Seguindo uma das modas hollywoodianas do momento, Maze Runner: Correr ou Morrer é adaptação do primeiro livro de uma série escrita por James Darshner. Como seus similares concorrentes – Jogos Vorazes, Divergente ou algum outro que não me lembro agora –evidentemente é voltado ao público adolescente, mas claro que vez por outra aparecem realizadores que percebem que é possível atingir outras faixas etárias fora do público-alvo. A Pixar que o diga!
Não que Maze Runner tenha tanto apelo assim, mas está muito longe de ser ruim. O roteiro teve três pessoas envolvidas, Noah Oppenheim, Grant Pierce Myers e T.S. Nowlin, todos iniciantes na função, e a direção ficou a cargo de Wes Ball, com apenas três créditos anteriores no comando de curtas-metragens. Não é a primeira vez que observo isso em filmes recentes, o que deixa a impressão de que o cinemão realmente está com falta de mão de obra, e deixo claro que não é um questionamento sobre a capacidade da equipe, e sim um fato curioso em uma indústria que pretende arriscar- se o mínimo possível. Deixando esse detalhe de lado, o filme acerta ao jogar o espectador direto em uma situação de desorientação, com o protagonista Thomas (Dylan O’Brien, da série Teen Wolf) chegando – desmemoriado como todos antes dele – a uma área verde cercada por um labirinto. Ali sobrevive uma sociedade de jovens do sexo masculino, que aprendeu a aceitar sua condição, dividindo os grupos por funções, sendo a dos corredores a mais valorizada.
Responsáveis por mapear o labirinto durante os horários diários em que os portões se abrem, eles tem como verdade – assim como todos os outros – que ninguém sobrevive ali depois que os portões se fecham. Já deu para sentir que o recém-chegado veio para chacoalhar as coisas e provar que nem tudo é o que parece, não? É exatamente isso, com toda aquela história de uma espécie de escolhido que vai inspirar um grupo dominado pelo marasmo, duvidar da sua missão em algum momento e, no fim, recuperar sua auto-confiança e seguir em frente. Exatamente o que você já viu em milhares de outros. O ponto positivo é que, se levarmos em consideração o público que Maze Runner se propõe a atingir, percebemos que o filme tem a virtude de levantar algumas questões para os mais jovens, como a audácia de ir contra o conformismo em uma sociedade massificada. Como faz parte da jornada, Thomas terá que lidar até mesmo com a resistência de quem prefere a (falsa) segurança da servidão à ousadia de tentar algo diferente. A clássica jornada do herói, em uma mensagem simples e direta para a molecada.
Contando pontos a seu favor, o ritmo do filme se sustenta sem escorregar, mesmo dentro de uma estrutura em que se espera, a qualquer momento, uma explicação ou reviravolta. Isso é um conforto para um público mais velho que eventualmente o assista, pois também não terá sua paciência testada, nem sua inteligência subestimada. Caso haja algum receio de que o filme termine mantendo o público que não leu o livro totalmente no escuro, a boa notícia é que as perguntas são respondidas… em parte, claro, já que se trata de uma trilogia. De qualquer forma, nada que se compare a algumas séries de TV picaretas por aí.
Maze Runner: Correr ou Morrer não vai mudar a vida de ninguém, adolescente ou adulto, mas dá o seu recado sem tentar ser mais do que realmente é. Direto e enxuto, vai divertir seu público, mas também poderia render uma discussão sobre o mito da Caverna de Platão em uma sala de aula do ensino médio. Fica a dica para os educadores.
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