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Nós, as cascas vazias – Uma leitura fenomenológica de Ghost in the Shell!

Desmontando Ghost in The Shell

Ghost in the Shell, para quem ainda não sabe, é uma popular franquia japonesa inspirada no livro de Arthur Koestler, The Ghost in the Machine. A versão nipônica foi originalmente escrita e ilustrada por Masamune Shirow, em 1989, sendo um mangá do tipo seinen – um tipo de mangá voltado para um público mais maduro.

Devido ao seu enorme sucesso, o mangá original e suas sequências deram luz à inúmeras adaptações em animes, sendo o maior representante dessa leva o longa homônimo. Em 2002 nós temos Ghost in the Shell: Stand Alone Complex; em 2004 uma outra sequência, Ghost in the Shell: Innocence; em 2013, um reboot em OVA, Ghost in the Shell: Arise; e uma sequência deste último, em 2015: Ghost in the Shell: The Movie (cujo trailer publicamos na época).

(Sobre o novo live action com Scarlett Johansson, veja esse vídeo com a participação do diretor do anime de 1995. Aproveite e veja – ou reveja – o primeiro e o segundo trailers)

A fenomenologia em Ghost in The Shell

O todo do universo de Ghost in the Shell, mangás e animes, se passa em uma cidade japonesa fictícia do século XXI chamada Niihama, onde nós acompanhamos a trajetória da protagonista Motoko Kusanagi, a líder da Public Security Section 9, uma força-tarefa de operações especiais dedicada a combater o ciberterrorismo. Neste ambiente “pós-cyberpunk”, três pessoas possuem cérebros cibernéticos, uma tecnologia que permite uma interface entre o cérebro biológico e inúmeras redes digitais abertas para vários protocolos de hacking.

O nível dessas interfaces cibernéticas varia de um mínimo, para a quase completa substituição do cérebro original por partes cibernéticas, combinadas com vários estágios de próteses – quando esse conceito é levado ao extremo, nós obviamente temos o que chamamos de “ciborgue”. A recepção imediata do mangá e das séries subsequentes salientaram a vivacidade elegante, a originalidade fascinante e a influência duradoura do conceito por trás de Ghost in the Shell, uma ideia que conseguiu capturar a imaginação de leitores por mais de duas décadas – que é, por si só, um sinal de que a obra de Masamune conseguiu tocar algo bastante real na sua descrição de um futuro que nós aprendemos a aceitar como possível.

Philosophy in the Shell

Contudo, é possível argumentar – como um fã, só para deixar claro, mas um fã bastante crítico, para ser ainda mais claro – que, a despeito da visionária imaginação da avançada tecnologia que é mostrada em Ghost in the Shell, seus conceitos filosóficos centrais podem ser desenvolvidos muito mais além.

Como qualquer grande obra de ficção científica, existem muitos conceitos filosóficos dignos de debate que podem ser extraídos do universo de Ghost in the Shell – talvez até demais para um mero artigo pueril, já que, como todo bom questionamento filosófico, existe sempre um próximo que se segue. Entretanto, dentro desse labirinto de ideias e interpretações possíveis, existe uma que prevalece, um fio discernível de Ariadne na sua própria origem filosófica – algo historicamente conhecido entre os pensadores como o “paradoxo de Teseu”.

Nesse mundo cyberpunk sobre o qual estamos debruçados a palavra “fantasma” (ghost) tem um significado bastante específico:  a consciência individual que diferencia um humano de um robô. Mesmo que alguém substitua seu próprio corpo biológico por um corpo prostético ciborgue completo – incluindo aí um cérebro cibernético como o lugar do fantasma em questão – essa pessoa ainda é considerada humana enquanto ela for capaz de conter seu próprio fantasma. A duplicação de um fantasma é praticamente impossível – mesmo que se consiga uma cópia, essa é sempre inexoravelmente inferior à versão original.

Uma das implicações desse conceito específico de fantasma está relacionada a questão da “originalidade” da consciência humana e seu contraste em relação a frugalidade do corpo humano, que no mangá – e, até em certa medida, já nos dias de hoje – pode ser biologicamente ou artificialmente reproduzido. A questão filosófica implícita é, a despeito do seu imaginário futurista, quase tão velha quando a própria filosofia: o tal “paradoxo de Teseu”.

Proposto por Plutarco na sua biografia sobre o mítico herói grego, o paradoxo trata especificamente da seguinte ideia: Teseu parte de navio do ponto A para o ponto B. Mas, ao longo de uma viagem de 50 anos, vai substituindo cada peça do barco conforme se desgasta, até que todas tenham sido trocadas. Eis o paradoxo: dá para dizer que o navio que chegou em B é o mesmo que saiu de A? Ou já é outro?

