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Sobre Viagens e Amores – Mais um filme sobre juventude!

Sobre Viagens e Amores é até simpático, mas esquecível ao final

O diretor italiano Gabriele Muccino chamou a atenção com o sua estreia, O Último Beijo, e ficou mais conhecido com À Procura da Felicidade, com ambos saindo-se bem em termos de público e crítica. Mas os filmes seguintes do diretor (Sete Vidas, Um Bom Partido e Pais e Filhas) mostravam que tinha adquirido um gosto por melodramas e havia se rendido a fórmulas hollywoodianas. Não que Sobre Viagens e Amores (L’estate Odosso) seja uma obra de arte que mostra que Muccino é um gênio, mas é eficiente em sua proposta, mesmo que seja bem problemático.

Sobre Viagens e Amores, de Gabrielle Muccino

Sobre Viagens e Amores

O longa conta a história do jovem italiano Marco (Branco Paccito), que mora em Roma e sente que sua vida não tem sentido. Após sofrer um acidente e ganhar uma indenização, Marco decide ir para os Estados Unidos para passar o verão. Com a ajuda de um amigo, ele consegue um lugar para ficar e descobre que terá como companheira de viagem Maria (Matilda Lutz), uma colega de escola a qual odeia. Quando chegam a São Francisco, ambos descobrem que serão hóspedes de um casal gay, Matt (Taylor Frey) e Paul (Joseph Haro). Mesmo após o choque no inicio, a turma começa a se dar bem e terão um verão inesquecível.

Se a sinopse indica clichês, sinto informar que é exatamente isso na prática. Além do longa ter vários desses, um dos principais problemas está na sua obviedade. Desde o começo, tudo é muito previsível: Marco e Maria se odeiam, mas vão mudar de opinião a respeito de cada um; a moça é conservadora, mas vai começar a ter a mente mais aberta; Marco vai achar um sentido na vida; todo o grupo vai atrás de seus sonhos, etc… Por mais que Muccino – que assina o roteiro junto com Dale Nall – assuma essa característica do filme de forma honesta, merecendo respeito por essa decisão, acaba frustrando o espectador que vai percebendo onde vai terminar essa história, como no recente francês Insubstituível.

Sobre Viagens e Amores, de Gabrielle Muccino

Outro ponto fraco no roteiro está nas “discussões” que ele levanta. São debates com temas importantes como homossexualidade, descoberta sexual e conservadorismo, mas todas são mal argumentadas e morrem em lugares-comuns. Como a própria homofobia de Maria, que diz que Matt e Paul são patéticos e anormais, mas, na cena seguinte, parece que aceitou o casal de uma hora para outra. Não há um desenvolvimento claro sobre as questões estabelecidas pelo texto. Além disso, em alguns momentos, ele parece simplesmente evitá-las, para que o tom não fique mais sério. Isso acaba prejudicando o conjunto, porque percebe-se como Muccino quis deixar o seu filme açucarado.

Uma boa química valoriza atuações

Em geral, o elenco de Sobre Viagens e Amores é irregular. Quando sozinhos, não dão conta das cenas mais dramáticas, com exceção de Joseph Haro. Branco Paccito e Taylor Frey não tem um grande alcance dramático e falta carisma em ambos os atores, enquanto a jovem Matilda Lutz mostra talento em algumas cenas, mas ainda é imatura como profissional. Porém, quando os quatro estão juntos em cena, demonstram uma química muito interessante. Parece que tiram o melhor de seus companheiros e sentimos que há um sentimento genuíno de felicidade, junto com alguns diálogos bem escritos.

Sobre Viagens e Amores, de Gabrielle Muccino

A condução de Gabriele Muccino se mostra inspirada em alguns momentos, mas no geral é preguiçosa. Junto com o seu diretor de fotografia, Paolo Caimi, o cineasta só se mostra interessado em criar planos que parecem cartões postais de São Francisco, Roma, Nova Iorque e Havana (uma característica irritante presente também no alemão Amnésia). Há poucas imagens inspiradas durante a projeção, além do seu uso de planos-sequencias sem qualquer critério narrativo. Na direção de atores, ele se sai um pouco melhor por criar essa química entre os protagonistas.

A sensação final de Sobre Viagens e Amores é de ser apenas um filme correto e com uma boa mensagem. Mas quanto mais se pensa sobre ele, mais evidentes ficam os seus defeitos. E isso não é bom, seja qual for o filme.

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