A Capa de Mundo Paralelo #1 é assinada por Eduardo Cardenas e Eduardo Schaal!
É chover no molhado reclamar dos preços de qualquer coisa em um país como o nosso, ainda mais quando se trata de artigos que não são de primeira necessidade. No caso dos quadrinhos, todo mundo conhece alguém que curte bastante, mas que hoje compra bem menos, ou até preferiu se afastar, na hora de apertar o cinto. Além disso, é bem compreensível a frustração de quem paga caro e se decepciona ao perceber que se trata de um material mediano, ou até menos do que isso. Agora, dizer que com R$ 8,00 é possível adquirir uma publicação voltada para o Sci-Fi / Fantasia – e alguma coisa de terror – com 150 páginas, formato magazine, papel de qualidade e um elenco de ótimos artistas do cenário nacional parece bem irreal, não? No entanto, a Mundo Paralelo #1 está aí para mostrar que isso é possível.
Obuz – Arte de Eduardo Cardenas!
O editor independente Walter Klattu já havia lançado uma edição preview em 2013, mas contratempos adiaram a concretização do projeto. Felizmente, a espera terminou e a encorpada publicação é um motivo de orgulho para o leitor brasileiro. Trazendo em seu subtítulo “Aventura e Ficção”, acaba homenageando a revista que a editora Abril publicava com esse nome durante a década de 1980, cuja proposta era semelhante, mas com material gringo e uma ou outra iniciativa nacional. Esse formato, com histórias fechadas com ganchos para uma continuidade, inevitavelmente evoca as famosas Metal Hurlant, Fierro, Cimoc e a nossa Animal.
A Mundo Paralelo #1 conta com a participação dos artistas Eduardo Cardenas, Rodrigo Rosa, Ric Milk, Caio Majado, João Azeitona, Walter Pax, Sebastião Seabra, Júlio Brilha, Fabio Cobiaco, Carlos Ferreira, Sam Hart, Eduardo Schaal e Mozart Couto. Os roteiristas são o próprio Walter Klattu, Gabriel de Mattos, Stefano Robert, Nando Alves, Rose Mário e Gian Danton. Todas as histórias mostram o esmero e o profissionalismo da equipe, onde, no meio dessa diversidade de estilos, o leitor vai encontrar guerreiros ciborgues, dragões, folclore japonês, distorções temporais, super-poderes, vampiros e muito mais. Claro que algumas coisas vão agradar mais que outras, dependendo puramente do gosto pessoal, mas é impossível não reconhecer a qualidade geral de todos os trabalhos.
Zulu – Arte de João Azeitona!
Simples e direta, a edição não tem nada além de quadrinhos em seu miolo, acabando uma história e começando outra. Talvez alguns leitores sintam falta de algum tipo de informação sobre os autores, mas – minha impressão pessoal – não chega a incomodar. É um espaço totalmente utilizado para seu fim primordial. Um problema é que existe um índice, mas as páginas não têm sua numeração marcada. Um editorial sobre a iniciativa, assim como informações de contato, pode ser encontrado na contra-capa interna.
Pelos méritos gerais, é evidente que existe uma torcida pelo sucesso da publicação e eu mesmo já estou curioso pelo #2, além de outro projeto comentado pelo editor na contra-capa. Esperamos que esse formato mix dê realmente certo para o material nacional, pois se mostrou problemático na publicação de HQ’s importadas. O exemplo mais recente é o cancelamento da Juiz Dredd Megazine, publicada pela Mythos, cuja qualidade era indiscutível, mas também não há como ignorar totalmente o fator econômico. Neste caso, se a Mundo Paralelo conseguir manter-se neste nível artístico a um preço competitivo, pode inaugurar um novo e ótimo momento para o quadrinho brasileiro.
Loop – Arte de Caio Majado!
Enfim, corra atrás, compre, mostre para todo mundo e torça, pois só temos a ganhar com o surgimento e o sucesso de revistas assim. Quem ainda não tiver a sua, pode encontrar a Mundo Paralelo #1 em São Paulo (Comix e Ugra Press), Rio de Janeiro (Point HQ) e em Curitiba (Itiban Comic Shop). Que esse alcance aumente logo!
