Mais do mesmo, mais um pouco, para Marvel e DC
Queria fazer uma breve reflexão sobre Marvel e DC.
Eu estava lendo as solicitações da DC para o mês de Março deste ano que está começando, e eu percebi que as coisas estão mudando, ao ponto de ficarem… iguais. Tem uma frases que eu sempre uso – e eu percebo que é influência das HQs. Uma delas é exatamente: “as coisas estão mudando, permanecendo iguais”.
Essa é a primeira de algumas frases de efeito que eu vou usar aqui, então vá se acostumando. Vamos recapitular: A DC rebootou em 2011 seu universo, com os Novos 52, mudando diversos aspectos “tradicionais”. Então, em 2016, eles voltaram atrás, com o Renascimento, voltando o Universo ao que era antes.
Agora, depois de Dark Nights (ainda não tem tradução, mas imagino que seria algo como “Noites das Trevas“), não só o status quo atual se manterá, como ainda adicionará novos personagens – e que parecem personagens clássicos da Marvel. Damage parece o Hulk, Sideways parece o Homem-Aranha, Silencer parece o Justiceiro (só que mulher), Brimstone parece o Motoqueiro Fantasma, Terrifics parece o Quarteto Fantástico…
Não que a Marvel esteja muito melhor nesse departamento. A maioria das revistas diferentes lançadas foram canceladas, personagens que foram substituídos estão sendo “des-substituídos” – Jane Foster, por exemplo, está morrendo (e o Odinson deve voltar a ser Thor), Bruce Banner voltou, Steve é o Capitão América de novo (Sam voltou a ser Falcão), Tony voltou (onde ele “rebootou” seu corpo… de novo, afinal esse foi o plot de “Homem de Ferro: O Mais Procurado“)… No fim do dia, o que tudo isso significa?
Culpa do fã que quer o service?
Antes da resposta, um comentário: Lembrei-me de um meme sobre o Guerra nas Estrelas: Os Últimos Jedi (não, eu não chamarei de Star Wars, na minha época era Guerra nas Estrelas (nota do editor: apoiado!)), onde os fãs criticavam o Despertar da Força por ser muito parecido com os antigos – para depois esses mesmos fãs criticarem Os Últimos Jedi por ser muito diferente. Esse meme resume todo o problema exposto acima.
O público reclama que os personagens estão estagnados, mas reclamam quando mudam. Então, qualquer mudança radical de status quo nos leva a pergunta: Por quanto tempo? Por quanto tempo o Superman permanecerá morto? Por quanto tempo o Batman ficará aleijado? Por quanto tempo o Dr. Octopus ficará no controle do corpo do Homem-Aranha? Por quanto tempo o Wolverine ficará sem adamantium? (E de todos esses, o Logan sem adamantium foi o que ficou mais tempo – foram quase uns sete anos sem!)
O que nos leva a segunda frase do dia: “Se o público gostasse de mudança, não assistia novela”. É uma piada, mas é verdade. Ninguém quer mudanças – todos dizem que querem, mas gostam mesmo é que as coisas permaneçam as mesmas. E dentro do universo da cultura pop como um todo, não só nos quadrinhos.
Tomemos, por exemplo, uma das minhas franquias favoritas: Street Fighter. Quando Street Fighter Zero/Alpha saiu, o público dizia: “preferimos Street Fighter 2! Odiamos Street Fighter Zero!”. Então saiu Street Fighter 3, e todos responderam: “preferimos Street Fighter Zero! Odiamos Street Fighter 3!”. Aí, saiu Street Fighter 4. Adivinha? Agora, saiu o Street Fighter 5. Qual não foi minha surpresa ao ouvir: “Preferimos Street Fighter 4! Odiamos Street Fighter 5!”.
“Espera“, você interrompe minha digressão, “o que isso tem a ver com a Marvel e a DC voltando às origens?” Primeiro, é muito mal educado ficar me interrompendo. Segundo, na verdade, tem mais a ver do que você imagina. Todos os exemplos acima se tratam de tentar agradar um público que não sabe realmente o que quer.
Todos esses retornos ao status quo nada mais são do que a tentativa de não alienar o público que acompanha a história a tanto tempo. A pergunta é: Será que é necessário esse retorno? Ou é só uma forma de garantir a manutenção do leitor antigo, no lugar de arriscar algo realmente novo e diferente? “Fique por aí, nós voltaremos ao normal em breve“?
No final do dia, sempre podemos contar que as coisas mudarão, mantendo seu status quo… praticamente igual a minha vida. (nota do editor: mandem um abraço pra ele.)