Independente de suas muitas variações através da história – que vão de Heráclito até Locke – a questão permanece sempre essencialmente a mesma: uma coisa permanece sendo a mesma coisa se nós mudarmos uma por uma todas as suas partes? Ou, articulando isso dentro da proposta cyberpunk de Ghost in the Shell: uma pessoa permanece sendo a mesma pessoa se nós substituirmos todo o seu corpo por próteses?

Na série de TV Stand Alone Complex, o anime que reinterpreta um pouco das afirmações do mangá original, a mesma questão é levantada em dois arcos que propõe a mesma ideia, expandida em ramificações distintas – o chamado “Laughing Man” (uma imitação criminosa sem a sua contra-parte original), e, posteriormente, o caso do “Individual Eleven” (onze pessoas que agem coletivamente como um único indivíduo). Ou seja, a interpretação particular de Shirow para o paradoxo é menos lógica, e mais fenomenológica.

A fenomenologia em Ghost in The Shell

Velhos dualismos, velhos materialismos

Para quem não está habituado, fenomenologia é uma corrente filosófica que afirma a importância dos fenômenos da consciência, os quais devem ser estudados em si mesmos – tudo que podemos saber do mundo resume-se a esses fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente, cada um designado por uma palavra, um conceito ou uma ideia que representa a sua essência, sua “significação”. Os objetos da fenomenologia são dados absolutos apreendidos em intuição pura, com o propósito de descobrir estruturas essenciais dos atos, e as entidades objetivas que correspondem a elas.

O sufixo da expressão “fenomenologia” corresponde ao grego phainesthai – aquilo que se apresenta ou que mostra; perceba a relação com o tópico. Em Ghost in the Shell, a distinção que determina o que diferencia humanos de robôs se assemelha, guardadas as devidas proporções entre as propostas, a distinção entre humanos e animais que preocupava René Descartes, um das inspirações de Shirow através das ideias de Arthur Koestler, que também havia se inspirado previamente em conceitos de Gilbert Ryle. Koestler, como Ryle antes dele e Shirow depois dele, estabelece uma crítica do dualismo cartesiano que implica na distinção entre corpo e alma – res cogitans (a coisa que pensa) e a res extensa (a coisa extensa; o corpo, a matéria, a “realidade”).

No Ghost in the Machine de Koestler, o autor argumenta que o cérebro humano e seu “fantasma” são, essencialmente um traço ou atributo neurobiológico do corpo. Para deixar claro, a ideia materialista em si, a despeito de sua precisão neurobiológica, está longe de ser nova: La Mettrie, um médico e filósofo do período iluminista, já havia começado a refutar o dualismo cartesiano em seu conhecido trabalho L’homme machine, argumentando que a suposta “alma” não é nada mais que um efeito materialista do corpo humano.

Ademais, o dualismo cartesiano já havia sido objeto de crítica até mesmo por Espinosa, que, em sua Ética, afirmou que a alma e o corpo – entendidos aqui dentro de um contexto filosófico – são dois dos atributos de uma substância infinita que é Deus e a Natureza ao mesmo tempo, e, assim, corpo e alma são apenas duas percepções distintas da observação do ser humano, que é, em si mesmo, um modus de existência dessa substância infinita.

Seja como for, e não como deve ser, todas as críticas mencionadas ao dualismo cartesiano residem na suposição de que existe uma diferença entre o corpo e a alma – ou, como propõe Ghost in the Shell, entre a matéria e a consciência – que precisa ser ou reduzida, ou transposta; para La Mettrie – e, mutatis mutandis, para Ryle e Koestler também – a alma pensante precisa ser reduzida à um certo nível de corpo material, enquanto que, para Espinosa, ambos os aspectos precisam ser traduzidos em atributos de uma substância “infinita” – entendida dentro do contexto de Ghost in the Shell como uma representação de conceito de totalidade – e que podem ambos subsistirem dentro de um de seus modos de existência: o ser humano.

A fenomenologia em Ghost in The Shell

O anime de 1995.

Hegel – o fantasma na máquina

Como podemos ver, o principal equívoco de todas as correntes filosóficas que tentam refutar o dualismo cartesiano são, de qualquer forma, muito parecidas – por redução ou transposição, elas ainda tentam reproduzir a distinção conceitual básica. Entretanto, existe uma outra forma de se estabelecer essa questão – a conceitualização que foi primeiramente colocada por Hegel e que é, possivelmente, presente no universo de Ghost in the Shell como uma superação potencial do seu próprio ponto de partida filosófico.

Como acontece com frequência com Hegel, que frequentemente explora o inerentemente paradoxal significado de palavras comuns para desenvolver um conceito dialeticamente, também “geist” não significa somente a psicologicamente subjetiva “mente”, mas também a objetivamente mundana “espírito” – assim um diálogo hegeliano pode ser estabelecido com Ghost in the Shell.

