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One Punch Man – Esmurrando a filosofia do tédio!

One Punch Man é um ensaio involuntário sobre a filosofia do tédio

Você acorda pela manhã. Faz sua higiene pessoal (eu espero). Vai fazer o que quer que você tenha que fazer. Depois, tenta arranjar algo para se distrair da sua distração, que você nunca percebe por estar… Bem, distraído. Você dorme, porque está cansado de não fazer nada que realmente gostaria de ter feito, porque nem sabe exatamente o que é isso. Você acorda e repete todo o processo.

A existência no mundo contemporâneo – pelo menos daquela camada acima da linha da miséria, que não é pouca – é permeada pelo fenômeno da alienação e suas ramificações após a superação do seu significado marxista/weberiano. Eu sei, você está de saco cheio de ter ouvido sobre isso também já. Provavelmente, estava completamente distraído enquanto seu entediado professor de humanas tentava te explicar sobre isso – no automático. Fato é que essa alienação começa um processo que termina em um sentimento que praticamente define o momento da história em que vivemos – embora seja moralmente repreensível admitir. 

Você está entediado.

De fato, o tédio é algo tão opressivo justamente porque tentamos evitá-lo a todo custo; é o elo que une a primeira ponta dessa corrente, a alienação, aos males que muitos psicólogos e especialistas definem como os mais representativos do século XXI: a depressão e a ansiedade. Nós não podemos aceitar que estamos entediados, porque, como dissemos, a moral estabelecida da sociedade de trabalho e consumo estabelece que, se você está entediado, é porque não está produzindo e/ou fazendo o bastante. Mas fato é que, embora o que nós produzimos nos garanta estabilidade, não nos oferece nenhum propósito. Nada. Um grande vazio de sentido e significado.

É mais ou menos assim que Saitama, o epitomático protagonista do mangá One Punch Man, se sente todos os dias da sua vida. De fato, a HQ do japonês que atende pelo pseudônimo de ONE traz um dos grandes símbolos da contemporaneidade, embalado em uma das grande metáforas do século XX, redescoberta recentemente pelo grande público: os super-heróis. Mas criar um super-herói completamente entediado parece um grande risco certo? Não exatamente. Já foi feito antes. Porém, antes de entrarmos nesses méritos, afinal, por que One Punch Man merece uma chance de, ironicamente, nos fazer romper com nosso esmagador tédio cotidiano? 

One Punch Man

One Punch Man!

A resposta é um tanto simplista, mas muito importante: para que possamos rir dele e, talvez, aceitá-lo com menos sofrimento. É preciso nos debruçarmos sobre o tédio e aplicar sobre ele o exercício filosófico, e assim compreendê-lo – e talvez aceitá-lo. Felizmente, ONE faz esse favor para nós torturando seu pobre e calvo personagem.

Um super-herói para os nossos tempos

Talvez seja um equívoco dizer que One Punch Man seja um mangá de super-heróis. O que vemos ali são tudo, menos exatamente heróis. Não obstante, a parte do heroísmo parece iníqua perto do que a narrativa realmente apresenta: menos os encapuzados em si, e mais a maneira como as pessoas se comportam e se relacionam num mundo cheio heróis, vilões e desafios que são, no fundo, completamente artificiais. O mangá é uma paródia, é verdade, mas uma repleta de cinismo e um tom meio-amargo. O non-sense típico e exacerbado dos mangás está presente aqui – até justificado pela natureza super-poderosa dos personagens – mas o subtexto é agudamente autoconsciente.

Por um lado, a história explora o agora saturado mercado dos super-heróis do lado de fora, de certa forma por uma perspectiva até neutra e não-tendenciosa. Ela mostra como muitas vezes aqueles com o desejo de serem verdadeiros heróis são deixados para trás pela burocracia e pela política. Aponta também a ignorância de uma sociedade que não consegue pensar por conta própria. Mostra velhos tropos, sobre como poder e riqueza podem corromper mesmo os justos. É uma perspectiva pessimista, onde as pessoas esperam ser protegidas por heróis, e os heróis esperam que elas sejam gratas por isso. Uma espécie de Watchmen às avessas – e essa não é a única comparação possível com a obra seminal de Alan Moore. Mas não vamos nos adiantar.

Onde Saitama se encaixa exatamente nesse ensejo? Mais ou menos acima de tudo isso. O gancho da série é que o seu protagonista é tão absurdamente poderoso, num sentido camusiano, que ele consegue derrotar tudo e todos com um único murro. A piada recorrente é que Saitama, o mais forte herói já visto, não consegue fazer o que faz estritamente porque é bom – ele faz porque parece ser a única maneira de conseguir algum senso de satisfação e realização em sua vida. Sem qualquer tipo de desafio ou conflito, ele está preso num tediosamente delirante cotidiano, rezando para si mesmo todos os dias para que surja algum desafio que o faça se esforçar, mesmo que minimamente.

