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A Lenda de Tarzan – Passeio na selva!

A Lenda de Tarzan foi comentado no Formiga na Cabine!

A Lenda de Tarzan

A criação mais famosa de Edgar Rice Burroughs de volta ao cinema, em uma tentativa declarada de iniciar mais uma franquia de sucesso. Nada contra esse tipo de intenção por trás da iniciativa, desde que o conjunto funcione. A partir de uma premissa interessante, A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan) aposta em reapresentar o homem-macaco em uma situação diferente para um público que já está careca de saber quem ele é, ignorando o estilo tradicional de “filme de origem”, que é sempre complicado de se realizar e… Bem, mais ou menos, porém esse é um tópico que abordaremos no momento certo.

Temos aqui o protagonista (Alexander Skarsgård) vivendo em Londres há oito anos, ostentando seu nome de família, John Clayton, casado com Jane (Margot Robbie) e feliz nessas condições. Enquanto isso, a coroa belga procura de todas as formas saldar suas dívidas através da extração de diamantes no Congo, tarefa a cargo de Leon Rom (Christoph Waltz), apresentado de cara como o malvado do filme. Através de uma aliança com o chefe tribal Mbonga (Djimon Hounsou) ele terá acesso às pedras preciosas, desde que traga Tarzan de volta à África para que Mbonga se vingue dele por algo que o filme oculta até seu terço final. Uma tramoia convence o relutante ex-rei da selva a voltar, graças ao americano George Washington Williams (Samuel L. Jackson), bem intencionado e alheio ao estratagema que existe por trás da viagem.

A Lenda de Tarzan

Peças no tabuleiro e premissa posta, o filme começa bem e beneficia-se de seu elenco carismático, principalmente Margot Robbie, que, se ainda não se provou como atriz, confirma sua simpatia em cena. Skarsgård não tem um grande desafio interpretativo, claro, mas convence, apesar do visual malhado em academia que tem pouco a ver com personagem. Jackson e Waltz, apesar da competência comprovada, vão em ponto morto, mas seus personagens realmente não ajudam.

Dirigido por David Yates, responsável pelos quatro últimos exemplares da franquia Harry Potter, A Lenda de Tarzan não é um filme que ofenda o bom gosto ou a inteligência de cinéfilo algum. É até uma diversão aceitável, mas o diretor, além de uma escolha um tanto discutível para o comando da produção, se perde um pouco com um roteiro que não se desenvolve como poderia. Escrito pelos pouco expressivos Adam Cozad e Craig Brewer, o texto tem duas falhas evidentes em duas frentes. Uma delas é o tópico do “filme de origem” mencionado anteriormente, já que, ao contrário do que parecia nos trailers, a origem do personagem está sim presente no filme. Com uma montagem que lembra Batman Begins, a saga do bebê criado por gorilas é reapresentada inutilmente, com o agravante de travar a história principal toda vez que aparece. Exigência do estúdio? Será?

A Lenda de Tarzan

O personagem de Samuel L. Jackson também é um tanto descartável, já que sua função dentro da narrativa é apenas convencer Tarzan a viajar de volta à África, algo que poderia ser resolvido de outra forma. Lembrando que o ator é um nome forte da indústria, sua presença pode ser explicada como um arranjo para viabilizar a produção. O vilão da vez, na pele de Christoph Waltz, é tão pouco desenvolvido e unidimensional que mostra sua arma secreta logo no começo, deixando claro o que vai fazer, em algum momento, no confronto final com o herói. Aliás, a trama que ele constrói na aliança com Mbonga resolve-se de repente, como se nem precisasse de fato existir.

David Yates também parece não ter se entendido com seu diretor de fotografia, Henry Braham, do vindouro Guardiões da Galáxia Vol. 2.  O filme começa tem um tratamento de cores e um jogo de iluminação interessantes, que pareciam indicar pontos positivos. Tudo bem que os trechos isolados, mesmo com o uso de CGI, são muito bonitos, mas o filme não mantém uma identidade coesa neste aspecto, usando fotografias diferentes que não casam entre si. O uso de uma câmera lenta no estilo de Zack Snyder também não ajuda e é algo claramente imposto, já que os trailers precisam de cenas assim, segundo a lógica dos produtores.

A Lenda de Tarzan

Apesar de tudo isso e de um mal comum na Hollywood atual, que é a ausência de consequências mais sérias para alguns traumas físicos, algo que sacrifica a sensação de perigo que público poderia ter, A Lenda de Tarzan é um filme que não custa a passar, graças a uma duração modesta de 110 minutos. As paisagens das locações também agradam no fim das contas, mas é melhor nem tentarmos comparar com aquela animação do estúdio do Mickey.

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