Em termos gerais, a ideia de espírito hegeliano, manifestada em si mesma através de um desenvolvimento histórico do pensamento, pode ser comparado à ideia evolucionária central por trás de Ghost in the Shell – nomeadamente, que a evolução da consciência humana atingiu um estágio onde o inorgânico pode surgir do que é orgânico, conforme incorporada também dentro da popular ideia de inteligência artificial auto-consciente criada por humanos; um conceito que hoje, em uma era pós-Matrix, não é mais estranho para ninguém.

Entretanto, existe uma outra leitura paralela possível – uma mais refinada e detalhada, que pode nos ajudar a reinterpretar de forma mais original a filosofia por trás de Ghost in the Shell, para além dos meros evolucionismo e do supracitado cartesianismo. A obra de Hegel Fenomenologia do Espírito, cujo subtítulo é “Ciência da Experiência da Consciência”, inclui o paradoxal significado de “geist“, não apenas no título e na estrutura, mas também dentro do próprio desenvolvimento do seu conteúdo.

O ponto de partida é uma extremamente subjetiva “consciência natural” que tenta – em vão – fazer pulsar a veia do mundo exterior; então, gradualmente se desenvolve e toma a si mesma como um objeto de questionamento, apenas para descobrir a si mesma como outrem e, então, reinventa a si mesma como uma intersubjetiva “auto-consciência”; depois disso, uma “razão” contemplativa assume que no decorrer desse processo a falha do primeiro se repete na forma do segundo – isto é, uma captura falha do mundo na forma de uma “auto-consciência” que, essencialmente, se dirige a outrem; e, finalmente, vem o “espírito” ao resgate dessa bagunça, um pouco antes dos capítulos finais sobre “religião” e “auto-conhecimento”, onde um “espírito” é cujo primeiro objetivo é uma “ordem ética” – no sentido de tornar a si mesmo objetivo, ou melhor, ele dá a si mesmo objetividade. E então imerge a si mesmo em um processo de “auto-estranhamento” na forma de cultura (bildung), e, enfim, encontra sua “auto-certeza” na forma de moralidade.

A fenomenologia em Ghost in The Shell

Ghost in the Shell – Stand Alone Complex

Ainda comigo, amigo leitor? Ótimo!

Puppeteer, o protagonista

Vamos deixar para trás os inúmeros debates acerca da estrutura do livro de Hegel, e vamos considerar um ponto específico em relação ao tema que queremos tratar aqui – especificamente, a interpretação de Jean Hyppolite da fenomenologia como “romance de formação” (bildungsroman), com o Espírito como seu protagonista. Dessa perspectiva, nós podemos ver como o conceito de “espírito” está presente desde o início, já que é desenvolvido de uma consciência natural não-refletida precoce, em direção a um momento intermediário do espírito que dá a si mesmo objetividade – para então se “auto-alienar” na realidade, e assim compartilhar companhia com ela, finalmente se reconciliando novamente com ela.

O que nós podemos argumentar é que Ghost in the Shell pode ser lido paralelamente como algo semelhante a um “romance de formação”, onde a protagonista não é Motoko Kusanagi, mas sim o Fantasma (Ghost) como o próprio geist hegeliano, conforme emblematicamente incorporado no mangá original e na adaptação em anime pela I.A. criminosa conhecida como o “Puppeteer” – ou “Puppet Master”.

Embora seja primeiramente visto como um hacker capaz de realizar “ghost hacking” (tomar o controle do corpo prostético de uma pessoa), durante a investigação, a Section 9 descobre que o Puppeteer é, na verdade, uma inteligência artificial criada pela Section 6 (originalmente chamada de Project 2501), uma A.I. que, em certo ponto, se torna auto-consciente e então se rebela sob a alcunha de “Puppeteer”.

Embora o motivo de uma I.A. auto-consciente não seja muito original em si, a maneira específica como esse “espírito” escapa de seus mestres da Section 6 e seu posterior destino é tão hegeliana quanto dá para ser. No “espírito fenomenológico” assim como em Ghost in the Shell, o momento da auto-consciência não é de forma alguma auto-transparente para nós, mas é essencialmente intersubjetivo – já que o primeiro passo da auto-consciência hegeliana é lidar com a dialética “mestre-escravo”, o primeiro passo da I.A. auto-consciente é lidar com seus mestres, a Section 9, que aprisionou o programa em um sistema de firewalls.

O espírito da fenomenologia faz sua aparição na obra de Hegel antes mesmo do capítulo apropriado, objetivamente, no capítulo dedicado à Razão, onde o amigo leitor pode encontrar um dos mais famosos julgamentos infinitos do autor, “o espírito é um osso” – e a maneira como o “Puppeteer” escapa dos seus mestres anteriores é remanescente desse momento, no sentido de que ele faz um download de si mesmo em corpo prostético criado em uma linha de produção em massaErgo, um fantasma em uma casca vazia (ghost in the shell).