Sua história pregressa nos mostra que ele não era alguém muito diferente antes de ganhar de seus poderes – em que seu trabalho diário não trazia nenhum senso de realização, levando-o ao desemprego que trazia menos perspectiva ainda, fazendo de Saitama alguém letargicamente depressivo. E se você não levou nem uma fração de segundo para se lembrar de alguém na sua vida que se encaixa nessa descrição – ou se você mesmo se encaixa – bem, só significa que ONE tem um ponto a sustentar aqui.

O protagonista quer definir a si mesmo como um herói porque fazer algo heróico foi a única vez em sua vida em que ele sentiu que estava fazendo algo realizador. O trecho que mostra sua luta contra o bizarro vilão Sirilante é prova disso: sua expressão apática dá lugar ao proverbial “fogo nos olhos” do propósito interno. Apenas para um salto na narrativa nos mostrar que esse fogo está completamente extinto, no momento em que Saitama já está habituado aos seus poderes tão devastadores e que tornam tudo frívolo. A pior parte é como Saitama conseguiu esses poderes: com um treinamento calistênico e aeróbico moderado, que não faz muito inveja para qualquer atleta semi-amador. Ou seja, mesmo do desafio de conseguir seus poderes ele foi privado, pois, no fundo, foi tudo relativamente fácil.

One Punch Man

O fim escatológico do Sirilante que acendeu uma fagulha de inspiração em Saitama!

Ele trabalhou duro e conquistou o que queria… Mas não pensou o que faria além disso. Uma vida sem propósito e sem desafio, pois ela começa onde deveria terminar. O tédio que permeia a existência de Saitama é mais do que um tédio circunstancial, é um tédio existencial – um termo que, como veremos, não está sendo levianamente usado aqui. A última ponta de uma vida onde mesmo objetivos moderados são inalcançáveis, pois o que quer que poderíamos ter nós já temos em troca de muito pouco, moderando ou simplesmente esmagando nossas perspectivas de ter mais. Ou, pelo menos, de ter de outra forma – uma realizadora e satisfatória

Ouro de Tolo

Se Raul Seixas estivesse vivo e lesse quadrinhos, ele processaria – ou mais provavelmente ficaria lisonjeado – por ONE ter transformado sua canção Ouro de Tolo em um quadrinho crítico de heróis na época em que os encapuzados estão mais na moda do que nunca. “Eu devia estar contente / Por ter conseguido tudo o que eu quis / Mas confesso, abestalhado / Que eu estou decepcionado / Por que foi tão fácil conseguir / E agora eu me pergunto ‘e daí?’ / Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar / E eu não posso ficar aí parado”. Vai me dizer que você não consegue ouvir essas palavras saindo da boca de Saitama?

Brincadeiras à parte, por estranho que possa parecer, da parte do criador da série, é possível fazer uma leitura interessante. ONE demonstra um interesse particular na ideia de prodígios frustrados – tanto em OPM quanto em seu outro sucesso, Mob Psycho 100. Enquanto personagens assim são os carros-chefe das suas narrativas, ONE os vê como pessoas desconstruidamente falhas e confusas, que são demasiadamente definidas pela sua utilidade – aquilo que sabem fazer – para possuir qualquer tipo de identidade além disso. Voltamos novamente ao tópico inicial – nós somos definidos, no mundo contemporâneo, pela nossa utilidade social; mais especificamente para o mercado de trabalho. Qualquer conversa casual com um estranho dificilmente começa sem a maldita pergunta: “trabalha com o que”? Não concebemos a ideia de quem somos, mas sim para que servimos.

A situação de Saitama é similar – é uma espécie de encarnação da filosofia pós-foucaultiana do trabalho num spandex amarelo. Ele bateu de frente com a muralha da realidade e parou de se preocupar em achar um jeito de transpassá-la. Não é que o quadrinho seja um reflexo do sucesso de ONE como artista – mesmo que seja primeiro trabalho divulgado dele, e ele é um péssimo desenhista. OPM começou como um web mangá. Ele o lançava de graça na internet, e o continuava no seu tempo livre. Meio por acaso, meio sem qualquer tipo de real entusiasmo, OPM foi descoberto por um artista de verdade, Yusuke Murata, e ao ser ilustrado adequadamente decolou no sucesso que é hoje. Fato é que, quando a perspectiva da arte é alinhada à maneira como Saitama interpreta seu trabalho como herói é que surgem os reais debates em torno da série.

One Punch Man

Murata deu o toque de qualidade que faltava nos desenhos para uma boa história.

