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O Imortal Punho de Ferro Vol. 1 – Pancadaria boa!

O Imortal Punho de Ferro Vol. 1

O Imortal Punho de Ferro

Mexer com a continuidade retroativa dos personagens, cujo termo é retcon, é um caminho natural para uma indústria cujos personagens têm séries rolando há décadas e não existe intenção de finalizá-las em definitivo. Claro, pois já que não há mais muita novidade no caminho à frente, qualquer saga, que traga “novas revelações” sobre o passado do herói, é uma mão na roda para tirar leite de pedra. Bom, talvez “tirar leite de pedra” seja uma expressão um pouco otimista demais para essa prática, mas com certeza adiciona elementos em tramas que pareceriam mais pobres sem eles. O Imortal Punho de Ferro: A Última História do Punho de Ferro é um desses casos.

O Imortal Punho de Ferro Vol. 1

A edição encadernada da Panini traz as edições de 01 a 06 de The Immortal Iron Fist em 148 páginas, com capa cartonada e papel LWC no miolo. Curiosamente aportando por aqui só agora, estamos falando de um contexto da Marvel durante a primeira Guerra Civil (tema de um videocast nosso), com os heróis às voltas com a lei de registro dos super-humanos. Daniel Rand, o Punho de Ferro, é oficialmente um criminoso, já que não se submeteu à vontade do governo. Neste momento, um pensamento como “Mas a primeira Guerra Civil foi há uma década…” pode estar rondando sua cabeça e é exatamente isso. O primeiro número original do nosso gibi é de janeiro de 2007.

Explicação óbvia para tal disparidade. Nosso herói artista marcial já vai ganhar uma série na Netflix, então ele vai aparecer bastante em nossas bancas. Enfim, de qualquer forma, isso é só informação adicional, já que não faz a menor diferença para a história. Os roteiristas Ed Brubaker e Matt Fraction são os responsáveis por esse arco, que apresenta o Punho de Ferro anterior, Orson Randall, que tem um passado envolvendo Wendell Rand, pai de Daniel, e sua busca pela cidade mística de Kun Lun. Orson é um renegado fugitivo, que tem em seu encalço Davos, a Serpente de Aço, inimigo jurado do atual Punho de Ferro.

O Imortal Punho de Ferro Vol. 1

Enquanto isso, as empresas Rand tem uma oportunidade de ouro para fechar um negócio com um conglomerado chinês, na verdade uma fachada da Hidra, mas Daniel diz não na última hora. Sim, a Hidra e Davos estão juntos e duas gerações dos detentores do poder do Punho de Ferro se unirão para frustrar os planos dos vilões e aproveitar a ocasião para Orson revelar mais sobre o que o legado de Kun Lun significa.

Acredito que se você não conhecia bem o personagem e sua origem, a sinopse acima pareceu complicada demais para um recém-chegado. Se este é o seu caso e teve essa impressão, acertou em cheio. Este não é o melhor ponto de partida para um iniciante, que vai achar que muita coisa está ali jogada. Agora para alguém  já familiarizado com essa mitologia, neste primeiro volume, onde a história não se fecha, a coisa pode melhorar um pouco. Mas ainda é pouco e um nome como Matt Fraction (Gavião Arqueiro Vol. 1 e Vol.  2), mesmo que apenas como co-roteirista, prometia algo mais. Mas existe algo atrativo, no fim das contas, que é a participação de David Aja.

O Imortal Punho de Ferro Vol. 1

Aja, hoje bem conhecido pela parceria com Fraction nas já citadas HQ’s do Gavião Arqueiro, naquela época tinha um desenho mais detalhado. Vai do gosto do leitor qual agrada mais, mas a grande estrela deste encadernado é justamente a arte e sua narrativa visual, que lembra a fase boa de Paul Gulacy em Mestre do Kung-Fu, que, por sua vez, já bebia muito da fonte do mestre Jim Steranko. A relação faz mais sentido ainda por estarmos falando de uma história envolvendo artes marciais. O problema é que existem páginas de interlúdio para explicar certos elementos desta mitologia que, infelizmente, são de vários desenhistas diferentes, quebrando o ritmo bacana que David Aja imprime tanto em sequencias de  ação/luta  – estas fantásticas – quanto em cenas de simples diálogos.

No saldo final, O Imortal Punho de Ferro: A Última História do Punho de Ferro é indicado apenas para quem já é fã do nosso protagonista, ou de David Aja. É irregular, mas ainda pode divertir que estiver atrás apenas de alguns quebras muito bem ilustrados. Conforme dito, a história não se fecha, então é possível que as próximas edições sejam melhores. Possível, eu disse.

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