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Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal – Sedução macabra!

Bem recebido no Festival de Sundance, Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal chega aos cinemas brasileiros

Ficar marcado por um personagem é um risco para qualquer ator. Figuras históricas ou personalidades insólitas costumam atrair intérpretes pela riqueza da preparação e resultam, muitas vezes, em prêmios. O diretor Joe Belinger, responsável pela série Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy, procurava alguém interessado em sair do lugar comum para protagonizar a versão fictícia em longa-metragem da história do famoso assassino e estuprador. O anúncio da escolha de Zac Efron (de Baywatch:S.O.S Malibu) fez muita gente torcer o nariz. Aos que fizeram parte deste grupo, informo que o eterno mocinho de High School Musical é a alma de Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile), que chega aos cinemas brasileiros após uma recepção acalorada no Festival de Sundance. E pode ser o primeiro dos bons personagens do jovem ator.

Ted Bundy: A irresistível face do mal

Diferente de outros longas sobre assassinos em série, o filme de Belinger tem seu foco em Liz Kendall (Lily Collins, de Simplesmente Acontece), que manteve um relacionamento com Ted Bundy durante os anos 70, período onde ele realizou seus crimes bárbaros. Mesmo sendo o fio condutor da trama, a personagem também carrega outra função: a de vivenciar junto com o espectador a sedução de Bundy. Caso quem assista ao filme não tenha conhecimento nenhum sobre o caso, o efeito hipnótico é ainda maior.

Como outros psicopatas famosos, Ted Bundy tem um charme infalível. É por conta dele que Liz, uma mãe solo em busca de um novo relacionamento, acaba abrindo as portas de sua casa para ele. Quem resistiria a um cara que ajuda a cuidar de sua filha e ainda tem um elogio sempre pronto para causar sorrisos? Até a mais traumatizada das mulheres iria ceder. Só que Liz entra em parafuso quando seu amado Ted começa a entrar e sair da cadeia por conta de acusações que tornam-se mais assustadoras a cada prisão. Sequestro, assassinato, estupro, tortura. Sempre contra mulheres. Como pode o namorado perfeito ser suspeito de coisas assim?

As alegações de inocência de Ted Bundy não são intensas à toa. A escolha de Zac Efron é certeira por seu jeito galanteador já ser conhecido nas telas. Quando faz cara de anjo, fica difícil acreditar que aqueles olhos azuis testemunharam barbaridades sem um pingo de remorso. É na força dos olhares, aliás, que Belinger guia sua direção de atores. Lily Collins mostra maturidade e segurança nas várias fases de sua personagem, em especial na conversa final travada com Bundy. Cena essa que vale o ingresso não apenas pela montagem bem feita, mas por conter dois jovens atores dando o melhor de si e construindo o suspense na base do diálogo e dos gestos.

Ted Bundy: A irresistível face do mal

Anos 70 sangrentos

Na parte técnica, o que mais chama a atenção em Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal é a direção de arte e a fotografia em tons amarelados. A reconstituição da década de 70 não tem nada de caricata e usa a trilha sonora como auxiliar na passagem de tempo. Trilha que abrange do rock bonitinho do Lovin’ Spoonful a incrível canção Lucky Man, de Emerson Lake and Palmer para dar o tom da jornada de um homem que parece mentir até para si próprio. Zac Efron é sutil até quando altera o tom de voz nos poucos, mas significativos, momentos de explosão do protagonista.

As breves participações de Jim Parsons (o eterno Sheldon de The Big Bang Theory) e John Malcovich não são nenhuma maravilha, mas seus nomes em um cartaz de divulgação parecem necessários quando se aposta em um ator principal que, como já dito, ainda causa aversão por parte do público. Só que é justamente ele que toma a trama para si e com um possível apoio da direção.

Ted Bundy: A irresistível face do mal

A já citada sedução de Ted Bundy permeia toda a produção, como se Belinger, depois de ter estudado cada fita com entrevistas e o próprio julgamento de seu personagem central para seu documentário, quisesse deixar claro o fascínio provocado por ele nas mulheres, que torcem por ele no banco dos réus como se fosse um rockstar. Como entender que garotas afirmem amar um homem que matou com requintes de crueldade mais de uma dezena de mulheres? A retórica e as lágrimas de Zac Efron podem ser a resposta. Belinger parece ter guiado o ator para seduzir o público antes de qualquer outra coisa. E ele consegue.

Lançado na plataforma streaming Netflix nos Estados Unidos, Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal chega aos cinemas brasileiros e o público deveria aplaudir essa decisão. Na tela grande a potência do filme é ainda maior e permite que mergulhemos mais ainda no primeiro julgamento transmitido pela TV americana. Aliás, algumas reportagens reais sobre o caso aparecem no filme, mas até delas se pode duvidar diante do poder de Ted Bundy e de seu intérprete na ficção. Carregamos a mesma culpa de Liz durante toda a projeção. Parece sempre existir um pingo de encanto pelo monstro na nossa frente. Quer medo maior que esse?

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