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John Constantine, Hellblazer – A Maldição dos Constantine

O passado sempre volta de uma forma ou de outra. Seja na forma de lembranças, boas e ruins, ou para cobrar alguma besteira que você fez no passado. Como o preço disso depende do tipo de coisas que cada um fez em seu passado, é seguro dizer que ele é relativo. Então imaginem o tamanho da dívida que alguém como John Constantine tem que pagar, e isso sem considerar a inflação do reino demoníaco. Qualquer um se desesperaria, mas John já está acostumado e aceitou bem.

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A Maldição dos Constantine reúne as edições de 292 a 297 (publicadas originalmente em 2012) de John Constantine, Hellblazer e é o penúltimo volume da fase de Peter Milligan e da série Hellblazer no selo Vertigo.

Nesse arco, John e sua esposa Epiphany vão até a Irlanda cumprir uma promessa que ele fez à irmã, que é de encontrar o seu filho. Mas esse sobrinho, há muito perdido, é suspeito de ser um assassino serial ocultista que ficou louco devido a uma maldição contida no sangue da família Constantine. É claro que no meio disso tudo há seitas, fadas sanguinárias e outros seres sobrenaturais que aguardam John para devorar sua alma.

Antes do arco principal, tem uma história a parte que é A Casa dos Lobos. Desenho por Simon Bisley.

Antes do arco principal, tem uma história a parte que é A Casa dos Lobos. Desenho por Simon Bisley.

Antes de iniciar o arco principal, somos brindados com uma curta história sobre o encontro de Constantine com um lobisomem, criatura com a qual John não se vira muito bem. Por dinheiro, o loiro inspirado na figura do Sting aceita o trabalho e no meio da confusão conhece Epiphany, sua futura esposa, ainda muito jovem. Mesmo que esse segmento não faça uma diferença grande para o restante do arco, é uma mini-história bem rápida e bem construída. Além, é claro, de contar com aquela ironia do destino que não passa batida nas histórias de Hellblazer.

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Se você já conhece algo da série, verá que A Maldição dos Constantine é bem familiar. A fase de Peter Milligan com o personagem é muito consistente, com um roteiro bem linear, sem grandes altos e baixos. A história segue seu próprio ritmo e agrada aquele leitor que gosta do Constantine mais investigador.

Tudo começa com uma série de assassinatos brutais em que John é chamado para auxiliar na investigação e se tornando um dos suspeitos – quem diria. Em paralelo com a trama detetivesca, temos Constantine ficando preocupado e, de certa forma aliviado, com relação a suposta predestinação que todos os membros de sua família seriam, necessariamente, malucos de uma maneira ou de outra. Isso tira um certo peso da consciência do personagem, que agora pode justificar todas as péssimas escolhas que fez na vida. É claro, que em um momento no roteiro, nosso protagonista será jogado sem dó e nem piedade contra a parede sobre a veracidade disso.
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Os desenhos de Giuseppe Camuncoli com a arte final de Stefano Landini, mais as cores de Brian Bucellato, deixam a história dinâmica e pesada nas medida. Tudo é mais sóbrio até que o sobrenatural – ou ilusão – aparece em cena. Ai temos um contraste que consegue gerar aquela diferença de linguagem narrativa, distinguindo a presença ou não de alguma entidade.

Se por um lado, essa constância ajuda a história a se manter até o fim, por outro a falta de ousadia acaba frustrando um pouco o leitor. Ao final da leitura, mesmo que a história seja boa, ainda fica aquele gostinho amargo, fruto da certeza de que poderia ter ido além. A arte poderia tentar coisas novas e o roteiro poderia arriscar um pouco mais. Risco é algo que uma história do Constantine pede de maneira intrínseca.

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John Constantine, Hellblazer – A Maldição dos Constantine é uma história instigante e com um ritmo muito agradável. Sem se arriscar muito nem na arte e nem no roteiro, a trama não erra, mas também não gera nada memorável. De qualquer forma, é uma fase importante para o personagem, principalmente na questão do drama pessoal. Mesmo que não seja tão incisivo quanto arcos anteriores – Hábitos Perigosos, por exemplo -, ainda consegue colocar mais um alfinete no cérebro perturbado do protagonista, que tem passagem garantida para o andar de baixo quando for desta para pior.

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