Antes de nos aprofundarmos mais na ideia do tédio em OPM, é interessante observar o argumento de Kevin Winzer sobre a série. Nele, é estabelecido que, embora o tédio seja um dos temas centrais do anime, ele não é necessariamente o escopo. Esse seria, narrativamente falando, o conflito – ou a ausência dele. No texto de Winzer, do Wisecrack, a história de OPM é avaliada dentro de seu ensejo narrativo a partir da ideia que levantamos alguns parágrafos acima: Saitama começa onde ele, segundo o padrão das narrativas heróicas, deveria na verdade terminar. Nos lembra um pouco da reflexão feita por Neil Gaiman através do diálogo dos Perpétuos Desejo e Sonho: “Todas as histórias começam da mesma forma, irmão: alguém queria alguma coisa”. No caso de OPM, isso não acontece, porque o motor da narrativa é exatamente esse: nada. Saitama não quer nada. Ele desistiu de querer qualquer coisa, e agora vive no automático.

E o motivo pelo qual ele desistiu é porque nada realmente o desafia. Saitama sequer convive com a possibilidade de perder o poder que conseguiu, pois ele se tornou não apenas forte, mas invulnerável ao ponto de simplesmente esquecer a natureza de sentimentos como a expectativa e o medo. E por isso, não lhe resta nenhuma motivação. Isso vai além de uma questão materialista, por exemplo, como a do mercado de trabalho. É um problema que pincela um grau de existencialismo: pelo que viver se nada me resta para conquistar?

Claro que a série dificilmente existiria se fosse simplesmente mostrar um sujeito perambulando entediado por aí. ONE, se utilizando do escopo cômico, realiza uma pequena perversão e faz algo que poucos manuais de roteiro recomendariam: ele transforma o que seria o deus ex machina da história, Saitama, em seu protagonista. Assim, o que faz com que a trama progrida são os personagens periféricos – que, nessa divertida inversão, acabam se tornando na realidade os protagonistas. O sidekick de Saitama, Genos, por exemplo, é um exemplo clássico de arco do herói, com todo o pacote de motivações – desde o passado triste até a busca por mais poder para se tornar um herói de elite. Genos seria o protagonista escarrado de qualquer anime shonen, o que é claro uma explícita brincadeira do autor. 

Entretanto, não importa o quanto Genos ou qualquer outro personagem se esforce. Estando à altura do desafio em questão ou não, a grande piada – parafraseando Raul, um tanto quanto perigosa – é que não importa o que eles façam, toda iniciativa se torna frívola diante da existência de Saitama. Todo o sangue e suor derramados são completamente invalidados pela facilidade hilária com que Saitama resolve os problemas. Do ponto de vista narrativo, Saitama é o que se chama um flat character: um personagem plano. É alguém que não muda, que permanece o mesmo do início ao fim da narrativa; mas com uma pegadinha. Porque mesmo personagens planos partem de alguma motivação.

Exemplos clássicos de shonen, como Goku ou Naruto, partem desse princípio. Toda a narrativa orbita em torno deles, para que eles semprem salvem o dia no final. Mas mesmo Goku precisa se matar de treinar para adquirir mais poder. Pode não ser nenhum roteiro genial, porém Goku acompanha a história. Ele é um personagem plano, dentro de uma história se desenvolve ao redor da sua presença e poder. Saitama não. A história acontece à sua revelia e, por isso, quando cada uma delas é encerrada abruptamente, nós rimos porque todo esforço foi frívolo e o status quo permanece intocado.

One Punch Man

Protagonistas shonen compartilham dos mesmos tropos e clichês.

Ou seja, mesmo os conflitos dos outros personagens são completamente irrelacionáveis enquanto soubermos que Saitama sempre vai prevalecer sem nenhum esforço no final. O processo catártico é interrompido, e daí resgatamos novamente o tópico principal do texto: tédio. Winzer até está correto em apontar que é a ausência de conflito que motiva (ironia pretendida) a série, mas essa reflexão não é o seu produto final; um tanto análogo ao que vivenciamos no mundo real. Diante da ausência de conflito, é o tédio que prevalece no final. 

Então por que Saitama iria querer ser um herói – não seria isso em si uma motivação? A resposta pode estar no seu exato oposto – tanto em níveis de poder quanto motivacionais, e um dos personagens mais interessantes da série: Mumen Rider, o Ciclista da Justiça.

O Ciclista da Justiça vs. o Objetivismo

Um dos aspectos mais hilariamente indefinidos em OPM é definição de “herói”. ONE faz isso de muitas maneiras, mas a mais interessante é a comparação entre Saitama e Mumen. Através deles – e da imensa diferença de poder entre ambos – surge a pergunta: o que faz de um herói um herói?

