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O Movimento Fantástico Sulista – Parte III!

Dando continuidade ao movimento fantástico do sul, mais algumas dicas 

Xiru Lautério – Byrata Lopes

A figura do gaúcho perpetuou-se na cultura brasileira de uma maneira quase que mitológica – ou fantástico. Seja pelo jeito típico de falar, as vestimentas, a culinária diferenciada e o amor pelo estado, a figura do gaúcho toma forma através dos traços de Byrata Lopes.

Seu característico traço, geralmente em preto e branco, traz roteiros originais que nos botam lado a lado com Xiru Lautério, um guasca bagual do Sul, que juntamente com seus fiéis escudeiros – o cavalo, a bombacha e o chimarrão – ‘’veve’’ diversas aventuras pelos campos verdes do sul. São muitas as histórias já publicadas, visto que as primeiras histórias desenhadas e roteirizadas por Byrata datam dos anos 70, mas uma coisa lhes garanto caros leitores: quem tiver interesse em conhecer um pouco da cultura do Rio Grande do Sul, procure as histórias de Xiru e sua turma, pois cada história traz uma ambientação, roteiro e traços diferentes – a capacidade do autor em se reinventar em cada revista é surpreendente, beirando à perfeição.

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Um autêntico gaúcho, tchê!

Das muitas fascinantes histórias roteirizadas e escritas pelo autor, as que mais fascinam esse que vos escreve são: Xiru e os Dinossauros, Xiru e os Centauros, Xiru Contra A Morte e, mais interessante e que retrata um personagem quase que mitológico no Rio Grande, Xiru e o Tigre – Uma Aventura no Rio Jaguari.

A Fúria do Cão Negro e a Canção do Cão Negro

Dando sequência às histórias em quadrinhos produzidas no Sul, o ano de 2016 foi um ano bastante importante para o gênero de espada e feitiçaria. Na verdade, começa antes, com o livro Bazar Pulp que já foi citado no artigo passado, onde Cesar Alcazar nos brinda com a primeira aparição do Cão Negro de Clontarf. Agora, somos novamente apresentados ao universo do Cão, nos traços do desenhista e também gaúcho, Fred Rubim.

O roteiro impecável de Cesar toma forma pelo traço delicado e detalhista do artista. Por se tratar de seu primeiro trabalho com histórias em quadrinhos, o traço de Fred evolui ao longo das páginas. Destacam-se a escolha das cores, diagramação dos quadros e as belas referências de paisagens reais em que o autor se inspirou para que, através do desenho de Fred, o leitor pudesse ser transportado para a época dos bárbaros, fazendo com que a primeira aparição do Cão seja uma experiência muito mais agradável para quem lê.

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Cão Negro já nasceu clássico!

O cuidado com a precisão histórica pesquisada pelo roteirista é algo a ser destacado. Percebe-se que existe um grande cuidado para que tudo seja fiel à época nos traços de Fred, que, mais uma vez, executa de maneira sublime a proposta. A história contém elementos reais que casam espetacularmente com a fantasia, fazendo jus ao gênero espada e feitiçaria. Acredito que, com toda a certeza, se ainda fosse vivo, um dos maiores nomes e entusiasta do gênero, o criador de Conan, Robert E. Howard, iria ficar muito satisfeito com o trabalho. Não satisfeitos e seguindo a tendência, em 2017 a dupla volta a atacar juntamente com Anrath, que agora conta até com um navio próprio!

Isso mesmo, o Cão Negro de Clontarf embarca – literalmente – em uma nova aventura na companhia de um gigante, barcos de guerra e flechas. Vale dizer que a capacidade de reinvenção do autor e a evolução ainda mais impressionante de Fred em seu traço, traz uma experiência que é uma evolução natural do primeiro quadrinho, brindando os leitores inclusive com uma splash page de batalha – mérito aos autores pela ousadia e coragem. E, para aqueles que gostam de colecionar, fica muito bonito com as lombadas da Avec editora na estante.

A. Z. Cordenonsi e Le Chevalier

Por mais que lembre o nome de um rapper, A. Z. Cordenonsi nada mais é do que abreviação para: André Zanki Cordenonsi, autor, espião, professor e… espião? Isso mesmo. Dos confins da imaginação humana, algo que sempre fascinou esse que vos escreve, surge um universo steampunk – uma Paris que nunca existiu e um espião para lá de elegante, com uma equipe um tanto quanto peculiar. Le Chevalier, acompanhado de seus drozdez* e de Persa, exatamente como o nome sugere, nos apresenta um tipo diferente de ficção científica.

A proposta logicamente é a ambientação steampunk, onde a presença das engenhocas fazem nos relacionar diretamente a Júlio Verne, criador de um outro universo, talvez pré-steampunk, que é e sempre será presença constante em qualquer obra que tenha a tecnologia à vapor presente. Dadas as coordenadas, vamos a história. A primeira aventura de Le Chevalier inicia-se em 2015, com o lançamento do primeiro do livro: Le Chevalier e a Exposição Universal, que nos apresenta uma trama totalmente espiã, onde uma grande exposição – que dá título ao livro – juntamente com a presença de seus ajudantes (e alguns que não ajudam tanto), o leitor é levado para uma viagem pela França, onde o mistério e ação se mesclam em uma Paris que nunca existiu, com personagens que, por mais irreais que pareçam, se adaptam em uma realidade fantástica que transcende a ficção.

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Le Chavalier: quadrinhos elegantes!

Dando sequência às histórias em 2016, logo após o primeiro volume do Cão Negro, Fred Rubim é recrutado para a equipe de espiões da AVEC Editora, tendo início mais uma empreitada quadrinística envolvendo escritor e desenhista gaúcho. Diferente do primeiro livro, onde temos uma cronologia que irá ser seguida nos livros que virão, o primeiro volume de histórias em quadrinhos nos é apresentado como: Le Chevalier – Arquivos Secretos, duas histórias inéditas que se passam um tempo antes da história do livro, que, unidas com a ambientação parisiense e a arte de Fred Rubim, leva o leitor a uma Paris totalmente colorida na presença – é claro – de Le Chevalier e seus companheiros.

O roteiro mais uma vez bem escrito de Andre Cordenonsi traz diversas referências de passados e futuros steampunks que, se analisados detalhadamente, irão agregar muito ao conhecimento de quem se atém aos detalhes. A primeira história, A Besta de Notre-Dame, é união perfeita entre histórias de espião e suspense, levando o leitor aos becos mais obscuros e estranhos de Paris. A segunda história, Contra o Dínamo Rubro, faz referência a um personagem já bastante difundido na nossa cultura, mas com uma nova roupagem steampunk… Fica a cargo de cada um que ler a história achar esta referência, deixando claro que um tal de Steve Rogers com toda a certeza a acharia…

Não deixe de conferir as duas primeiras partes da série aqui e aqui!

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