Traffik – Liberdade Roubada e a questão do tráfico de mulheres
Deon Taylor, diretor e roteirista de Traffik: Liberdade Roubada (Traffik), faz parte de uma onda de renovação em Hollywood, onde diretores negros têm tido cada vez mais espaço nas telas. Outros exemplos são Ryan Coogler, responsável por Pantera Negra e Creed: Nascido Para Lutar e Jordan Peele, do polêmico Corra! . Essa nova geração de diretores costuma trazer um discurso político para suas produções e, em alguns casos, isso é positivo. O que não é o caso neste que é o sexto longa-metragem de Taylor.
A jornalista Brea (Paula Patton) e seu noivo John (Omar Epps) se envolvem com uma gangue de motoqueiros numa cidade do interior americano e acabam descobrindo um esquema de tráfico internacional de mulheres. Descoberta esta que os coloca em risco. O roteiro se propõe a tratar de temas relevantes, como a violência contra a mulher, o racismo e o tráfico de pessoas. Mas essas questões são apresentadas de forma estereotipada e sem profundidade.
Os personagens principais não possuem camadas ou dilemas e, por consequência, não contam com a malícia para perceber que suas ações altruístas podem trazer mais malefícios que benefícios. Os ditos vilões são maus pelo simples fato de que vilões devem ser maus, chegando ao ponto de fazer um “discurso da vilania”, onde confessam todo o plano maléfico para o protagonista, como se fosse um personagem de desenho dos estúdios Hanna-Barbera.
Soluções simplistas
No sentido visual, a estética de Traffik: Liberdade Roubada é completamente televisiva. O filme parece um grande episódio de algum seriado, fazendo lembrar bastante a linguagem utilizada na série Empire. Não existe nada oculto, tudo é dito de forma melodramática. As soluções são simplistas e o clichê corre solto. Dean Taylor vem da publicidade e tem diversos trabalhos em seu currículo, porém nenhum de grande expressão. Seu perfil no site IMDB o descreve como gênio, gerador de ideias e alguém fora da caixa”. Mas seu trabalho mostra justamente o contrário.
Traffik: Liberdade Roubada é raso, tendencioso, panfletário e mal dirigido.Além disso, chama a atenção que o discurso do filme, que tenta ser empoderador, por possuir uma protagonista feminina, abusa de planos que exploram o corpo da mesma de forma bastante machista. É um filme que não sustenta o discurso que quer criar. Está mais para TV dos anos 80 do que cinema do século XXI. E o IMDB precisa rever seus conceitos.