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Jockey – Um ótimo pulp nacional!

 

Jockey

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Em meio à invasão estrangeira nas prateleiras das livrarias e lojas de quadrinhos, vira e mexe achamos algum exemplar nacional, e quando este tem uma ideia original, instigante e uma realização competente, nos resta a esperança de que chame a atenção do público. Talvez esta resenha sobre Jockey ajude neste sentido, nem que seja um pouco.

Ambientado na cidade de São Paulo do início do Século XX, Jockey é um suspense de traição, vingança e suborno com elementos sobrenaturais que envolve vários personagens e acontecimentos em torno das famosas corridas de cavalo da época. A história é dinâmica, fluida e de leitura rápida, com personagens pouco desenvolvidos, mas isso não chega a ser um defeito, porque os eventos em torno do local são mais importantes. Os protagonistas estão lá mais como ferramentas para que a narrativa aconteça do que como figuras carismáticos – o que não significa que sejam pouco interessantes.

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O ritmo frenético e os elementos sobrenaturais da história lembram muito a literatura pulp das décadas de 30 e 40 que, além de se encaixar muito bem com o período histórico, dão um charme e personalidade à obra. Um verdadeiro respiro para aqueles que estão cansados das temáticas do mainstream. Com poucos diálogos, a trama se apoia muito no uso inteligente dos recursos gráficos. O ilustrador, André Aguiar, economizou nos desenhos, principalmente o cenário, o que ajuda no ritmo, no foco da história e alcança até uma certa sofisticação. O traço simples e meio rabiscado confere leveza à HQ, ao mesmo tempo em que consegue chocar em determinadas partes quando necessário. A decupagem também é muito bem feita, deixando as elipses de tempo com uma ótima fluidez e gerando tensão com close-ups nos momentos certos.
Jockey HQ

As cores são usadas com sabedoria e sutileza. Por serem pouco contrastadas, criam harmonia com o roteiro. E ainda bem, pois poderia gerar um exagero gráfico muito rudimentar em determinadas cenas.

Algo que poderia ser melhor trabalhado em Jockey é a diagramação. As variações do básico de nove quadros por página acontecem pouco. Mesmo que esse estilo mais clássico tenha sido proposital, a impressão que dá é que não acompanha muito o ritmo do roteiro. Talvez, assumir um risco maior nesse quesito pudesse aumentar a qualidade da obra.

 

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A HQ de estreia do ilustrador André Aguiar e do roteirista Rafael Calça, é prova de que os quadrinhos nacionais merecem atenção. A temática foge do convencional dos dias de hoje e resgata um estilo de literatura muito rico em possibilidades narrativas. Esperamos que eles, e outros artistas, consigam mostrar mais um pouco do Brasil no espaço apertado das prateleiras ocupadas por Nova York, Gotham City e o Planeta Oa.

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