O desafio de David Cronenberg em Mistérios e Paixões
Com Mistérios e Paixões (título nacional muito tosco para Naked Lunch), David Cronenberg se dispôs a uma tarefa considerada impossível. Adaptar o cultuado livro de William S. Burroughs parecia algo sem propósito, já que o escritor é famoso pela fragmentação da linguagem e criação de situações bizarras com toques autobiográficos. Cronenberg encarou o desafio, escrevendo ele mesmo o roteiro, dando origem a um filme difícil de definir em vários sentidos.
Em primeiro lugar, em Almoço Nu, o livro, Burroughs revirou as estruturas da linguagem para demonstrar as limitações da mesma. A escrita fragmentada, em diversos segmentos que não tem ordem estabelecida, metaforiza diversos momentos da vida atribulada, na falta de um termo melhor, do escritor. Cronenberg não procurou em momento algum a exata transcrição desses eventos para a tela, mas assimilou a ideia por trás do livro e utilizou até mesmo outros momentos da vida do autor para compor sua narrativa.
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Com Peter Weller (de Robocop e As Aventuras de Buckaroo Banzai) vivendo William Lee, um dos alter egos de Burroughs, acompanhamos esse protagonista em uma jornada surreal (ou seria dadaísta?). Trabalhando como dedetizador e aspirante a escritor, as coisas viram de cabeça para baixo quando ele experimenta o próprio veneno com o qual trabalha. A partir daí, todos os limites da lógica serão testados, brincando até com conceitos kafkianos que ultrapassam qualquer bizarrice. E não espere qualquer explicação direta que justifique toda essa loucura.
Confira mais um Formiga na Tela dedicado a uma obra especial na filmografia de David Cronenberg (veja ou reveja também o vídeo sobre A Mosca). Curta o vídeo, comente e compartilhe. Se aind anão acompanha nosso trabalho, inscreva-se no canal. Não esqueça de marcar o ícone do sino para ser notificado a cada nova publicação. Dúvidas, críticas, sugestões ou seja lá o que você queira nos mandar, escreva para [email protected]. A gente fica por aqui, mas voltamos na próxima semana. Até lá!
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