Clement (Emmanuel Mouret) é um professor sensível e platonicamente apaixonado por Alicia (Virginie Efira), uma bela atriz de teatro. Mas coincidências fantásticas, que só uma comédia romântica pode providenciar, os une. Agora Clement poderia ser feliz, não fosse a entrada de Caprice (Anaïs Demoustier), uma linda e apaixonante jovem, em sua vida. Simples assim, esse é Romance à Francesa (Caprice, 2015).
A primeira vista, Emmanuel Mouret parece um Marcelo Adnet francês. E, levando em consideração as semelhanças entre o cinema brasileiro e o cinema francês, poderíamos imaginar que teríamos apenas uma comédia a mais no estilo da nossa “Vênus platinada”. Mas as semelhanças acabam aí. Mouret assina roteiro e direção, além de ser o protagonista do filme, algo normal para ele. Quem lê essas informações pode imaginar que ele é o tipo “egoísta e centralizador” mas é outro engano. O ator cede espaço para outros darem seu recado em seu filme. Com um bom elenco, onde ninguém é tão excepcional e ninguém é tão fraco em suas atuações, os destaques ficam para a própria atuação minimalista do ator e a de Lourent Stocker, que interpreta o amigo Thomas. Mouret já está no ramo desde 1998 e teve seu melhor momento com A arte de amar (L’art d’aimer), de 2011, vencedor de melhor roteiro nos festivais de Hamburgo e Montreal.
Tecnicamente bem feito, Romance à Francesa não é primoroso, mas é um filme divertido e bem conduzido. Exatamente como o protagonista do filme. Clement tem vários elementos psicológicos que nos fazem ter empatia por ele. É um homem clássico que se envolve com duas mulheres lindas, quase resgatando uma linha romântica dos anos 40. O próprio filme tem um teor nostálgico, embalado pela trilha (que de tão presente chega a irritar um pouco) e pelos bons momentos cômicos, beirando ao pastelão.
Apesar de não apresentar nada muito original, tem um toque de modernidade na personagem de Caprice, intensa, moderna, sincera e jovial, algo que faz lembrar como o cinema francês gosta de uma “Amélie Poulain”, contrastando com a figura clássica de Alícia, uma Marilyn Monroe, encantadoramente francesa. Apesar disso, não é pretensioso e sabe se levar pouco a sério, mas vai ganhando certa profundidade da metade para frente, quando os conflitos deixam de ser tão “bobinhos”.
O filme chega a tocar ligeiramente em questões psicológicas mais sérias, mas com bastante leveza, apenas para despertar a discussão, mas não o suficiente para afastar o público médio. Além disso, tem um final corajoso que faz com que lembremos no final que, afinal de contas, é um filme francês.
Uma boa pedida para assistir com namorados ou namoradas, mas não chega a impressionar como obra de cinema. É um bem feito “arroz com feijão”, mas com um leve tempero francês.