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O Capuz: O Sangue Que Vem das Pedras – Não vale o papel!

Sempre que certos gêneros e elementos são consolidados com uma visão romântica, não demora muito para que venham obras que desconstruam essa idealização, então é claro que os super-heróis passariam por isso. Podemos citar Watchmen de Alan Moore (que já foi pauta de um Formiga na Tela) como o exemplo mais marcante e influente desse tipo de desconstrução. Ao longo dos anos, e até nos dias de hoje, muitos autores tentaram dar a sua percepção para essa desglamourização, uns mais bem sucedidos que outros. Em O Capuz, percebemos a que ponto essa interessante abordagem conseguiu se tornar reles e banal.

O Capuz - Panini

Publicado originalmente no selo MAX da Marvel em 2002 e relançado esse ano pela Panini, O Capuz – O Sangue Que Vem das Pedras é um encadernado que reúne as edições de 1 a 6 do personagem título, escrito por Brian K. Vaughan e desenhado por Kyle Hotz,

Na história, acompanhamos o protagonista Parker Robbins – nome bem sugestivo – que vive em uma situação extremamente caótica. Ele está sem emprego e ganha a vida através de pequenos furtos arranjados por seu primo. Além de ter uma mãe internada em um péssimo manicômio, sua namorada está grávida e sua amante não é nada econômica. Tudo muda quando Parker consegue um misterioso artefato que proporciona invisibilidade quando o usuário prende a respiração e botas que dão o poder de vôo. Com essas novas habilidades, Parker decide se aventurar no mundo do supercrime. Algo que poderia ser fácil, se não houvessem outros supercriminosos do Universo Marvel disputando esse mesmo território.

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A sinopse da história consegue instigar o leitor e apresenta muito potencial, tanto para um conteúdo mais dramático quanto tragicômico, ainda mais quando temos um nome como Brian K. Vaughan no roteiro, autor de Leões de Bagdá (que também foi pauta de um Formiga na Tela), The Private Eye (leia mais aqui), Y: O Último Homem, entre outros. Infelizmente, esse potencial é subutilizado com características imaturas e apelativas.

O protagonista é um personagem extremamente desinteressante. Quando ele se depara com algum problema, sua reação é simplesmente ficar xingando, e como sua vida é repleta de momentos ruins, os picos dramáticos da HQ são resumidos em uma verborragia de palavrões. Selos como o MAX, da Marvel, e Vertigo, da DC são voltados para o público adulto, por isso possuem uma maior liberdade para histórias mais maduras, mas em O Capuz essa maturidade é inexistente. Sem nenhum tipo de empatia ou subtexto, a narrativa é extremamente rasa e nem um pouco inventiva, parecendo escrita por um amador.

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Tudo bem, já deu para entender que a história é ruim e o personagem extremamente desprezível como elemento narrativo. Porém, será que a ação e a arte não melhoram um pouco esse título? A resposta é não.

Logo nas primeiras páginas percebemos que o roteiro não será digno de muita análise, então nossa atenção se foca mais na arte e numa expectativa grosseira e juvenil de encontrar outros personagens mais conhecidos do Universo Marvel, unicamente na esperança de ter um mínimo de diversão. Entretanto, até nisso a obra falha. Tais encontros são mal construídos e dispensáveis, sendo aparições falaciosamente de luxo. Sobre a arte, Kyle Hotz nunca foi um nome que chamou muita atenção, embora seus desenhos não sejam ruins, mas em O Capuz, temos um traço insosso, sem personalidade e uma composição extremamente básica, sem tentar ao menos deixar a narrativa visual mais interessante.

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O Capuz: O Sangue Que Vem das Trevas é uma história fraca, com personagens mal construídos e composição visual enfadonha. O encadernado da Panini tem capa dura e papel de excelente qualidade. É uma pena que o investimento na edição não faz jus ao conteúdo, que, em minha opinião, não valeria nem uma impressão em papel jornal. Uma grande pena e decepção para fãs do Vaughan.

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