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Motorrad – Vida longa ao terror brasuca!

Um filmaço chamado Motorrad!

Motorrad é um thriller de suspense/terror nacional, baseado em personagens criados por Danilo Beyruth, quadrinista brasileiro responsável pelos álbuns do Astronauta*, e vai surpreender muita gente. Todo filmado na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e recheado de referências aos quadrinhos e cinema, o filme dirigido por Vicente Amorim é o resultado de ótimas (e corajosas) escolhas de linguagem.

*(Confira também a resenha da última HQ, Assimetria)

Crítica de Motorrad

O filme acompanha Hugo (Guilherme Prates), um jovem mecânico de motos e o grupo de motoqueiros liderados por seu irmão Ricardo (Emilio Dantas,) que, por diversão, adentra um terreno proibido e inóspito na Serra. O encontro com Paula, uma misteriosa garota, vivida por Carla Salle, e outro grupo de motoqueiros coloca-os em risco, ao mesmo tempo em que Hugo passa a viver uma série de eventos quase sobrenaturais.

As atores foram escolhidos pelo diretor através de seleção de elenco, o chamado casting, o que foi uma decisão bastante acertada. Mesmo que ninguém seja muito conhecido, desempenharam papéis bastante condizentes com a proposta do filme. As condições bastante difíceis da filmagem (montanhas, trilhas, ar seco e calor) colocaram os atores dentro de uma realidade mais crua e visceral, fisicamente estressante, o que foi perfeito para o clima da produção.

Encabeçado pelos “quatro cavaleiros do apocalipse”, como eles mesmos se denominaram, Vicente Amorim (diretor), L.G. Bayão (roteirista), L.G. Tubaldini Jr. (produtor) e o próprio Danilo Beyruth, que criou todo o conceito, o filme mimetiza a linguagem clara e precisa das Graphic Novels, privilegiando a jornada e descartando completamente a necessidade de dar os “porquês” de mão beijada ao público. Eles estão lá, mas é preciso descobri-los.

O filme bebe da fonte de filmes como Christine, O Carro Assassino (1983), de John Carpenter, e Sangue Negro (2007), de Paul Thomas Anderson, cuja referência narrativa pode ser percebida aos 14 minutos iniciais sem um único diálogo. A construção de roteiro é feita de maneira minimalista para que toda a carga emocional seja direcionada ao comando do diretor. O filme se torna uma experiência sensorial, onde simplesmente não é necessário saber de onde aqueles personagens vêm. Eles estão ali e capturam a atenção sem precisar de uma palavra.

Crítica de Motorrad

Um pequeno deslize técnico

A parceria de Bayão e Amorim já havia acontecido no filme Irmã Dulce (2014). O roteirista também é o responsável por outra adaptação dos quadrinhos que deve ser lançada esse ano: O Doutrinador.

A fotografia, assinada por Gustavo Hadba (La Vingança e O Rastro), é um show a parte. Pensada para ter um visual realmente de quadrinhos, apresenta quadros que poderiam ser retirados de uma Graphic Novel. Segundo o diretor, o obturador foi utilizado numa posição que diminui o aspecto borrado das cenas de movimento, deixando o quadro mais nítido com um aspecto de desenho.

O único detalhe técnico um pouco negativo está em alguns exageros no som que, apesar de dar todo o clima, às vezes, passa do ponto e se torna alto demais.

Motorrad consegue ter sucesso onde Reza a Lenda falhou. Cria um clima que nos leva até o final usando muito bem todos os elementos de um gênero. Apesar disso, deve ter uma carreira internacional melhor que a nacional, pois aposta em uma história climática e explosiva. mas que não é para quem gosta de coisas fáceis e histórias bobinhas. Uma aposta corajosa, mas que já revelou-se um acerto.

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