O mais importante – mesmo – é apontar que os dois possuem uma forte bússola moral. Independente das suas situações particulares, nenhum questiona como deveriam exercer suas atividades heróicas. Saitama diz que o faz por diversão, mas nós sabemos que é mentira desde o início, justamente porque ele sempre está mortalmente entediado. Ele também diz que busca um adversário à altura, o que nós sabemos que nunca vai acontecer porque, bem… Esse é o mote da coisa toda, não? E, ainda assim, Saitama continua agindo como herói, e recolhendo migalhas de motivação cotidiana: acompanhar Genos, subir alguns rankings na Associação dos Heróis… Pequenas coisas, mas que o impedem de enlouquecer de tédio, porque mesmo não sendo nenhum filósofo, ele está plenamente consciente da sua condição como indivíduo no mundo 

Mumen não é diferente. É um homem comum que deseja, acima de tudo, ajudar as pessoas. Seu esforço lhe garantiria posições superiores no ranking dos heróis, mas ele se mantém na mesma posição por uma condição limítrofe aguda e dolorosamente real: sua consciência. Ele explica que não deseja galgar posições, pois sabe que, não possuindo nenhum poder, quase sempre vai encontrar situações em que será inútil. Ele diz levar o trabalho muito a sério… Mas ele usa uma bicicleta, peloamordedeus. Mumen também não é nenhum filósofo, mas tem plena consciência do seu lugar no mundo: fazendo apenas a parte que pode e que lhe cabe. E esses termos não fazem de nenhum dos dois menos heróis. Pelo contrário.

Existem três cenas que são muito importantes para pontuar a relação entre os dois através de sua bússola moral: o meteoro, os Paradisers e o Rei do Mar Profundo. No caso do meteoro, as consequências dessa cena estabelecem que Saitama faz o que faz porque quer, e não exatamente por popularidade ou obrigação moral (embora isso possa ser considerado uma motivação em si, ele não se apega demais aos seus fracassos). Ele conseguiu se tornar o mais forte dos heróis, mas não se importa nem um pouco em fazer as pessoas saberem disso. Como dissemos, de muitas formas, poderíamos dizer que ele faz o que faz por um resquício de senso de satisfação.

Isso, associado ao contexto geral do tédio, poderia fazer OPM parecer como uma espécie de ode super-heróica ao objetivismo, a escola filosófica proposta por Rand e Peikoff. Rand descreve sua própria escola como “o conceito do homem como um ser heróico, com sua própria felicidade como o propósito moral de sua vida, com a realização produtiva como sua atividade mais nobre e a razão como seu único absoluto“. Parece bem condizente, certo? O problema é que o objetivismo, como filosofia, é uma piada de mau gosto – a ideia é que uma pessoa seja heroína de si mesma e mais ninguém, e que isso é moralmente justificável – e cair nessa vala seria uma excelente razão para ignorar todo o contexto de OPM; o que também tornaria este artigo frívolo. E é aqui que Mumen pedala de volta para o texto.

One Punch Man

Ayn Rand, autora de livros como A Nascente e A Revolta de Atlas.

Mumen é, de fato, um altruísta, e a cena dele com os Paradisers é nossa primeira prova disso. Ele enfrenta os vilões, sob os louvores do público, e exibe imensa auto-confiança… Antes de virar uma poça de sangue no segundo seguinte. Saber das suas limitações não o impede de fazer sua parte – Mumen estaria completamente isento de uma obrigação moral de interceder em algo além de sua alçada. Ele o faz porque quer, e o que o faz querer é sua bússola moral. Exatamente como Saitama. A diferença entre eles é “apenas” a escala de poder – no fundo, tanto Saitama quanto Mumen representam o mesmo espectro ético, só em pontas diferentes da capacidade de aplicá-lo. O autor os cria assim deliberadamente, e brinca com isso: Mumen é imensamente popular e acumula louros que não lhe cabem, mesmo não querendo; Saitama é virtualmente desconhecido e furiosamente criticado por roubar o holofote dos outros heróis, mesmo não querendo.

A cena do Rei do Mar Profundo, que reúne ambos, é a exegese dessa perspectiva. No fundo, não é a ausência de um conflito ou a presença dele que motiva ou desmotiva os personagens. Muito como na vida real, eles são o que são, independente da narrativa em torno deles. Mumen enfrenta o Rei do Mar Profundo sabendo que vai ser derrotado. Saitama enfrenta a opinião pública depois de derrotar o Rei sabendo que será execrado pela população. 

Não existe conflito, mas existe sacrifício – Saitama e Mumen, juntos, driblam o objetivismo ao determinar que o verdadeiro heroísmo não é oriundo de atos grandiloquentes, mas de se dispor a fazer o que é certo quando é necessário. Independente da motivação (ou falta de). OPM brinca com ideias de heroísmo, mas isso é claramente um pano de fundo para explorar a ausência de motivação cotidiana como não sendo o fim do mundo. Fazemos algo porque é realizador, não importa o quão fútil e ridículo possa ser. Mumen é o que é porque lhe sobra motivação, mesmo lhe faltando poder; Saitama é o que é porque lhe sobra poder e falta motivação. 

One Punch Man

Mumen enfrentando o Rei do Mar Profundo é uma das cenas mais tocantes e simbólicas do anime.

