Lançado há 30 anos, O Rei de Nova York envelheceu bem
Se o tempo faz bem para algumas pessoas, também opera seus poderes em alguns filmes. A década de 90 nos deu ótimos exemplares do cinema de ação, como Fervura Máxima, e a tríade tiro, porrada e bomba dominou as telonas com maestria. Um dos exemplares mais elegantes e potentes do período completa 30 anos em 2020 é continua fazendo o espectador vibrar na poltrona, O Rei de Nova York (King of New York), dirigido por Abel Ferrara.
O filme nos convida a acompanhar a retomada do poder de Frank White, um chefão do tráfico novaiorquino que acaba de sair da prisão. Na busca por seus antigos colaboradores, o protagonista circula pelas ruas da Big Apple com desenvoltura, charme e sempre alerta para com os inimigos. Aliás, a linha entre mocinho e bandido no filme é tênue e até some em alguns momentos. A fotografia, que torna a noite de Nova York de um azul intenso, é permeada pelo neon e o concreto, além dos metais dos trilhos do metrô, meio de transporte que é quase um personagem da trama.
Um dos papéis mais icônicos de Christopher Walken, que encarnou um protagonista tão ambíguo quanto interessante, dentro da galeria de tipos exóticos da filmografia do diretor. Muito desse charme, aliás, vem do texto afiado de Nicholas St. John, roteirista que era parceiro habitual de Ferrara. O Rei de Nova York foi mais um trabalho inspirado da dupla, entregando um dos filmes mais lembrados daquela década pelos cinéfilos de hoje, que ainda vale a discussão.
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