Animação + Disney + grupo de super-heróis… Já ficou fácil lembrar de Os Incríveis nesta mistura, mesmo faltando o ingrediente Pixar. Ao invés dele, vamos adicionar Marvel, mesmo sendo algo vagamente baseado em personagens (desconhecidos) da editora. Beleza! No resultado temos algo tão bom quanto aquela animação da família super-heroica , lançada em 2004? Não, não temos e o resultado está muito longe disso.
É complicado e inconveniente começar um texto já detonando um filme, baseado em uma comparação com um produto similar. Neste caso, abro uma exceção por um simples motivo; não tive como não lembrar de Os Incríveis, mesmo durante a projeção de Operação Big Hero (Big Hero 6). Principalmente pelo tema “super-heróis”, e a lembrança traz a percepção de que o primeiro tinha personagens mais ricos e motivações muito melhor trabalhadas que o outro. Isso importa tanto assim em um filme voltado para o público infantil? Não sei, portanto, fica ao seu critério responder, mas argumento que no caso da já citada Pixar, pelo menos até UP : Altas Aventuras, todos os filmes tiveram a capacidade de interessar a adultos. É justa a decepção com outros que vieram depois, já que o nível subiu, além disso, não são as crianças que leem resenhas na internet. Por último, tem a ver com Marvel, logo, uma pancada de marmanjos vai conferir por sua própria iniciativa.
Hiro Hamada é um garoto gênio, que desperdiça seu talento em disputas ilegais de robôs, semelhantes a rinhas de galo. Seu irmão mais velho, Tadashi, envolvido com pesquisa tecnológica, consegue despertar o interesse do menino para ingressar na academia de ciências onde estuda. Hiro, para ser aceito, terá que apresentar um projeto em uma feira e com isso impressionar o diretor. Nada muito difícil para ele. A virada acontece com um acidente durante o evento e o aparecimento de um vilão mascarado, inexplicavelmente utilizando seu invento.
Ajudado pelo grupo de amigos da academia, mais o divertido – e protagonista de algumas boas tiradas – robô médico inflável Baymax, Hiro cria uma equipe de heróis com equipamentos especiais criados para cada um dos integrantes. Não existe muito mais desenvolvimento a partir disso, e a história se perde em desculpas para cenas de ação – competentes, é preciso admitir – e detalhes que convenientemente são deixados de lado, além de preparar surpresas que já ficam bastante óbvias séculos antes de acontecerem.
No meio de tanta coisa sem graça, chama atenção a bela animação 3D – só a animação, porque a projeção em 3D não acrescenta nada – cuja técnica melhora a cada dia. Em Operação Big Hero, o cuidado com as texturas, cabelos, luz e outros detalhes mais evidentes é visível e realmente merece elogios. Outro ponto bastante interessante é a ambientação do longa. Misturando San Francisco com Tokyo, em uma cidade batizada de San Fransokyo, todos os cenários externos são de encher os olhos e um belo complemento durante as cenas de ação.
Uma pena que no final, a excelência técnica da animação Operação Big Hero traga consigo aquela sensação de que não fizeram mais que a obrigação, sendo um filme com a marca Disney. Talvez ainda interesse mesmo aos fãs da Marvel, nem que seja para os mais cabeçudos e enciclopédicos conferirem o tanto que a animação se afastou da sua fonte nas HQ’s. Não que isso seja um problema real – para mim não é – mas pelo menos gera algum assunto sobre um produto sobre o qual não sobrou muito o que falar.
Se serve de consolo, a participação de Stan Lee é bem divertida!
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