Uma narrativa onde um monte de personagens poderosos percebem o quão irrelevante ser assim é pode ser algo incrível. Às vezes, é preciso entender que o tédio, como muitos outros aspectos da nossa existência, pode ser uma ferramenta preciosa. Saitama, para o resto dos personagens – incidentalmente, para nós – é o choque de realidade que surge devastando tudo, lembrando a eles e a nós o quão insignificantes todos são diante da vastidão da vida e do universo.

Saitama entende isso sobre si mesmo. Mumen também. Eles sabem que ser o mais forte significa muito pouco, mas fazer algo realizador pelo puro prazer de fazer pode ser libertador. Onde Saitama e Mumen se diferenciam dos objetivistas é justamente no fato de que eles genuinamente desejam que o outro progrida, e não se vêem como competidores. Saitama se torna amigo de Mumen porque reconhece o bom coração do sujeito, e mesmo sendo um mentor meia-boca, realmente valoriza sua amizade com Genos. A despeito do quão deslocado se tornou do resto do mundo – não em pouca medida por ser meio cínico, e é cínico porque é cretinamente entediado – ele não se torna egoísta ou maligno.

O maior exemplo do que isso poderia implicar, agora, é a comparação com outro personagem. Mas de uma, digamos, “realidade alternativa”. Careca, indestrutível e super-poderoso. Não, não continuamos falando de Saitama. Falamos do homem mais entediado do seu próprio universo: Dr. Manhattan.

One Punch Watchmen

Meio sem querer, ele acaba adquirindo poderes divinos, que fazem com que nada no universo se compare à sua existência. Sua mera presença no mundo desequilibra poderes, e é o motor de causalidade que muitas vezes gera desastres incidentalmente encerrados por ele mesmo. Entretanto, seu excesso de poder faz com que ele não consiga se identificar de forma alguma com outras pessoas, se distanciando mais e mais do mundo, imerso em um tédio existencial que o coloca em xeque em relação à si mesmo.

É claro que em um recorte completamente tendencioso e enviesado, não é difícil comparar Dr. Manhattan com Saitama – até mesmo a carequinha como marca registrada. Mas qualquer coisa a partir daqui é uma extrapolação das intenções de seus autores; o que não deixa de ser sempre uma possibilidade legítima de interpretação. Afinal, Alan Moore (dissemos que ele voltaria) criou seus desequilibrados heróis com um princípio: questionar as consequências da existências de super-humanos no mundo real. A completa apatia e tédio que emanam do Doc Manhattan são subsequentes a esse questionamento. No caso de OPM, o cerne é esse tédio que Saitama emana. As críticas que ONE faz em relação aos estereótipos de super-heróis e animes são consequências secundárias. Nesse sentido, Watchmen e OPM são espelhos um do outro – conforme aponta Michael Luxemburg ao diferenciar os conceitos de sátira e paródia usando respectivamente as obras acima como referência.

Enredos à parte, o que define Manhattan e Saitama são suas respectivas onipotências, certo? Bem, não necessariamente. Porque, dada a natureza das obras de Moore e ONE, o que os define é sua reação à essa onipotência. Ao que, mais uma vez, poder-se-ia questionar tal afirmação, afinal, todo o propósito desse trecho é apontar a maneira como a completa ausência de propósito ou conflito de ambos leva ao tédio em um nível existencial. Aqui reside a primeira ironia na compreensão da ideia do tédio trabalhada aqui – o problema simbólico, tanto de Manhattan quanto de Saitama, não é necessariamente eles estarem entediados, mas não saberem o que fazer com esse tédio. 

Manhattan se força, no início da narrativa, a participar do cotidiano das pessoas. Com o tempo, retorna apenas quando é forçado a isso. Saitama, antes de se tornar poderoso, também interagia, como quando salvou o menino do Sirilante; com o tempo, passa apenas a fazer o que quer quando acha que é necessário. O porquê disso nos leva ao cerne do tédio levado às raias do existencialismo: um zeitgeist, uma observação do mundo ao nosso redor. E por isso, a presença de Saitama no mundo pode ser mais crível do que a de Manhattan. Explicamos.

One Punch Man

Esse encontro é uma das ideias recentes favoritas da internet.

Watchmen foi confeccionada dentro do contexto da Guerra Fria e o terror nuclear. A presença de Manhattan no mundo é aterrorizante porque o mundo está à beira de um colapso – com a devida nota da parte de Moore de que isso não tem necessariamente a ver com ele, mas justamente com um histeria coletiva com a qual ele não consegue se relacionar justamente por ser onipotente e enxergar tudo isso como uma grande disputa mesquinha. Aqui existe algo importante a ser pontuado que demonstra como o espírito da narrativa de ambos os personagens é o que os diferencia: Doc Manhattan deixou o tédio torná-lo amoral. O mundo está acabando, mas ele não se importa. É exatamente aquilo que é apontado desde o início pelo Comediante, quando esse dá um tiro em uma mulher grávida: seu esforço para de fato fazer alguma coisa em prol da humanidade tornou-se nulo, justamente no momento histórico em que havia mais motivo para tal.