Após ser capturada pela Section 9, o “Puppeteer” exige asilo político enquanto uma criatura consciente, e isso coincide com o momento em que o espírito “dá a si mesmo objetividade”, enquanto uma ordem ética, já que o argumento de que se trata um programa que se autopreserva não é diferente do equivalente à existência e ao comportamento humanos nesse sentido, se encaixa perfeitamente com a observação prévia do próprio Hegel, no capítulo dedicado a “Razão” em que ele estabelece que a distinção entre a natureza orgânica e inorgânica é dissolvida. Ou, como ele próprio diria, dissolvida e preservada ao mesmo tempo (aufgehoben).

A contradição entre a I.A. conhecida como “Puppeteer”, um fantasma sem um corpo – um “ghost without a shell”, se você preferir – e Motoko Kusanagi, que, por conta de sua crise existencial considera a si mesma uma casca vazia – uma “shell without a ghost” – é resolvida quando os dois se conectam, e Kusanagi aprende que o inorgânico “Puppeteer” deseja preservar a si mesmo passando em frente seu conhecimento espiritual, como qualquer outro ser biológico.

Ou seja, ao invés de fazer cópias de si mesmo, com as mesmas falhas,  ele deseja se unir a ela. Kusanagi, a despeito de suas dúvidas em relação à perda de sua individualidade, no final acaba aceitando esse pedido bizarro de “casamento” do “Puppeteer”, que é, essencialmente, o momento de reconciliação hegeliana quando a concordância entre os dois é estabelecida.

A fenomenologia em Ghost in The Shell

Ghost in The Shell – The New Movie

I.E. – Inteligência Espiritual

Assim, esse novo ser que emerge da fusão entre um fantasma sem um corpo e um corpo sem um fantasma, pode agora ser observado por mais de uma perspectiva, que são tratadas nos dois capítulos finais de Fenomenologia do Espírito, e que irão nos levar para além do dilema do dualismo cartesiano e, dessa vez, também além da filosofia da substância de Espinosa, visto que foi Hegel quem estabeleceu que o absoluto precisa ser observado “não como uma substância, mas também como um sujeito”.

No capítulo dedicado à Religião, nós podemos observar outro dos famosos julgamentos infinitos de Hegel, desta vez, o que aponta na direção da transição do mundo grego onde o “homem é deus”, para o mundo cristão, onde “deus é homem”. Essa transição pode ser brilhantemente exemplificada através de Ghost in the Shell: Kusanagi pode ser vista como uma heroína grega, uma “mulher feita deus”, tendo em vista seu corpo prostético – o que implica em uma virtual imortalidade; enquanto o “Puppeteer” pode ser visto como “deus feito homem”, já que ele fez um download de sua substância infinita em uma casca vazia, assim renunciando sua substância infinita para se tornar um sujeito.

Portanto, a concepção de Hegel sobre o Espírito então contrasta com o dualismo cartesiano tradicional de “alma” e “corpo” em diversos aspectos, começando com uma simples afirmação de que, para Hegel, o espírito não está “dentro” do corpo, mas sim, é externo a ele, seguido de uma virada dialética que diz que a contradição não está entre o exterior e o interior (“alma” denotando o interior de um corpo mundano), mas sim unidos dentro do próprio conceito de “espírito” em si mesmo.

Ghost in the Shell, assim considera esse demasiadamente prolixo colunista, é uma obra que pertence a uma outra categoria de ficção – a que desperta em nós o espírito do questionamento filosófico e científico. Essas palavras não são vãs – historicamente, todas as ciências são oriundas da filosofia. Mas, o que observamos em um momento imediato, é que existe um monumental descompasso entre as ciências humanas e as demais – algo que é inerente a elas, sim, mas que não torna essa percepção menos aguda.

Em um momento de desenvolvimento tecnológico e científico crítico, em que os seres humanos mal conseguem se adaptar às suas próprias criações, a reflexão crítica – e o ritmo que ela exige – podem ser essenciais para que venhamos a compreender melhor o momento da nossa consciência – e, ergo, da nossa existência. Se inteligências artificiais – assim como outras questões tecnológicas menos complexas, mas mais relevantes – já são não mais apenas ideias recorrentes, mas uma realidade iminente, nós deveriamos, no mínimo, nos debruçar com mais atenção sobre elas. Obras como Ghost in the Shell nos proporcionam esse tipo de possibilidade tão necessária.

Para que, em um futuro que já se avizinha no horizonte, não nos tornemos apenas fantasmas de – ou para – nossas máquinas.

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