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Bizarro – Mim odiar essa história!

À primeira vista, uma HQ do Bizarro não estaria entre os favoritos da checklist de ninguém, correto? Afinal, são poucos os vilões que dão histórias solo realmente boas e, quando esse raro evento acontece, normalmente o protagonista é um dos mais ameaçadores arqui-inimigos de nosso super-herói. Mas o Bizarro valeria uma história solo? Sério mesmo? Começo dizendo que SIM e é muito mais divertido do que aparenta.

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A primeira aparição de Bizarro nos quadrinhos foi em 1958 na revista do Superboy e foi criado por cientistas loucos na tentativa de clonar o jovem super poderoso de Smallville com um raio duplicador. Anos mais tarde, Lex Luthor passou a ser o criador do vilão. O personagem já teve várias versões, tanto na pré quanto pós-crise da DC, mas qualquer uma delas segue a mesma lógica deturpada. O sim é não, o bom é mau, o amigo é inimigo, salvar é matar e vice-versa. Claro que, mesmo com algumas passagens interessantes, Bizarro nunca foi um vilão a ser levado muito a sério. Ainda bem, caso contrário, seria difícil ter uma história tão leve, cômica e criativa quanto a que temos aqui.

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Escrito por Heath Corson (roteirista da animação Liga da Justiça: Guerra) e com desenhos do brasileiro Gustavo Duarte (de Chico Bento: Pavor Espaciar), Bizarro reúne as edições de 1 a 6 do título, publicadas originalmente em 2015. Na história, vemos Jimmy Olsen levando Bizarro em uma viagem até o Canadá, pois a imperfeita cópia do Superman está causando problemas demais nas terras do Tio Sam. O personagem título só quer ajudar, mas o problema é que sua lógica reversa faz com que o consertar seja quebrar. E ele acaba destruindo muitas coisas.

A parceria entre Jimmy Olsen e Bizarro parece ser muito extravagante, mas é bom lembrar que antigamente o jovem fotógrafo era o sidekick do Homem de Aço. Porém, agora é Olsen quem tem de guiar a história e fazer o possível para que seu mais novo “pior amigo” não acabe em confusões durante o percurso. É claro que nessa inusitada road trip, nada ficaria nos eixos. Acompanhado de seu fiel chupa-cabra Colin, Bizarro cria um laço muito forte de parceria e amizade com Jimmy, que é forçado a amadurecer para conseguir zelar por seu desastrado acompanhante.

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Durante o percurso, o trio nada ortodoxo enfrenta alienígenas, fantasmas e até um vendedor performático de carros usados, contando de vez em quando com a ajuda de outras figuras marcantes do universo da DC como Zatanna, Jonah Hex, Desafiador, entre outros. Tudo isso de uma forma bem-humorada e sempre brincando com a linguagem às avessas de Bizarro e a jovialidade de Jimmy Olsen.

Infelizmente, conforme a leitura avança, o ar da novidade se esvai levando junto a eficácia do humor. A qualidade narrativa não cai, entretanto a surpresa que anima no início não se encontra novamente em nenhum ponto da história.

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Os desenhos por si só já merecem uma atenção especial. Gustavo Duarte faz um traço cartunesco que se encaixa perfeitamente na proposta. Com uma diagramação esperta e sacadas inteligentes na hora de resumir os acontecimentos anteriores, a HQ é um prato cheio àqueles que procuram uma boa referência para construção de ritmo e elipses.

Outro aspecto muito positivo são as pequenas artes feitas por artistas convidados. Nomes como Rafael Albuquerque, Darwyn Cooke, Fábio Moon, Gabriel Bá, Kelley Jones e Bill Sienkiewicz deixam sua marca no quadrinho e provam que é uma obra diferenciada e especial.

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Bizarro é inusitado, divertido e bem feito. Com seu bom-humor em cima da dinâmica entre a dupla de protagonistas, a história é uma viagem cativante cheia de aventuras e peripécias, valorizada pela narrativa leve e criativa.

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