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Coração Satânico – Thriller sobrenatural de consumo rápido!

O Noir encontra o Terror em Coração Satânico

Lembra daquele filme de 1987, onde Robert De Niro contratava o detetive vivido por Mickey Rourke? É quase certo que sim, principalmente se você é fã de suspense e terror. O que muita gente ignora é que ele é uma adaptação do livro de William Hjortsberg, publicado em 1978, lançado aqui pouco depois do filme e aproveitando seu título em português, Coração Satânico. O nome original da obra, Falling Angel, não foi usado na produção cinematográfica, batizada como Angel Heart.

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Relançado no Brasil pela DarkSide Books* (O Demonologista, O Homem Que Caiu na Terra), no ano passado, Coração Satânico já atrai o interesse de quem conhece e gosta da sua versão fílmica. Embora a comparação seja muitas vezes um exercício fútil, aqui ela tem seu fundamento. Por quê? Em primeiro lugar, o filme roteirizado e dirigido por Alan Parker é bastante fiel ao livro, o que significa que não haverá grandes surpresas para os fãs. Em segundo, existem recompensas para quem busca um aprofundamento geral do pano de fundo e personagens vistos na tela.

*(Sobre as HQ’s da editora, confira o vídeo de Fragmentos do Horror e a resenha de Black Dog)

Se você nunca ouviu falar em nada do que foi citado aqui e só está a fim de uma boa leitura, lá vai a sinopse. Harry Angel é um detetive particular no final da década de 1950, contratado para encontrar um cantor que foi sucesso antes da Guerra e desapareceu, Johnny Favourite. De seu empregador, o misterioso e excêntrico Louis Cyphre, ele sabe apenas que há uma dívida a ser cobrada de Favourite. A busca conduzirá o detetive por círculos de ocultismo que envolvem Vodu, vidência e outras coisas muito estranhas ao seu cotidiano.

Hjortsberg já nos deixa claro no que Angel está se metendo, numa jogada intencionalmente pouco sutil com o nome do outro personagem e o título do livro. Até aí tudo bem, pois não é isso o que realmente interessa no cenário geral. Já que a qualidade da escrita é o que vale aqui, a tarefa de separar o joio do trigo é meio complicada. Difícil julgar obviedades de um texto do qual já se conhecia o final antecipadamente, mas parece pouco provável que quaisquer leitores com o nível médio de atenção não matem a charada antes da metade.

Sem aprofundar em detalhes da narrativa que poderiam comprometer a experiência, é preciso comentar uma característica que distingue muito o texto de Coração Satânico de sua adaptação. O livro esclarece certos esquemas que no filme ficaram subentendidos ou ignorados mesmo, o que é uma faca de dois gumes. Existe uma preocupação muito maior em expor a execução dos planos, mas são justamente esses detalhes que acabam entregando o fim desta jornada.

Resenha Coração Satânico

Robert De Niro e Mickey Rourke no filme de 1987.

História de detetive com seu dinamismo característico

Deixando de lado a previsibilidade, a narrativa em primeira pessoa, típica do universo noir, com idas e vindas comuns em histórias de investigação, valoriza muito o livro. Não se pode negar que é uma trama detetivesca ágil e divertida, ainda que sem muita profundidade e, evidentemente, sem a personalidade de um Chandler ou um Hammet. Uma compensação relativa sobre isso é a presença forte do sobrenatural. Se a intenção de William Hjortsberg era essa, emulando uma pulp fiction do passado, ele acertou em cheio.

Ainda insistindo na comparação, não é ilógico supor que alguém pode ter feito a seguinte pergunta, seja quando viu o livro em algum lugar ou enquanto lia esta resenha: “É melhor que o filme?”. Estritamente baseado na minha experiência pessoal, revendo a adaptação momentos depois de terminar o livro, respondo de forma direta e sem pensar muito: sim.

Independente do quanto esse parâmetro é importante, Coração Satânico cumpre bem sua função como passatempo. Longe de ser um clássico, é possível que o autor nem tivesse essa intenção, algo que é bom ter em mente antes de acompanhar a investigação de Harry Angel.

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