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Star Wars: Os Últimos Jedi – Bem ou mal, surpreende…

Star Wars: Os Últimos Jedi vem com a responsabilidade de mostrar algo diferente!

A saga espacial criada por George Lucas já se tornou uma marca há muito tempo. O nome está estampado em inúmeros livros, quadrinhos, animações, games, camisetas e até chinelos e band-aids. Com um número quase incalculável de consumidores, é difícil para os cinéfilos mais realistas não sentirem algum temor pelas continuações da saga, que sempre têm uma bilheteria garantida independente do que seja feito. Ainda mais quando surgem inúmeras especulações e teorias, como foi o caso de Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi).

(Confira nosso Formiga na Cabine sobre o filme)

Crítica de Star Wars: Os Últimos Jedi

Star Wars: Os Últimos Jedi

O retorno aos cinemas com J. J. Abrams em O Despertar da Força teve seus méritos, também comentados em nosso podcast sobre o filme. No entanto, por conta de sua estrutura quase idêntica ao primeiro filme da franquia, Uma Nova Esperança, ficou a dúvida se a inovação iria se restringir apenas aos spin-offs, como foi o caso de Rogue One: Uma História Star Wars (também tema do podcast), enquanto a trama principal continuaria sendo uma “cópia” atualizada dos filmes clássicos. Será que o diretor e roteirista Rian Johnson conseguiu dar continuidade à saga com qualidade e surpresas?

Roteiro desequilibrado, mas, ainda assim, surpreendente

Star Wars: Os Últimos Jedi, se inicia imediatamente após os eventos do filme anterior, acompanhando Rey (Daisy Ridley) buscando compreender o caminho da Força com o recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) enquanto a Primeira Ordem se reorganiza para enfrentar a Aliança.

Se você, caro leitor, esperava que o filme apresentasse uma estrutura diferente do convencional para a saga, pode comemorar. O oitavo episódio da franquia toma algumas liberdades maiores em termos de desenvolvimento da história que, com certeza, vão surpreender – para o bem ou para o mal. Por isso, caso ainda não tenha assistido ao filme, fuja de spoilers.

A narrativa foca no desenvolvimento de três personagens. São eles Luke, Rey e Kylo Ren. Os demais, que nos foram apresentados no filme anterior, como Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac), mesmo tendo muitas cenas e tempo de tela, não possuem uma real evolução – principalmente no caso de Finn-, algo que compromete um bocado nosso envolvimento com eles.

Crítica de Star Wars: Os Últimos Jedi

A jornada de Rey continua exatamente de onde o filme anterior terminou.

No caso do trio em foco, temos idéias e viradas muito boas, mas, infelizmente, o roteiro e a construção das cenas não valorizam todo seu impacto. Nesse sentido, até mesmo a direção de atores acaba realizando um trabalho fraco, em que as intensidades nas reações desses personagens permanecem quase sempre no mesmo tom extremo desde o início, fazendo com que momentos mais dramáticos percam potencial, pois tal intensidade já foi vista anteriormente.

O roteiro também apresenta duas falhas gerais. Uma é a inserção de subtramas desnecessárias. Há diversas cenas que, além de não movimentarem a história para frente, sequer desenvolvem os personagens participantes. A outra é o excesso de conveniências (os famosos Deus Ex Machina) que acontecem ao longo do filme. Com certeza, são pontos que poderiam ter sido melhor trabalhados para dar ainda mais força ao que o roteiro realmente tem de especial, que é a coragem de tomar alguns rumos inesperados.

Tirando seu spin-off, Rogue One, a saga sempre assumiu seu maniqueísmo. Em todos os filmes, até então, sempre nos foram apresentados personagens que, claramente tinham um posicionamento para o extremo do Bem ou do Mal. Os Últimos Jedi acrescenta alguns tons mais cinzentos, tornando a relação entre os personagens e a própria mitologia em torno dos Jedi muito mais interessante.

Como dito anteriormente, as reviravoltas na trama vão surpreender cada espectador de uma forma diferente. Uns vão amar, enquanto outros podem desgostar. Particularmente, muitas decisões tomadas me soaram equivocadas. Todavia, a experiência de ser pego de surpresa em um blockbuster dessa magnitude é muito bem vinda e merece elogio pela coragem. Mesmo sem gostar de alguns caminhos que a trama seguiu, foi um incômodo muito mais agradável do que se tivesse presenciado algo mais “aceitável”, porém convencional.

Crítica de Star Wars: Os Últimos Jedi

Finn, um personagem mal aproveitado neste novo episódio.

Ótima técnica, mas falta força na linguagem

No geral, a direção de Rian Johnson é competente. As cenas de batalha aérea são muito bem coreografadas e empolgantes. Não superam a dos outros filmes, mas consegue fazer o olhar do espectador passear pela tela grande do cinema degustando cada momento, ricamente preenchido por uma sonoplastia extremamente envolvente.

O que falta em Johnson, e que tínhamos em J. J. Abrams, é justamente saber usar a linguagem cinematográfica a seu favor para contar algo a mais. O diretor se apoia demais nos diálogos para transmitir as emoções e conflitos internos de seus personagens, fazendo um filme muito verborrágico. A câmera nos conta a história de maneira muito explícita, sem deixar nada implícito com ângulos ou movimentos que poderiam falar muito mais que uma linha de diálogo. Algo que, principalmente, os episódios V, VI e VII fizeram muito bem.

A fotografia do filme, no quesito cores e iluminação, é deslumbrante. A estética de como tudo é registrado é um deleite visual. Mesmo que falte um propósito narrativo à maioria de suas cenas, algo que seria perfeito narrativamente, visto que este episódio fala muito do equilíbrio entre o Lado Sombrio e a Luz, não chega a incomodar.

Crítica de Star Wars: Os Últimos Jedi

Faz a alegria da plateia quando o assunto é ação!

A montagem é inimiga da condução

Mesmo com as falhas já mencionadas no roteiro, a montagem acaba por ser a grande inimiga do ritmo do filme. Existem cenas que se estendem muito além do necessário através de montagens paralelas, sem necessidade alguma. Determinado acontecimento é interrompido e retomado por pelo menos cinco vezes, sem ter seu status quo alterado. Isso não só torna o filme desnecessariamente arrastado em sua longa duração (152 minutos), como também diminui agressivamente a tensão.

Até mesmo em cenas menores, é notável a falta de esmero em lapidar melhor alguns diálogos e, inclusive, situar o espectador de um plano a outro.

Agora só nos resta esperar

Star Wars: Os Últimos Jedi consegue entreter, e muito, seu público.  Com certeza, muitos vão ovacionar, já outros podem ficar desgostosos com alguns eventos. É um filme corajoso e que decidiu encontrar seu caminho sem acomodar-se na fórmula já testada. Um esforço maior na direção, uma atenção maior nas motivações e uma montagem mais cuidadosa, com certeza, colocariam o filme em outro nível. Entretanto, felizmente, quando termina, é inevitável ficar ansioso para o próximo episódio.

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