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Roteiro capenga estraga AS TARTARUGAS NINJA (Estreia em 14/08/2014)

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São poucos os que entrarão na sala de cinema com grandes expectativas sobre As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, 2014). O anúncio de que os clássicos personagens dos quadrinhos e dos desenhos animados dos anos 1980 seriam revividos pelas mãos do abobalhado (mas endinheirado) diretor Jonathan Liebesman e com o megalomaníaco Micheal Bay na produção, não animou muito quem teve a infância e adolescência brindada pelas aventuras dos heróis cascudos, mas ainda assim não deixou de provocar certa curiosidade nostálgica. Para os mais jovens, quem sabe uma promessa de diversão fácil em um blockbuster cheio de ação e figurinhas bizarramente interessantes, como visto na bem sucedida cine-série Transformers, também assinada por Bay. O resultado, no entanto, é decepcionante para todos esses públicos – exceto para as crianças, essas sim, o grande público do filme.

Na história, a cidade de Nova York está mergulhada em uma grande onda de violência. Uma misteriosa quadrilha conhecida apenas como Clã do Pé lidera uma série de roubos cometidos por métodos pouco ortodoxos. A intrépida repórter April O’Neil vê na sequência de crimes uma oportunidade de crescimento profissional e uma forma de se distanciar das enfadonhas matérias para as quais sempre é designada. Durante as investigações, a jornalista se depara com estranhos vigilantes noturnos que parecem ser os únicos capazes de enfrentar o perigoso clã, chefiado pelo obscuro Destruidor. Ao perceber que se tratam de tartarugas mutantes, April descobre uma série de ligações entre o próprio passado, os heróis e os bandidos, acabando por colocar a própria vida em risco.

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O roteiro, oco, se constrói em torno de uma trama fraquinha, em que esquetes de lutas e ação são colados sem muito compromisso com a verossimilhança. O enredo é superficial e acelerado, não permitindo espaço para nenhuma interpretação mais aprofundada de qualquer acontecimento em tela. O grande problema parece ser a dependência de sequências futuras e a má gestão de um filme feito exclusivamente para relançar uma marca e abrir uma nova franquia cinematográfica. A sensação é de que tudo será melhor explicado no próximo capítulo. Se vocês contam em reencontrar referências aos gibis, a desenhos ou a filmes anteriores, é melhor não esperar muita coisa. O filme quis inovar, mas acabou forçando a amizade em uma enxurrada de coincidências para noveleiro nenhum botar defeito. O ápice dos 100 minutos de produção está numa cena de perseguição na neve de perder o fôlego em um show de efeitos visuais que deixa no chinelo a tola e repleta de clichês sequência final.

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A propósito, Liebsman, Bay e companhia, mais uma vez, apostaram na apoteose dos efeitos especiais sobre enredo e características particulares dos personagens. Destruidor, um dos vilões mais saudosos do universo geek mais parece ter saído do planeta Cybertron do que de terras japonesas. Leonardo, Donatello, Rafael e Michelangelo até mantêm parte do carisma que celebrizaram nas décadas anteriores, mas a simpatia forçada não evolui para torna-los figuras envolventes. Na verdade, ninguém amadurece no filme, tornando as cenas emotivas deslocadas e chatas. Algumas piadas são de fato capazes de arrancar risadas da plateia, mas não a ponto de conquistar a torcida individual para esta ou aquela tartaruga, como acontecia nas produções de outrora. Mestre Splinter, de líder intelectual e físico passa a mera escada  narrativa.

No elenco, Megan Fox, como April, permanece linda como sempre, mas a beleza continua a ser a única coisa que ela tem a oferecer em suas performances.  Whoopi Goldberg, na pele da editora-chefe mal-humorada, frustra em figuração de luxo.  William Fichtner está canastrão em personagem que poderia contribuir muito mais se não fossem as limitações do roteiro infeliz. Em um casting tão limitado, o destaque fica para o divertido Will Arnett, como “o amigo engraçado da protagonista”, este sim, um poço de carisma.

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Por fim, a formatação digital escolhida para compor tanto as Tartarugas, quanto o Destruidor, chama mais atenção do que se poderia esperar de um filme com mais respeito ao espectador. O padrão Hulk dos quelônios contradiz com a personalidade infantilóide dos personagens e chega até a assustar num primeiro momento, afastando ainda mais qualquer associação nostálgica ou linha de afinidade. Um conselho é que esta é boa oportunidade para relembrar as produções do inicio dos anos 1990, sobretudo Tartarugas Ninja (Steve Barron, 1990) e Tartarugas Ninja II – O Segredo do Ozzie (Michael Pressman, 1991), dois filmes independentes que aos olhos da atualidade tornaram-se muito mais simpáticos e saudosos (Há um terceiro episódio que é melhor ser esquecido). Até os figurinos possivelmente risíveis se sobrepõem ao modelo digital do lançamento atual. Muito mais fiéis às histórias dos quadrinhos e à TV, os dois longas são extremamente queridos pelos fãs dos répteis. No entanto, vivemos na era do revival. Se você é fã de alguma coisa, aguarde: mais cedo ou mais tarde, o cinema trará uma prova de fogo até você.

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