morreu”, é disso mesmo que estou falando).
Na caracterização dos personagens principais também houve cuidado, evitando tornar-se apenas uma disputazinha de Bem contra o Mal. Um inimigo como Gorr não funcionaria contra um protagonista que não deixasse dúvidas sobre suas capacidades e virtudes para vencê-lo, algo que percebemos que foi uma preocupação do roteirista. O Thor que temos aqui é virtuoso e heroico, claro, mas também possui falhas e está sujeito a erros de julgamento, sendo algo assim a causa de seus problemas atuais e futuros. Melhor dizendo, uma das coisas que mais atrapalha o herói, neste caso, é uma vaidade enorme, ainda que sua atitude tenha sido até compreensível, aproximando-o mais da sua versão original da mitologia nórdica.
Em termos de arte, Esad Ribic acompanha a excelência deste roteiro. Os desenhos realistas, com as cores de Dean White e Ive Svorcina, conseguem passar o tom de fantasia que a história pede. Ao mesmo tempo, a representação do herói no presente é mais viking do que seu visual clássico, evidenciando a harmonia entre texto e ilustrações. Mesmo assim, o aspecto cósmico de ficção científica também está presente e bem integrado à narrativa, como pode ser visto em vários ambientes por onde a história passa. Outro exemplo disso é o próprio visual do vilão, um humanoide alienígena com traços animalescos. Na questão da narrativa visual, a qualidade ainda se mantém no topo, com o uso sábio dos espaços da página para mostrar cenários grandiosos, mas sem decepcionar quando a ação é necessária, momentos que podem ser chamados de cinematográficos.
Thor, o Deus do Trovão – O Carniceiro dos Deuses faz o fã do filho de Odin lamentar um pouco, pois é difícil não pensar em tudo ali na forma de um filme grandioso, mas isso também traz a lembrança que Hollywood jamais teria coragem de produzir algo deste porte. Por outro lado, também confirma mais uma vez o potencial sem limites das HQ’s e mostra que mãos competentes sempre podem acrescentar algo à trajetória de qualquer personagem, mesmo com décadas de existência. Que o Vol. 2 chegue logo! Se a história mantém esse pique, já é um clássico.
Falamos com Esad Ribic na CCXP! Já viu?
Leia a resenha da continuação de O Carniceiros dos Deuses!