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O Mago Das Mentiras – A pirâmide Ponzi de Bernie Madoff!

O Mago Das Mentiras conta a história de Bernie Madoff

Bernie Madoff, o criador da NASDAQ e um dos executivos mais respeitados de Wall Street, foi preso em dezembro de 2008 depois de ter sido o responsável pelo maior caso de “pirâmide Ponzi” da história (essa fraude consiste em pagar altos valores para investidores à custa do dinheiro pago por investidores posteriores, sem que tenha existido uma fonte real de receita no meio). A sua ação, ignorada pela família e os parceiros de negócio, trouxe consequências devastadoras a todos que estavam ao seu redor. Na época, o questionamento que as pessoas se faziam era “por que ele fez isso”? O filme O Mago Das Mentiras (The Wizard Of Lies) é uma tentativa de responder a essa pergunta.

Crítica de O Mago das Mentiras, da HBO.

O Mago das Mentiras conta a história de Bernie Maddof, autor de uma das maiores fraudes da História!

Dirigido por Barry Levinson (o último projeto do diretor foi Rock em Cabul) e protagonizado por Robert De Niro (visto recentemente em Joy: O Nome Do Sucesso), o longa é um típico filme da HBO: correto, informativo e eficiente. A emissora parece também estar se especializando em filmes cuja temática tenha muito mais apelo dentro dos Estados Unidos do que internacionalmente. Basta nos lembrarmos de Contagem e Virada no Jogo para corroborarmos esse diagnóstico.

No entanto, isso não significa que O Mago Das Mentiras não tenha nada que possa interessar a nós, brasileiros, ou qualquer outro tipo de público que não seja o norte americano. Afinal de contas, por mais que aborde assuntos relacionados a Wall Street e ao mercado financeiro dos Estados Unidos, o longa está muito mais engajado na psicologia de Bernie e nos motivos que o levaram a fazer o que fez. E apesar de, ao final, não chegar a uma resposta conclusiva, o filme leva o espectador a uma jornada fascinante pelos desvios mentais de um dos personagens reais mais marcantes dos últimos anos.

Para o leitor ter uma ideia do quão fascinante pode ser essa jornada, o jornal New York Times chegou a comparar Bernie Madoff a Ted Bundy. Mas, aos que assistirem ao filme, não ficará assim tão claro que o executivo era uma espécie de sociopata. Pois, sociopatas não têm um senso moral do que é certo e errado. E Bernie, embora tenha desgraçado a vida de várias pessoas, sabia que a sua ação tinha sido criminosa . Isso fica evidente na forma como confessa a fraude, aceita pacificamente a prisão e as adversidades que vão surgindo no caminho.

Crítica de O Mago das Mentiras, da HBO.

Ao que tudo indica, deve ter sido mesmo um caso de ganância. Vendo a facilidade com que podia iludir os outros e fazê-los se sentir bem (é importante lembrar que ele pagava altos valores aos seus clientes), Madoff enxergou uma maneira mais fácil de enriquecer e, quando percebeu o que tinha feito, era tarde demais. O crime foi se transformando em uma bola de neve, e os filhos, que não tinham nenhuma relação com o que ele fazia, estavam indiretamente ligados. Um erro inicial acabou se tornando em algo muito mais complexo.

É claro que algumas características da personalidade de Bernie o transformavam em um ser não muito agradável. Demasiadamente competitivo, duro com os familiares e por vezes inconveniente (tinha o hábito de apalpar algumas mulheres), ele não era um sujeito com quem era fácil de conviver. Mas, daí não dá para concluir necessariamente que era uma pessoa ruim. Aliás, certos comportamentos positivos, como a fidelidade à esposa e o desejo de agradar as pessoas (embora ele tenha levado esta última característica longe demais) servem para mostrar como ele era um homem passível de empatia. No fim, à pergunta “por que Bernie cometeu essa fraude”, adiciona-se o seguinte questionamento: “ele era ou não uma boa pessoa”? As pistas são dadas para que cada espectador chegue às próprias conclusões.

Barry Levinson em boa forma

Tecnicamente, o filme é comandado com bastante segurança por Barry Levinson. Em determinados momentos, o diretor, talvez para dar ao longa uma vivacidade que é desnecessária (a história é suficientemente interessante para envolver o espectador), exagera na composição das cenas, como aquelas em que ele intercala as tratativas de negócio de Bernie com imagens de uma baterista fazendo um solo e outra na qual vemos um de seus filhos, interpretado pelo talentoso Alessandro Nivola, falando ao telefone e, numa montagem paralela, abrindo e fechando a persiana (o que é uma indicação da insanidade que está tomando conta do personagem), mas, na maior parte do tempo, o experiente cineasta faz o filme andar sem percalços no meio do caminho.

Crítica de O Mago das Mentiras, da HBO.

No que diz respeito à fotografia, Eigil Bryld acerta ao investir em uma fotografia escura, com tons cinzentos e azulados, ao colocar os personagens constantemente sob sombras (percebam como tanto Bernie quanto a sua esposa, que é interpretada por Michelle Pfeiffer, estão sempre imersos na escuridão) e na sutileza de alguns momentos. É interessante notar como a força interior de Andrew, o outro filho do protagonista e que é encarnado pelo ator Nathan Darrow, é indicada pelo fato de que ele é apresentado antes do seu irmão, que é fraco e muito mais suscetível à crise. Já as atuações de Robert De Niro e Michelle Pfeiffer fazem jus ao trabalho que esperamos dessa talentosa dupla de intérpretes.

Historicamente relevante e importante para entender um pouco do mundo em que vivemos atualmente, O Mago Das Mentiras é um rico estudo sobre a psicologia de um homem que esteve envolvido em um dos maiores escândalos financeiros do século XXI. É um filme que merece ser conferido por aqueles que se importam com realidade externas e por todos que gostam de Cinema bem realizado. Aos interessados, o filme será exibido neste próximo sábado (20/05), às 22:00hrs, no canal HBO. Não percam!

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