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Batman: Faces da Morte – Sonífero!

Batman - Faces da Morte

Quem cresceu lendo gibis de super-heróis, mantendo o hábito na vida adulta, está acostumado com a proporção de uma grande história para milhões de outras muito abaixo disso, para não dizer ruins mesmo. Ainda assim, nestes milhões, sempre é possível encontrar alguma coisa que sirva como diversão bem feita, porém fugaz, ambientada naqueles cenários que conhecemos tão bem e gostamos de revisitar sempre. Além disso, um leitor nas condições descritas anteriormente tem, provavelmente, a impressão de que é impossível enjoar de seus personagens preferidos, sempre pronto a conferir se aquela próxima HQ vai ser memorável. Claro, falo por mim, mas arrisco que muita gente compartilha deste sentimento.

Batman - Faces da Morte

Bem, vamos lá: Batman: Faces da Morte, evidentemente, não tem uma grande história e, lamentavelmente, também não é algo que se salve como um passatempo bem realizado e descompromissado. Pior ainda, é o tipo de HQ capaz de afastar um leitor mais crítico, cuja tendência, com o tempo, é arriscar cada vez menos neste universo manjado e investir o dinheiro suado com algo mais relevante. Por R$ 29,90, mesmo com a capa dura com reserva de verniz, papel couché e 164 páginas, o arrependimento bate bem antes de alcançar a última página.  Encadernando as histórias originalmente publicadas em Batman: Detective Comics 01 a 07, faz parte do comecinho da polêmica – eufemisticamente falando – fase Novos 52 da DC, em 2011.

Com roteiro e desenhos de Tony S. Daniel, auxiliado na arte por Szymon Kudranski e Joel Gomez, o arco se inicia com o Homem-Morcego investigando uma série de assassinatos com o envolvimento do Coringa. Chegando até o Palhaço, depois da tradicional perseguição, ele descobre que existe mais um louco operando em Gotham, sob o codinome de Criador de Bonecas, o que explica a onda de cadáveres com órgãos e partes do rosto removidos.

Batman - Faces da Morte

Nos desdobramentos desta trama genérica, vemos Bruce Wayne romanticamente envolvido com uma repórter sex symbol, metida em uma investigação que a leva a um novo empreendimento do Pinguim, onde haverá a revelação da identidade de outra personagem misteriosa e essa descrição já deu. Várias outras coisas acontecem, mas é difícil manter o interesse, pois o fluxo acontecimentos se enrola entre várias sequências de ação pouco inspiradas, mostrando um Batman bem truculento e pouco carismático.

Os desenhos de Tony Daniel estão longe de algo ruim, mas alguns momentos denotam a pressa de um artista trabalhando em uma linha de produção frenética. Os outros dois artistas tem traços menos marcantes que os dele, mas, em termos de narrativa visual, os três fazem o mesmo arroz-com-feijão. Mesmo com um roteiro ruim e traços pouco inspirados, sempre sobra a habilidade de um bom contador de histórias como tábua de salvação nestes casos, o que, infelizmente, não é o caso aqui. Lembrando que o personagem em questão e o tom da história exigem uma paleta de cores mais sombria, o trabalho de Tomeu Morey, apesar de conceitualmente correto, não pode fazer muito por algo que já começou errado e conjunto se torna mais pesado, prejudicando o ritmo.

Batman - Faces da Morte

Tudo isso traz uma impressão de retrocesso, mesmo tratando-se de algo publicado há cerca de cinco anos, como se víssemos um trabalho realizado no meio da década de 1990, sensação que permeia essa fase da DC, com seus personagens tornados mais durões. Aliás, essa é uma observação feita em Batman/Superman: Dois Mundos. Óbvio que muito disso deve ser posto na conta da direção editorial que a DC assumiu, dificultando muito a vida de roteiristas e artistas, mas, se isso traz alguma compreensão, não atenua o julgamento do resultado final.

Batman: Faces da Morte é indicado apenas para os fãs mais fervorosos do Homem-Morcego.  Melhor manter longe de qualquer pessoa ainda se iniciando no mundo dos quadrinhos, já que isso encorajaria argumentos descendo a lenha em HQ’s de super-heróis. Neste caso, seria bem difícil tirar a razão do outro lado.

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