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SNIPER AMERICANO – Mirando no alvo certo! (Estreia em 19/02)

Sniper Americano também foi comentado no Formiga na Cabine!

Sniper Americano Cartaz

Não falta cidadão preocupado em apontar o dedo para outras pessoas, ou obras, criticando uma suposta apologia a qualquer coisa condenável no discurso, que muitas vezes é detectado apenas pelo olhar estreito do acusador. Na maioria das vezes não passa mesmo de polêmica vazia, mas o problema é que em tempos de internet e da caça às bruxas disfarçada de bom-mocismo, aliada à preguiça mental do público em geral, a falácia repetida à exaustão vira Palavra Divina. Nem Goebbels sonhava com tamanha eficácia de sua doutrina.

O verdadeiro Chris Kyle!

O verdadeiro Chris Kyle!

Infelizmente, começar o texto desta forma me pareceu necessário, dentro do tipo de discussão que Sniper Americano, de Clint Eastwood, tem levantado. O filme é baseado na biografia de Chris Kyle, de autoria do próprio com Scott McEwen e James Defelice (publicado no Brasil pela Intrínseca), e segue a trajetória do atirador de elite mais letal da história dos EUA, com mais de 160 mortes contabilizadas. A formação do caráter na infância, passando pelas missões no Iraque pós-11 de setembro e o desgaste causado pela vida militar são bem enfatizados no percurso do personagem verídico, que sofre mais na monotonia da vida doméstica em família do que no campo de batalha. Kyle é um verdadeiro produto do meio em que vive, sem questionar o que lhe foi ensinado, dentro e fora do exército.

Sniper Americano

A sinceridade quase ingênua – e quando falo em ingenuidade, me refiro ao Chris Kyle que vi no filme – com o qual esse protagonista se envolve com esse mundo não é, de forma alguma, uma justificativa para o intervencionismo bélico dos EUA, com todas as consequências que isso traz, mas uma forma de retratar o tipo de cidadão que o país vem formando, alimentando o círculo vicioso. Para os críticos que se enquadram no primeiro parágrafo, ficam as seguintes perguntas:  O filme seria mais aceitável se evitasse mostrar o culto em volta da figura de Chris Kyle? Ao mostrar isso, ele se torna um dos adoradores desta imagem? Francamente, acho que a intenção nunca foi essa. Existe aqui a velha confusão entre “discurso do personagem” X “discurso do filme”.

Sniper Americano

Fora das discussões ideológicas, Sniper Americano é um filme que se sustenta bem, apesar de um roteiro linear demais, adaptado do livro por Jason Hall. A experiência de Clint Eastwood contorna essa limitação, mantendo um ritmo seguro, com ótimos picos de tensão nas cenas em que o personagem está na função que o tornou famoso. Desde o primeiro trailer, era exatamente isso que o público esperava, e talvez muita gente saia frustrada pelo filme não ter muito disso, mas quando tem é muito bem executado. Sem muito a inovar nas cenas de ação, sendo que o foco é maior no drama, as sequencias de combate soam apenas corretas, destoando apenas por uma única e inconveniente inserção em câmera lenta que fica entre os deslizes do filme, junto com a polêmica cena do bebê, que virou motivo de piada na internet (falaram disso no The Hollywood Reporter!).

Sniper Americano

Marcando pontos também com a bela fotografia de tons acinzentados, trabalho de Tom Stern, colaborador habitual do diretor, Sniper Americano também surpreende na performance do seu protagonista. Bradley Cooper foi alvo de críticas desde o início da produção, mas provou de vez seu valor na composição de Chris Kyle, criando uma persona que realmente faz o ator sumir debaixo do sotaque texano e postura corporal militarizada, e ainda tem o mérito de evitar o exagero nas expressões faciais. Sienna Miller, no papel da esposa Taya, convence e demonstra bem o fardo que carrega, convivendo com a preocupação e o desespero enquanto espera o marido voltar, e ao lado dele, temendo por sua saúde física e mental. Ela é um componente forte, que evidencia e discute o impacto familiar que esse tipo de situação causa.

Não vai faltar quem compare Sniper Americano com outros filmes do velho Clint, dentro de variadas perspectivas. Chegando aos 85 anos, claro que ele já fez coisa melhor, como também pior, mas que seu último exemplar seja julgado pelas suas reais características. Entre elas, a impressão que passa de haver sido dirigido por um jovem.

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