Um dos motivos para isso, se observamos – e algo que o diferencia por completo de Saitama – é que ele está constantemente envolvido e subjugado pelos desejos e tramas de gente menos poderosa que ele, como Ozymandias. O que leva a questão: por quê? Por que alguém onipotente se permite isso? A resposta, por ousada que seja, pode ser a seguinte: Manhattan são possui a consciência do onipotência que Saitama possui. Ao ser acusado publicamente de causar câncer, Manhattan foge, cansado, porque não sabe lidar com o tédio que seus poderes lhe causam. Saitama, quando acusado de promover a destruição e mesmo de roubar os louros de outros heróis, assume a bucha e segue em frente, porque – diabos – ele é onipotente. Manhattan é indulgente, e permite que sua onipotência lhe torne amoral, o que são esferas distintas; Saitama, mesmo que intuitivamente, não.

Lars Svenden, filósofo norueguês, tem um insight interessante que nos ajuda a diferenciar o real tédio existencial de Saitama da apatia amoral velada de Manhattan: “o tédio sempre contém uma consciência de se sentir preso em uma armadilha, seja numa situação particular ou no mundo como um todo”. A palavra-chave aqui é “consciência”. Tédio não é o mesmo que solidão, mesmo que possamos nos sentir entediados diante da ausência de distrações. Olhar para o tédio como tal, e não ser sobrepujado pela ideia antes mesmo de ela acontecer, e continuamente fugir – a diferença entre Saitama e Manhattan, é uma escolha existencial: tal qual estabeleceria o existencialismo, de onde a filosofia do tédio extrai muitas fontes, a vida não possui nenhum propósito senão o que damos para ela. A ausência de um objetivo abre a possibilidade de um profundo tédio, sim, mas não determina o que fazemos com ele.

E a diferença no tratamento do tédio está justamente no fato de que Manhattan tem do que e de quem fugir; Saitama não. Ambos são frutos de seu tempo: o primeiro vivia em uma era de grande agitação e convulsões políticas e sociais; um prato cheio de coisas para ignorar. O segundo não tem nada para ignorar, e por isso tem que lidar consigo mesmo sem ter o que fazer. O azulão é uma ideia de onipotência aplicada ao passado. O Careca de Capa é uma lembrança contínua e inevitável da sociedade que construímos após e como consequência da época do primeiro. E é por isso que o tédio de Saitama é o que se pode chamar de um tédio existencial. 

Mas afinal, o que diabos significa realmente essa expressão?

Preguiça de viver

Se eu ainda não matei o amigo leitor de tédio circunstancial, finalmente chegamos ao tédio que de fato define Saitama e o propósito de OPM: o tédio existencial. O tédio existencial se diferencia de outras formas de tédio no sentido de ser uma experiência metafísica. É diferente do tédio circunstancial ou situacional – que é muito mais uma experiência e condição psicológica do que metafísica.  O amigo leitor pode estar entediado neste exato instante: este colunista tem plena consciência dos efeitos da sua verborragia. Mas, como estabelece o mesmo Lars Svendsen, isso é uma questão de ontologia: é diferente estar entediado de ser entediado, sendo que o primeiro é uma possibilidade individual e o segundo um sintoma coletivo.

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O filósofo Lars Svendsen!

É importante pontuar isso, porque é exatamente isso que diferencia a condição de Saitama de algo circunstancialmente cômico: ele não está entediado. Ele é entediado, porque está preso dentro de uma existência sem propósito. E ele está preso, porque o que determina a origem de seu tédio é algo que, independente da vastidão dos seus poderes, está fora do seu controle. Deliberadamente ou não, essa é uma hilária interpretação agridoce do mundo contemporâneo – especialmente sendo nativo de uma cultura que é a exegese da organização e da previsibilidade como o japonesa – por parte do autor ONE: independente do que você queira fazer, ou de quem você queira ser, todos nós estamos limitados a certas ambições e ações previamente determinadas pela maneira como o mundo e a sociedade contemporâneas se organizam.

Nós mencionamos que a composição do Doc Manhattan é profundamente baseada nas agonias de seu tempo. Assim Saitama o é em relação ao nosso. Mas agora, 30 anos a posteriori, é fácil identificar as características do período de Watchmen – até porque, não obstante, a Guerra Fria já se estendia por mais de 40 anos quando Moore escreveu a HQ. Depois disso, nós passamos a viver em um mundo ainda mais acelerado e dinâmico, imerso na Era Digital e nos seus desmembramentos sociais, políticos e econômicos. Uma sociedade acelerada e, paradoxalmente, mais homogênea dentro de um exacerbado individualismo.

