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Ignorado pelo Oscar, O Ano Mais Violento precisa ser descoberto!

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Ainda sendo descoberto com mais vontade pelos cinéfilos, o jovem diretor e roteirista americano J. C. Chandor vem mostrando talento a cada nova empreitada no mundo da sétima arte. Isto é fato. O ótimo Margin Call de 2011, ambientado na tensa crise financeira dos EUA de 2008, e Até o Fim, filme intimista que deu a Robert Redford uma indicação ao Globo de Ouro em 2014 (já comentado AQUI no Formiga Elétrica), mostram que Chandor é um cineasta para ser acompanhado de perto. O Ano Mais Violento confirma isso e vai além…

O filme não deixa de ser um meio termo em relação aos seus dois trabalhos anteriores. As discussões quase frenéticas em Margin Call contrapõem a ausência de diálogos de seu filme seguinte, Até o Fim. Mais equilibrado, O Ano Mais Violento consegue alinhar momentos de silêncio a embates verbais afiados.

Essencialmente um drama, apesar do nome, não se trata de um filme violento. Na verdade, passa bem longe disso. O título remete ao ano de 1981, um dos mais brutais na história de Nova York, e na trama está o mundo de Abel (Oscar Issac), um imigrante bem sucedido e ambicioso que busca evoluir a posição de sua companhia na competitiva indústria de combustíveis. Juntamente com sua esposa (Jessica Chastain), responsável pelo departamento financeiro da empresa, tenta prosperar e investir nos negócios, mas ambos lidam com fatores externos e internos que brecam suas ambições.

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A princípio, existe a negociação de um espaço para o crescimento da empresa de Abel que, para tanto, necessita de um empréstimo bancário. Esta viabilização pode estar comprometida pelas possíveis ações ilícitas investigadas em sua companhia. Ao mesmo tempo, possivelmente um de seus concorrentes tem desviado ou roubado combustível de alguns de seus caminhões. Soma-se a isto, a pressão de sua esposa por segurança para a família.

A primeira dica é ter atenção redobrada. Não que a narrativa seja complexa ou não linear, mas as intersecções de assuntos dentro de uma mesma história correm o risco de confundir o espectador. Crime, corrupção, investigação e dilemas familiares se encontram dentro de um pano de fundo sombrio. O mais importante é que há equilíbrio nisso tudo e a conjunção destes acontecimentos é muito bem alinhada por um roteiro bem escrito. Chandor mostra que sabe construir e dar profundidade aos seus personagens, além de afinar diálogos como poucos. Nada parece ser por acaso. O simples atropelamento de um animal, por exemplo, tem seu significado definido.

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O trabalho na ambientação da época é impecável e o tom depressivo, visualizado pelas cores sóbrias empregadas, nos transportam sem exageros a atmosfera do inverno americano de 1981. A escolha do elenco principal é mais um acerto. Oscar Isaac, que esteve tão bem no último filme dos Irmãos Coen, Inside Llewyn Davies, impressiona com uma atuação ainda mais segura. Jessica Chastain (Interestelar e O Abrigo), prova mais uma vez que é ótima atriz e Albert Brooks, que talvez não tenha sido tão marcante quanto em Drive, dirigido por Nicolas Winding Refn, chama a atenção novamente.

Ainda sobre Oscar Isaac, seu personagem Abel é tão interessante (e bem interpretado) que às vezes fica difícil entender sua real dimensão ou sua motivação. Essa é até uma questão verbalizada no filme pelo personagem de Albert Brooks que faz uma pergunta a Abel neste sentido, sem resposta. Genro de um mafioso e acusado de fraude, o personagem é ambíguo e difícil de compreender o jogo que realmente joga. E essa ambiguidade não é exclusividade de Abel nesta história…

Enfim, após a rasgação de seda deste texto, em suma este é um trabalho excepcional, provocativo e ainda mais sólido de J. C. Chandor, comparado as suas realizações anteriores, que já dizem muito. Este jovem cineasta prova mais uma vez sua força neste seu terceiro longa e já é uma realidade. Basta prestarmos mais atenção no que ele tem a oferecer.

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