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Joy: O Nome do Sucesso – David O. Russell fez de novo…

Joy

Incontestavelmente, trabalhar com David O. Russell foi uma das melhores coisas que aconteceram à carreira de Jennifer Lawrence. O início da parceria deu-se com O Lado Bom da Vida, lançado em 2012, que culminou com o Oscar de melhor atriz para a precoce garota. Tão incontestável quanto a qualidade de suas atuações é a necessidade de uma evolução por parte do diretor, fato que já era possível notar em Trapaça, de 2013, escancarando-se agora em Joy: O Nome do Sucesso (Joy).

A loira interpreta Joy Mangano, uma garota extremamente criativa desde a infância. Rodeada por uma família disfuncional, Joy acaba abrindo mão de diversas oportunidades que poderiam fazer com que ela tivesse um futuro muito mais estável do que o que viria a ter. Certo dia, tomada por um insight, a jovem inventa um esfregão que dentre tantas outras funcionalidades – coisa que a inventora gosta de reforçar por diversas vezes ao longo da projeção – consegue torcer e enxaguar-se sozinho com o auxílio de um mecanismo.

Joy

O ponto de maior notabilidade no trabalho de Russell é que ele não perdeu sua habilidade na condução dos atores, porém, assim como o esfregão de Joy, o trabalho de um cineasta tem inúmeras funcionalidades, e vai muito além de extrair grandes trabalhos dos atores, coisa que – reafirmo – é com feita eficácia aqui. O grande problema é que essa eficiência não estende-se por tudo que necessário, abrindo margem para contestarmos sua aptidão com a câmera de forma veemente. Joy, ainda no primeiro ato, diz uma frase muito emblemática para contextualizar seu momento: “Sinto-me presa à minha família”. Tal afirmação seria o suficiente para algum diretor com criatividade “brincar” com planos e enquadramentos, mas aqui não se tira proveito algum da situação. Aliás, burocrática seria a palavra perfeita para resumir a atitude dele com a câmera. Sem brilho, sem inventividade e sem risco.

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Se por um lado temos um diretor apático, por outro temos um elenco que salva-se, mas é importante fazer ressalvas, não em relação às atuações, mas com os próprios personagens em si. Lawrence, faz um trabalho muito bom, embora não o melhor de sua carreira. Sua capacidade de demonstrar seus sentimentos apenas com o olhar é louvável, e talvez seja ela a grande responsavel pela identificação do público com a personagem. Robert De Niro segue o mesmo padrão interpretando o pai de Joy, um homem completamente acomodado, responsável pelos momentos de alívio cômico -pelo menos no primeiro ato. Edgar Ramirez e Bradley Cooper tem atuações mais discretas. Longe de todo seu potencial, Cooper faz o que pode com o pouco material que lhe é oferecido, com Ramirez ainda conseguindo alguns momentos mais relevantes, mas nada engrandecedor.

Joy

O grande problema é a forma como esses personagens foram escritos. Existe uma escassez grande de identificação aqui, pois com exceção de Jackie (Dascha Polanco), todos em algum momento prejudicam a protagonista. Rudy (De Niro) e a madrasta Trudy (Isabella Rossellini) carregam consigo uma carga de boa vontade com Joy, mas conforme o filme estende-se seus comportamentos mudam, e – seja por vontade própria ou não – acabam por prejudicá-la. Se aqui o roteiro já falha aqui, ele extrapola ao retratar Terry (Virginia Madsen), mãe de Joy. Madsen não tem culpa, seu trabalho é consequencia do que lhe foi designado. Sem carisma algum, completamente apática e com um compartamento alienado, com toda certeza é ela o personagem de menor valor dramático e um dos responsáveis pelo fracasso do filme.

Joy

Fotografia e trilha sonora seguem caminhos opostos. Se a primeira cursa os mesmos trilhos do diretor, optando por, no máximo, uma leve mudança de cores e texturas entre os anos que se passam, a segunda segue as boas características dos filmes anteriores de Russel, nos conduzindo aos dramas da história de maneira vertical, com músicas conhecidas como I Feel Free, da banda Cream.

Joy: O Nome do Sucesso é um filme com uma história de superação bonita, porém nada excepcional e sem a sesação de algo novo. Sua protagonista, sim, é uma uma mulher admirável e inspiradora, que talvez devesse servir de exemplo para David O. Russell, para que ele mesmo possa reinventar-se. Que continue sabendo como lidar com atores, mas com um melhor desempenho em aspectos mais técnicos, claro.

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