É um fato que nunca antes na história humana vivemos, como espécie, um período de paz e prosperidade como o atual. Não, este colunista não é idiota ou alienado. Com o perdão e a indulgência do amigo leitor, é uma questão de perspectiva histórica: independente de todos os problemas que tenhamos hoje – e são muitos e muito graves – é inevitável observar que todos os períodos históricos anteriores foram muito piores. Não importa o que seu tio panaca do whatsapp continue bradando entre perdigotos digitais que “antigamente era tudo melhor”. Não, não era. Bem, talvez o futebol. Mas a distribuição e acesso a recursos vitais para a sociedade, como saúde e educação, são hoje universalizadas de uma forma sem precedentes na história humana.

Talvez justamente porque durante o período em que Watchmen foi escrito a humanidade tenha flertado com um apocalipse atômico, de lá para cá nós, como um todo, nos esforçamos para que esse tipo de escalada de conflito e ameaça nunca mais acontecesse. E, para surpresa geral de todos… Nós meio que conseguimos. Criamos um mundo relativamente confortável para uma quantidade nunca antes vista de pessoas. Nunca antes, tantos de nós vivenciaram algo próximo de uma vida utópica. E o fantasma de Saitama retorna ao texto quando extraímos uma observação dessa conquista: nunca antes tantos de nós estiveram tão entediados. 

Tomemos as observações feitas por um conterrâneo de ONE, Masahiro Morioka. Em seu livro Painless Civilization, o filósofo japonês observa a paradoxal condição civilizatória humana. A eliminação do sofrimento e a aquisição de prazer tornaram-se os objetivos supremos do mundo pós-Guerra Fria. Entretanto, ao eliminarmos a dor e o sofrimento, também eliminamos a perspectiva de conflito, o que, paradoxalmente, nos levou a perder a perspectiva de um sentido da vida, que é indispensável para o ser humano. Os inúmeros dilemas educacionais e o apontamento de doenças psíquicas tais quais depressão e ansiedade como os “males do século” são evidências dessa reflexão.

One Punch Man

Masahiro Morioka!

O autor analisa tais questões sociais como os ultrassons pré-natais com o objetivo de evitar o nascimento de crianças deficientes; nossos esforços para controlar o meio-ambiente, assim como, analogamente, a tecnologia “naturalizada” encontrada em ecossistemas reconstruídos. Nosso turismo de “natureza domada” e a banalização da ideia de aventura, onde todo o planeta se enclausura em um ambiente controlado e “family friendly”. Um mundo onde absolutamente nada inesperado acontece, nada que possa atrapalhar nosso planos. Morioka aponta que a sociedade contemporânea, como um todo, inevitavelmente nos leva uma condição que ele chama de “mortos-vivos”, uma forma de “vida fossilizada”. Mais ou menos – veja você – como Saitama. Ele chama todo o sistema que nos leva a essa condição miserável de “painless civilization” – “civilização sem dor”.

No pain, no gain

Segundo Morioka, são os “desejos do corpo” que promovem esse tipo de civilização sem dor. Esses desejos nos afastam da profunda “alegria da vida” que poderia acontecer de maneiras inesperadas quando transformamos nós mesmos através de processos dolorosos e/ou de sofrimento. É importante, nesse ponto, frisar algo importante: é por essa última sentença que se diferencia a avaliação de Morioka de uma indulgência à sistemas sociais, políticos e econômicos que permitem a dor e o sofrimento de seus povos. Para Morioka, a experiência de dor e sofrimento é algo individual e imprevisível – agruras cotidianas – e não um deliberado e sistemático desprezo por uma qualidade de vida básica que promova a privação e a pobreza. Esses “desejos do corpo” particulares promovem uma corrente “anestesiada” e permeiam a sociedade. Uma civilização sem dor astutamente retira toda a possibilidade de experimentar a alegria de viver, em troca de prazer e conforto. Como resultado, torna-se difícil para pessoas comuns superar esses mecanismos de amortecimento e viver uma vida sem arrependimentos.

E esse é um dos aspectos pivotais que tornam Saitama uma metáfora ambulante em OPM. Para se tornar um herói, ele não teve que fazer muito esforço. Para continuar sendo um herói, ele faz menos ainda. Tudo ao seu redor cria maneira de fazer com que sua existência seja completamente amortecida – sem dor. Mesmo os pretensos desafios – como o sistema de ranking da associação dos heróis – são falsos desafios: é muito mais uma maneira de mantê-lo entretido e anestesiado do seu tédio existencial do que uma maneira de poder superá-lo. OPM, em toda sua comédia, acaba se tornando uma crítica tão aguda justamente porque Saitama, para onde quer que olhe, não tem realmente muitas opções, porque não há realmente o que fazer.

One Punch Man

As expressões vazias de Saitama são muito mais do que aparentam.

Sua presença como um deus ex machina na história, aqui, percebe-se invertida: ele não é aquele que aparece para solucionar problemas insolúveis do ponto de vista dos outros. Ele é aquele que percebe que, do seu ponto de vista, todos os problemas já estão solucionados antes de acontecer. Citando o filósofo australiano Peter Toohey: “Confinamento e previsibilidade são os pilares gêmeos do tédio. (…) Como o mundo em que vivemos nos força a ficarmos confinados em nós mesmos, e é absolutamente previsível sob a égide de evitar surpresas desagradáveis, nos entediamos numa escala social a um nível existencial”

Ou ainda, citando uma das expressões sociológicas da moda, a sociedade do cansaço de Byung Chul-Han: “Na era da Depressão, do TDAH, da hiperatividade, do Burnout, a violência só pode ser neuronal. Somos oprimidos a partir de dentro. Engolimos as demandas. Nos sentimos incapazes ou capazes de mais. Tristes ou felizes demais. Superaquecemos por um excesso de positividade! Não há saída para quem tem o mundo à disposição, como nós. Somos atingidos por bombas de imagens, sons, vídeos, anúncios, produtos. Temos o mundo ao alcance das mãos e nos nossos bolsos. Parece que não há mais espaço para criar mundos. Eles já estão todos aí com as devidas hashtags.”

No primeiro tópico, chamamos Saitama de “um herói para os nossos tempos”. Agora o amigo leitor já entendeu porquê: Saitama somos nós. Presos por uma bússola moral em uma estrutura social/política/econômica que nos impede de sofrer, mas também nos impede de viver, levando à uma condição de tédio metafísica – quase tão imperceptível quanto inexplicável.

Um soco no tédio! – E acabou

Para encerrarmos o extenuante sofrimento do leitor com esse entediante artigo – temos plena consciência da ironia na relação tema-extensão do texto – o que Saitama poderia fazer para vencer o tédio, este alegórico e abstrato adversário, inatingível por um socão? De acordo com alguns pensadores do assunto, incluindo muitos dos já citados: não tratá-lo como tal. Ao invés de lutar uma batalha constante e natimorta contra o tédio, é mais fácil e muito mais produtivo abraçá-la. Se o tédio é uma janela da natureza fundamental da realidade em que vivemos e, per extensa, da condição humana, então lutar contra o tédio equivale a abrir as cortinas. Sim, a noite do lado de fora está imersa numa escuridão profunda, mas as estrelas ali brilham mais forte exatamente por isso.

A lição que é importante ser extraída de OPM é: Saitama é um super-herói onipotente de uma comédia – o que imediatamente emana um desejo de sermos como ele. Todo poderes, nenhuma responsabilidade. Mas, diante de tudo o que vimos até aqui, aprendemos que Saitama é, antes de tudo, um herói trágico. Nós não queremos ser como Saitama mais do que queremos estar presos na modorrenta roda de uma ausente fortuna que deliberadamente criamos. Por isso, a solução mais inteligente – e, no geral, mais saudável – é rompê-la por dentro. 

Citando outro pensador contemporâneo que se debruçou sobre o tema do tédio, Mark A. Hawkins: “Ironicamente, o tédio que consideramos tão doloroso, e o qual faríamos qualquer coisa coisa para evitar, é precisamente aquilo que precisamos para viver uma vida satisfatória, realizadora e com entusiasmo. É abraçando o tédio, e usando-o para aprender sobre a realidade do mundo e das nossas vidas, que podemos finalmente criar uma existência com significado. Apesar de sua reputação, o tédio carrega o potencial para nos ajudar a criar o mais atraente jeito de viver que qualquer ser humano pode querer.

One Punch Man

A dica dos pensadores é essa: abrace seu tédio e defina como você quer viver sua vida!

Resgatando – especificamente dentro desse contexto – mesmo filósofos da antiguidade, Aristóteles já falava sobre a importância do “ócio” como algo essencial para a prática reflexiva da filosofia e da busca pelo conhecimento. Esse “ócio”, uma quantidade grande de tempo sem fazer absolutamente nada, fatalmente seria entendido como tédio em nossos dias, denotando a diferença de perspectiva adquirida na velocidade que emana o mundo contemporâneo. Fosse parceiro na Associação de Heróis de Saitama, o filósofo grego provavelmente diria a ele: “Ao invés de lutar contra seu tédio existencial, abrace-o, e no imenso torpor que se seguirá, talvez você descubra algo de si e para si além de ser um herói e ser o mais forte”. Portanto, o soco mais forte que se pode dar na condição existencial do tédio é baixar sua guarda para ele: quando um não quer, dois não se entendiam.

Isso conclui nosso breve estudo sobre a filosofia do tédio em One Punch Man, um mangá cuja diversão se opõe diretamente ao tédio letargia de seu protagonista. Só podemos torcer para que este artigo não tenha feito o caminho inverso com o leitor.

Ei. Acorda. Era brincadeira…

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